tag:blogger.com,1999:blog-389010152024-03-13T00:32:50.177-03:00O VORTEXSentimentalismos, musicas, contos, crônicas e todo tipo de coisa e detalhe que poderia passar desapercebido.Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.comBlogger130125tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-66969874701738964022015-12-20T03:46:00.005-02:002015-12-20T03:46:52.971-02:00Sobre o monologo irreal<div style="text-align: justify;">
Durante o dia devo criar em média uns mil e quinhentos textos diferentes em minha cabeça.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ao longo do dia esqueço um por um, metodicamente, como se nada tivesse acontecido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ai chega o dia em que encontro alguém para discutir, filosofar, argumentar sobre assuntos diversos de forma agressiva até, e me deparo com algo estranho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como pode alguém que argumenta, que pensa e forma uma ideia "x" querer a todo custo expor sua ideia e não escutar nada do que o outro tem a dizer? Como lapidar sua própria certeza sem colocar a prova sua ideia escutando o que outras pessoas tem a falar sobre o caso?</div>
<div style="text-align: justify;">
Respeito a ideia de cada ser humano, ainda que não seja a mesma que a minha, que não a aceite, e ao escutar pela primeira vez tento não julgar o que me é dito exatamente para não avaliar precipitadamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas e quando alguém impõe o que pensa de tal maneira a ir contra qualquer coisa que você diga, inclusive insistindo em um monologo pré montado, bloqueando até qualquer tipo de resposta por não aceitar ser interrompido?</div>
<div style="text-align: justify;">
Não sou extremista, nunca gostei de extremismos por não acreditar que eles forneçam uma ideia fiel a realidade, mas sim algo viciado pela opinião própria e fatos corrompidos. Sempre acreditei que exista casos e casos e que tudo deve ser avaliado de forma neutra e exclusiva, pois, para mim, a vontade humana de fazer o bem ou o mal não se pode ser colocada em uma tabela com uma média, mas sim vista sob o aspecto particular de cada indivíduo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ou seja, antes de julgar o ocorrido, entenda a história, compreenda o que aconteceu, e conheça quem participou, um por um. Só assim é possível ter uma ideia mais próxima do ocorrido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Exemplo? Acreditar que pessoas pobres são segregadas pelo meio em que vivem, pelo capitalismo ou por qualquer outra força externa me parece pouco provável, já que cada um é dono de si mesmo e pode guiar seus passos muito bem a partir do momento em que tem plena noção do que se está fazendo, e hoje em dia, me corrijam se eu estiver errado, acontece muito cedo, ou pelo menos muito mais cedo do que quando eu tinha 15 anos, anda que exista a necessidade de se estudar caso a caso.</div>
<div style="text-align: justify;">
O fato é que todos podemos aprender, ganhar mais conhecimento e mudar nosso mundo particular, indiferente do meio em que vivemos ou da forma que fomos criados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Cada um tem poder sobre seu próprio destino e sobre o que quer fazer a seguir.</div>
<div style="text-align: justify;">
Existem milhares de atenuantes e problemáticas, já que estamos sempre suscetíveis as vontades de terceiros ou a acasos fora de nosso controle, mas inevitavelmente todos iremos viver até onde for possível, e essa é uma escolha particular, uma vontade própria, um ato deliberado de uso do pensamento individual para seguir em frente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Então não me venha com essa história de que não temos poder sobre nossas vidas, de que não tenho forças para alcançar níveis maiores ou ser alguém melhor ou com mais recursos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Só mexendo com meu livre arbítrio pra me fazer escrever assim mesmo...</div>
Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-56396482460446805922015-10-20T01:19:00.001-02:002015-10-20T01:19:34.716-02:00Velho amigo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.miluzinha.com/wp-content/uploads/2009/12/martim-moniz_lisboa.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://www.miluzinha.com/wp-content/uploads/2009/12/martim-moniz_lisboa.jpg" height="273" width="320" /></a></div>
Então é nisso que nos tornamos, meu bom amigo?<br />
Era nisso que estivemos pensando nas noites em que, sentados pelos bares da cidade, observávamos o movimento, o ir e vir da modernidade? Era disso que falávamos entre um gole e outro de cerveja e a incerteza que vinha ao amanhecer?<br />
Lixos insones que eramos, acreditando em um mundo terrivelmente poético, diluído no fundo do copo de cachaça.<br />
A poesia só existe para os que transformam a realidade em nuvens espessas, podendo atravessar por ela incólume, sem se preocupar que dissolva em suas mãos algo impossível de segurar ou guardar, que na pele só deixa o frio do contato e uma vaga lembrança, nada mais.<br />
Não sei sobre sua realidade, se senta no sofá da sala para beber e escutar a nostalgia assoviando velhas canções, se afaga o cachorro fiel que lhe caga no tapete uma vez por semana, se abre o livro morto na estante que nem se lembra de ter comprado, se torce o nariz para o sabiá laranjeira madrugador, se o quer morto pelo coração ou se quer que alguem lhe salve.<br />
Salvem o passarinho, e bem longe de você.<br />
Te lembro a história de um outro amigo daqueles tempos, que, perdido na noite, se via entregue ao volante emborrachado do carro a dar voltas pela cidade. Nos parecia tão impossível chegar a uma realidade tão infeliz e solitária, independente do que viéssemos a viver.<br />
Mas e se ao ter tudo, descobre-se não tendo nada? E se o sentir-se satisfeito vier somente ao fim do tanque de combustível? Seria a ultima gota de álcool o fundo do poço? Evitemos subidas meu querido amigo, tentemos as marginais.<br />
Ah! Decidiu subir? Quantos degraus tem esse altar? Se olhar para trás, diga-me, o quão marginal tornou-se aqueles tempos de desordem e obscuridade? E mais, a pergunta que não cala, o que tem nesse enfeitado plano divino, valeu o dizimo pago?<br />
Sinto lhe dizer meu velho, o copo sobre a televisão já não funciona. Temos telas planas e não existe mais espaço para pedir que o tempo mude, orar por um retorno ao passado ou resgatar uma vida não vivida.<br />
Mas você já sabe de tudo isso, não é mesmo? É claro que sabe! Sempre soube!<br />
Quanto a mim? Sim, você vai gostar de saber.<br />
Tornei-me o cachorro raivoso que protege a ninhada e esconde ossos no quintal para roer mais tarde.<br />
Mas veja como a vida é, tornando impossível que me esqueça da localização dos esqueletos, me presenteando com um circulo intimo de fantasmas que teimam em me lembrar qual o cardápio do jantar, para que eu volte a remoer velhas lembranças.<br />
E aqui, meu velho amigo... meu velho e bom amigo... remoo você.<br />
É nisso que nos tornamos, é com isso que teremos de lidar.<br />
Até algum dia.<br />
Quem sabe.Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-81183508706336356622014-10-23T01:16:00.000-02:002014-10-23T01:16:57.729-02:00TrunfoProcuro por um trunfo<br />
nada demais<br />
uma carta de momento<br />
um momento numa mão<br />
<br />
Um trunfo pra jogar "na lata"<br />
pra gritar na cara do ladrão<br />
virar o momento do jogo<br />
lançar as peças pro ar<br />
<br />
Preciso de uma jogada de ouro<br />
uma luz inesperada<br />
uma mudança nos acontecimentos<br />
um brilho vindo do escuro<br />
<br />
E vira<br />
pode apostar<br />
como quem não quer nada<br />
como quem não deveria estar lá<br />
<br />
E vira<br />
como uma brisa numa tarde<br />
ou o sopro do inesperado<br />
um acontecimento esperado<br />
<br />
<br />Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-9148041066838790462014-01-27T22:06:00.001-02:002014-01-27T22:17:14.212-02:00O Cobrador'Que porra é essa Oswaldo? Tá ficando louco? Quer me foder? Se os acionistas lerem essa merda eu tô perdido!"<br />
<br />
Seu Magela não se aguentava, vermelho de raiva, suando pelas temporas, gotejava na camisa social encardida, amarelada.<br />
<br />
O Oswaldo travado nas quatro rodas, congelado na cadeira, sorriso mais pra um quarto de boca.<br />
<br />
O que aconteceu é que no dia seguinte, logo pela manhã, alguns leitores revoltados com a pseudo homenagem, resolveram ligar para a redação e meter a boca!<br />
<br />
Quem em sã consciência diria "receba de peito aberto" alguém com uma morte tão terrivel quanto a Judithe teve? Isso não pode, não é cabivel! Esse cara tem de ser esquartejado em praça publica! - disse um dos leitores.<br />
<br />
O fato é que pegou mal, mas não tinha como voltar atrás.<br />
<br />
O Magela, preso pelo saco, deu sermão mas não demitiu. Mandou ficar esperto e parar com a palhaçada, pensar antes de escrever, mas o coice das pessoas foi tão forte que o Oswaldo ficou triste.<br />
<br />
Pô, ela era boa... e era boa também... tá certo, tô errado... quer saber, vou lá prestar homenagem... me ajudou tanto que não posso deixar passar batido. Vou lá prestar homenagem.<br />
<br />
E assim o Oswaldo saiu da sala, rabo entre as pernas, pensando no mal que fez pra pobre da Judithe, que a unica coisa que fez de errado foi se vender, ainda que tenha sido por um bem maior... ou menor... dependendo do cliente...<br />
<br />
A Judithe demorou pra ser enterrada. Como o erro foi do médico, o legista responsavel pelo corpo, enquanto tentava levantar alguns trocados para fazer um laudo positivo a favor do dignissimo doutor, acabou levando mais tempo que o necessario e o enterro acabou atrasando para a tarde daquele mesmo dia em que Oswaldo saia do escritório.<br />
<br />
E assim, lá pelo meio da tarde, o Owaldo pegou o ônibus, todo arrependido, em direção ao cemitério. Ia dar tempo de chegar no enterro e prestar as ultimas homenagens, talvez dar ajuda a familia, mesmo que ele precise mais de ajuda do que qualquer outro.<br />
<br />
Levou algum tempo no terminal, mas o ônibus chegou. Subiu, pagou a passagem e sentou no banco bem ao lado do cobrador, e mal sentou o danado, com um sorriso insano, perguntou:<br />
<br />
"Enterro moço?"<br />
<br />
O Oswaldo, assustado respondeu de pronto:<br />
<br />
"Pois é..."<br />
<br />
Um sorriso surgiu no rosto do rapaz sentado no banco lateral, como se ele estivesse esperando exatamente aquela resposta.<br />
<br />
" Enterros são complicados, não fique assim não. Todo mundo morre, você vai morrer, eu vou morrer, todo mundo vai pro saco, a vida é assim. Mas sabe o que é legal? Os mortos! São lindos! Inocentes! Eles morrem e puff! Lá tá um corpo, puro de tudo! Qual o nome do senhor?"<br />
<br />
" Oswaldo... você sabe...?"<br />
<br />
" Lazaro!" Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-62010085811831172592013-05-17T03:41:00.002-03:002013-05-17T03:41:59.572-03:00Sobre o tempoPois vais me esquecer<br />
como em acordar num dia qualquer<br />
por ter tanto o que fazer<br />
não tendo tempo para pensar<br />
<br />
Pois vai me destroçar<br />
ao beijar outras bocas<br />
outros lábios enigmáticos<br />
outros sonhos vais sonhar<br />
<br />
Pois vai me abandonar<br />
como que larga o que não lhe serve<br />
num balde de simples dejeto<br />
no passado<br />
<br />
Mas veja minha criança<br />
isso nada mal fará<br />
as águas da vida jorram pela fonte<br />
e dela tu há de beber<br />
<br />
O mal que fará<br />
tornar-se bem em segundos<br />
por mais que não vejas<br />
será o que sentes<br />
<br />
A vida há de seguir em frente<br />
resultados aparecerão a todas as perguntas<br />
desejos se formarão sem que perceba<br />
o rumo que está tomando<br />
<br />
Seu mundo há de seguir girando<br />
como sempre esteve enquanto dorme<br />
hoje sou eu a tirar teu sono<br />
amanha será certamente outro conto<br />
<br />
O tempo há e seguir indiferente<br />
Não importa o que aconteça<br />
voltar ou seguir serão o mesmo<br />
teu desejo é quem dará o ponto <br />
<br />
Mas veja minha criança<br />
Isso não será de todo mal <br />
É a vida que seguirá em frente<br />
é o amor de outra forma<br />
<br />
O bem que fará<br />
tornar-se realidade em segundos<br />
por mais que não sintas<br />
será o que vive.Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-14045876465038043832013-05-17T03:18:00.001-03:002013-05-17T03:18:30.741-03:00AURIN<div style="text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--></div>
<div style="text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A alguns anos atrás fiz uma
tatuagem nas costas.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://seguidoresdobrilho.files.wordpress.com/2010/03/96cbfd087aa705a74b25e95050c4525c.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="220" src="http://seguidoresdobrilho.files.wordpress.com/2010/03/96cbfd087aa705a74b25e95050c4525c.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Essa tatuagem significava muito
para mim na época.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eram duas cobras, uma negra e uma
branca, entrelaçadas, mordiam uma a calda da outra, uma espécie de cópia da
imagem do infinito, mas com um significado diferente do habitual.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Muita coisa aconteceu desde então,
e foram tantas as jornadas pelas quais me aventurei que seu significado, bem
como de onde provinha tal simbolo, tornou-se desgastado e então esquecido.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mal sabia eu que todos os
caminhos estavam certos, e que invariavelmente acabaria no mesmo lugar.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O simbolo tatuado em minhas
costas é a cópia do AURIN, um amuleto que lhe concede todos os desejos que
tiver, porem lhe cobra uma de suas memórias em troca, e desde o dia que
reproduzi sua imagem em tinta na minha pele, tenho feito desejos atrás de desejos,
ao ponto de esquecer quem eu realmente era.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No livro, “História sem Fim”,
contando o que se passa de uma forma que não entregue todo o jogo, os desejos
guiam o personagem até sua vontade única, até seu desejo derradeiro que, ao
mesmo tempo em que lhe mostra o que quer, lhe cobra sua ultima lembrança,
esquecer a si mesmo, seu nome, esquecer quem você é.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foi isso o que esqueci, quem eu
era de fato, e mais uma vez me vejo frente a minha vontade absoluta que, nada
mais é, que o amor.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sim, minha vontade única é amar,
é dar amor da forma mais pura, a, praticamente, me doar por inteiro por amor, e
esse é o dom mais precioso, é o que faz eu ser quem sou e fazer as coisas que
faço.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Porem, voltando a questão do
simbolo AURIN, as cobras se prendem por uma razão obvia. Nenhum mal é absoluto
ao ponto de bem algum lhe vencer as forças, bem como o contrario que se aplica,
portanto uma segura a calda da outra de forma a controlar e balancear o rumo da
vida. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Caso se soltem, o mundo
tornaria-se uma loucura e certamente acabaria.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O fato é que ser bom demais
invoca certa carga de coisas ruins, traz para sí, inevitavelmente, atitudes
maléficas de outros, quase como algo incontrolavel e basicamente inevitável.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fui bom com muitos, dei meu
melhor e sofri demais, da mesma forma que fui malvado de forma absoluta com
outros e o bem mostrou-me como as coisas deveriam ser.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O simbolo em minhas costas
significa o meio termo, o ser bom e o ser mal. O ser balanceado sem esquecer
quem eu sou, mas ao mesmo tempo sem esquecer o que as pessoas representam.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No final, o simbolo nas minhas costas
representa<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>amar as pessoas e o amar a
mim mesmo, nem mais, nem menos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Hoje me banho nas águas da vida,
mais uma vez esqueci quem sou para reaprender o que significa o amor que sinto,
e mais uma vez me ponho no eixo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vou seguir o fluxo da vida, dando
meu melhor para tudo e todos, inclusive para mim mesmo, não importa o que
aconteça.</div>
Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-41002123501343502722013-03-21T21:11:00.000-03:002013-03-21T21:11:23.486-03:00Febre em dia cinza<div style="text-align: justify;">
Acordei suando frio.</div>
<div style="text-align: justify;">
A febre forte era amenizada pela brisa suave que passava pelo vão da janela semi-fechada, mas não era o suficiente para acalmar o calor mórbido que latejava em mim, ao mesmo tempo em que me fazia tremer e sentir cada osso do meu corpo a congelar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Parado a porta do quarto, uma sombra, de braços cruzados, me olhava atentamente. Não pronunciava palavra alguma, tão pouco fazia menção de mover-se, seja para se aproximar ou abandonar-me ali, mas permanecia imóvel, incólume, como quem aguarda o inevitável.</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto isso, um outro eu, sentado no sofá da sala, se deliciava com um pote de sorvete, parando momentaneamente em busca de um gole ou outro da cerveja gelada repousada sobre a mesa de canto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na televisão a sua frente o jornal local anunciava um assalto a banco. O suspeito, um rapaz magro e alto, barba e chapéu, era procurado por todo o país no que já era conhecido como o maior assalto a banco da história.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em uma das imagens da fuga, a cena de um parque chama atenção, onde um senhor de idade, sentado solitário, fuma um cigarro já pela metade enquanto observa o vai e vem das pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
De volta ao apartamento, uma versão minha deixava cair as chaves após abrir a porta para um outro eu que chegava, malas e caixas, de volta para casa.</div>
<div style="text-align: justify;">
O barulho das chaves contra o chão pega de surpresa o garoto próximo da janela que, largando o fio que tinha entre os dedos, se precipita em choro contra a pequena mureta ao ver seu balão flutuando em direção ao céu cinza.</div>
<div style="text-align: justify;">
Dobrando a esquina vejo o balão subir mais e mais, e não me surpreendo ao ver a criança cair. Apenas dou mais um passo, e outro, e outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pouco antes do teto do carro receber o impacto, passo a chave na ignição e ligo o radio na espectativa de escutar uma boa musica, uma que embale a viajem ao litoral que viria a seguir.</div>
<div style="text-align: justify;">
Do lado do estacionamento, em um parquinho vazio, o balanço me levava cada vez mais alto, em um angulo quase horizontal, numa vontade de alcançar as nuvens, enquanto, dando impulsos ada vez mais fortes com as mãos, eu permanecia parado logo atrás da cadeira de balanço, pronto a correr e segurar o corpo no ar antes de qualquer queda.</div>
<div style="text-align: justify;">
Da janela do outro quarto eu me via empurrando o balanço, e sentia a vontade inocente de me juntar a bagunça, mas havia trabalho a fazer. Sempre há.</div>
<div style="text-align: justify;">
Era tanto trabalho que eu permanecia sentado a mesa, debruçado sobre tantos projetos, tantos planos, que nada era produzido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para variar eu não ajudava em produção alguma, parado na porta, pensando em algo que pudesse parar a febre e a dor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na cama, todos "eus" se reuniam no fim das contas, todas as possíveis realidades, todas as sensações, todos os desejos, todas as fugas, todas as mortes, todo renascimento, todos os sustos, todas as alegrias, todas as perdas, todas as vidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
E todos me mostravam quem sou, quem poderia ser, quem fui um dia.</div>
<div style="text-align: justify;">
E aquele inevitável momento se aproximou, parou ao lado da cama, agachando a meu lado. Sopra a palavra em meu ouvido:</div>
<div style="text-align: justify;">
- Levanta! </div>
Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-48842016385073474342013-01-30T02:40:00.000-02:002013-01-30T02:44:20.511-02:00O MissilEntre chutando a porta<br />
arrebente as fechaduras<br />
você não pode parar agora<br />
não importa quem esteja atrás<br />
<br />
Seja um míssil desgovernado<br />
seja um jorro de napalm na pele<br />
seja a explosão que quiser<br />
quando a bomba explode nada mais sobra<br />
<br />
Não há mais tempo para mensagens<br />
nem compreender os desencontros<br />
o tribunal está fechado<br />
o caso foi julgado<br />
<br />
E quando o amanhã chegar<br />
e sim babe, ela vai chegar<br />
talvez você perceba a falha<br />
a resposta que o mundo não entregou<br />
<br />
Entre derrubando a parede<br />
atirando nos corpos pelo caminho<br />
são todos feitos de açúcar<br />
não importa o coração que esteja atrás<br />
<br />
Seja uma palavra não dita<br />
seja o sorriso contido<br />
seja o olhar desviado<br />
quando a raiva explode nada mais sobra<br />
<br />
Não há mais tempo para desculpas<br />
nem controlar os impulsos<br />
o juri foi encerrado<br />
o réu foi culpado<br />
<br />
E quando o amanhã chegar<br />
e sim babe, ele vai chegar<br />
talvez você perceba a falha<br />
a vida que deixou de levarPiero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-1790479209386340032013-01-29T12:10:00.002-02:002013-01-29T12:14:17.681-02:00SocosOlha só, esse aqui foi escrito meio no susto, um apanhado de ideias que
jorram na minha cabeça hoje e que de certa forma esta meio cru ainda, mas são
coisas que eu precisava soltar.<br />
<br />
Um apanhado de sensação que eu precisava explicar melhor até pra mim mesmo,
mas que ainda é meio difícil de resumir.<br />
<br />
Esse texto é mais como uma forma de dizer que as vezes é necessário viver
sem se importar muito com os efeitos colaterais de nossas escolhas, já que o
que é bom para mim nem sempre é positivo aos olhos alheios.<br />
<br />
E aproveito ainda para dizer que viver é preciso, da mesma forma que deixar
que as pessoas a nosso redor também tenham suas vidas é extremamente
necessário.<br />
<br />
Por favor, comentem minhas loucuras, ok?<br />
<br />
----------------------------------------------------------------------------------------------<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os nós de seus dedos estavam em
chamas, e ele não estava nem na metade do serviço quando a primeira gota de
sangue escorreu pela ferida que se abria com o impacto do punho fechado na
parede.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Naquele dia em especial, que
poderia bem ser apenas mais um em tantos, ele decidira que era hora de resolver
todos os problemas em sua vida, e para isso, lembraria de todos os seus feitos
e de tudo que ainda tinha por concertar.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Porem, em uma catarse mais
dolorosa, decidira que, para cada decisão errada que ele havia tomado em sua
vida, um soco deveria ser dado em uma parede, e a dor seria o suficiente para
lembrar e penalizar sua alma por todo mal que poderia ter causado as pessoas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A janela estilhaçada por uma
pedra, o chute na canela do colega de classe, a mentira contada para não ir a
aula, a roupa suja de barro jogada fora para que ninguém soubesse, o telefonema
avulso no meio da madrugada que acordou um desconhecido, o gato apedrejado da
vizinha, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a namorada que pulou a janela
do quarto para fugir, o carro batido em um racha, a bebedeira insana e as
drogas usadas, os amigos abandonados ao tempo, os amores não compartilhados, os
amores inventados, os amores por interesse, os trabalhos esquecidos, as faltas
e os atrasos por displicencia, a má vontade em ajudar, e tudo isso nem era a
metade quando sua mão já estava em frangalhos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Todas as faltas estavam sendo
pagas a cada murro, e o osso já se despedassava quando um pensamento doentio
varou por sua mente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Durante todos esses anos, frente
a todos os feitos, um personagem importante havia sido sacrificado e sofrido
com tudo isso, um personagem único vivenciou todos esses momentos e hoje estava
jogado no chão da sala com os punhos ensanguentados. Um ultimo mal foi causado
e para esse não tinha volta e muito menos punição viável.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Durante tantos anos ele havia
feito o mal para si mesmo, havia buscado a maldade e o mal cobrava de sua vida
pelas coisas ruins que fizera.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A sua frente a parede vermelha
sangue pedia mais um tributo, mas não era para acontecer.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Frente a toda maldade, e a toda
bondade, o homem ainda tem uma escolha. Ninguém pode ser bom demais sem correr
o risco de sofrer um dia com a maldade, da mesma forma que ninguém é mal demais
que um dia não possa ter um ato puro de bondade. O ciclo seria formado por
atitudes que, de acordo com o livre arbítrio, poderiam ser boas ou ruins,
dependendo do ponto de vista.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para aquele rapaz destruído,
sobrava agora a esperança de salvar sua alma dando uma simples segunda chance
para viver, e tomar as decisões corretas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Porem, perguntas ainda pairavam
no ar: Será que nos culpamos pelos motivos corretos? Será que realmente somos
dignos de culpa? Será que se retornássemos no tempo poderíamos mudar as coisas
sem se arrepender das mudanças que ocorreriam no futuro e por consequencia
sucumbir a tentação de mudar tudo novamente? Quantas vidas seriam necessárias
para se chegar a uma vida de bondade plena sem intervenção do mal, ou até mesmo
o contrario? Quantos socos seriam necessários para percebermos o valor de cada
gota de vida que escorre a todo momento de nós?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Saint Exupéry nunca fez tanto
sentido quando diz que o essencial é invisivel aos olhos.</div>
Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-29685522026952903442013-01-12T04:16:00.000-02:002013-01-12T04:17:38.276-02:00Seu Oswaldo: O Trabalho<div style="text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--></div>
<div style="text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
</div>
<h2 class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</h2>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sentado em sua cadeira de costas
flexíveis, atrás da mesa estava o editor chefe, Seu Magela, distinto cidadão,
da nata paulista, separado duas vezes, casado com a filha de um deputado de
renome, cinco filhos e carro novo no meio fio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se sentindo um lixo pela ressaca
do dia anterior, o Oswaldo estava lá bem a sua frente, jogado na cadeira,
secando o suor da testa com as costas da mão esperando para saber o que lhe
reserva a nova função.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Seu Magela por outro lado não
tinha real intenção de contratar o mulambento porque, veja bem, cabide de
empregos, ainda mais em um jornal de renome, fica difícil explicar aos olhos
sedentos por coisas erradas, mas o amigo que o trouxe sabia lá de uma ou duas
pendengas que poderiam facilmente ligar o digníssimo Magela a crimes que
custariam muito mais que somente seu emprego, então o negócio foi fechar a boca
e engolir a mosca a seco.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No entanto uma vaga surgira,
minima, e como não tinha fins lucrativos ao jornal serviu bem ao companheiro em
necessidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O Magela foi rápido, o negócio
era o seguinte: Me chega todo dia lá pelas dez da noite, recolhe os comunicados
de óbito que a Roseli da recepção vai largar na mesa, veja lá quem morreu e
escreve umas duas linhas de elogio ao defunto, levando em consideração o que o
fulano fazia em vida. Se for alguém importante rasga seda sem dó mas não passa
de quatro linhas se não a coisa fica feia depois. Vai que morre politico? Até
explicar porque usou meia pagina pra fazer um quadrinho de óbito vai ser
difícil. Faz tudo bonito, escreve e manda para a impressão. Terminou vai embora
. E se usar a privada do escritório tenta ficar só nos líquidos ou vai ter de
ir encher o balde com aguá pra ajudar a descer qualquer coisa que tiver por lá.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Com isso o Oswaldo já estava
apavorado! Estava de certo modo feliz por não ter de ir a campo colher noticias
em cenas de crime ou pagar mico em saída de time para o vestiário, mas dai a escrever
sobre gente morta era uma sacanagem, ainda mais sem conhecer nenhum deles
antes, mas o Magela até que facilitou, já que o jornal pedia gentilmente que as
famílias mandassem lá uma foto do presunto ainda com vida em alguma atividade
de que gostava, com a desculpa de que poderiam eventualmente estampar a foto ao
lado do quadrinho, mesmo que em dez anos de jornal nenhuma foto tenha sido
utilizada com o propósito, mas sim para alimentar a imaginação do funcionário
anterior, que dias antes ganhara um quadrinho com algumas palavras reconfortantes
em sua própria seção.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já no primeiro dia de trabalho
nosso querido Oswaldo passou sufoco. Sentou frente a maquininha de escrever de
seu minusculo escritório , passou os olhos rapidamente por algumas das folhas
com fotos coloridas grampeadas, esfregou a palma da mão na calça para tirar o
suor da ponta dos dedos e suspirou um “seja o que deus quiser”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Primeiro óbito a gente nunca
esquece e foi justo o da Dona Maria Alcina Mendes, partiu aos 95, família
modesta, na foto aparecia segurando uma vassoura em um corredor de escola, com
um corpinho de 50 anos, meio corcunda, saia rosa até o pé e camiseta branca. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Constava morte por idade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Morre Maria Alcina Mendes, vividos seus 95 anos, varria um corredor
como ninguém.</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Passara fácil, abriu sorriso no
rosto encardido, ligou o radinho a pilha no exato momento em que Miltinho
cantarolava “Lembranças” com sua voz macia, uma feliz coincidencia talvez.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Partiu para o próximo, Calvino
Salvador, 88 anos, aparece na foto dentro de um Fusca velho, sorriso no rosto,
gordo, talvez uns dez anos antes de empacotar. Constava morte por asfixia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Calvino Salvador, 88 anos bem vividos, agora dirige seu Fusca pelo céu.</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pelo céu sim, e agora certamente
o fusca não iria mais engasgar em marcha nenhuma, pensou rindo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Gostando do resultado o Oswaldo
logo começou a gostar da coisa, e como sempre faz quando gosta de algo, tira a
garrafa de cana da pasta de couro surrado e dá logo uns dois tragos direto da
garrafa. Olhou as fotos sobre a mesa, ergueu a garrafa sobre elas, fez um
brinde a seus novos companheiros de madrugada, lançou um golinho pro santo ao
lado da cadeira e deu mais um gole bem servido.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A cana bateu fundo no estomago
vazio, mandando ao cérebro uma mensagem violenta de que aquele corpo iria
levantar daquela cadeira no pileque já conhecido de dias anteriores, mas o
Oswaldo era forte, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e a noite só estava
começando.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O próximo ele conhecia, Dona
Judithe, a solteirona louca que aparecia vez ou outra no boteco para arrumar
alguma companhia, e sem cobrar nada por isso. Na foto ela estava bem
arrumadinha, visivelmente mais magra, usava um sutiã preto que aparecia por
detrás de uma blusa branca . O Oswaldo se lembrava daqueles peitos, mas não se
lembra de ter visto ela usar sutiã nas vezes que apareceu para fazer festa. No
cartão de causa de morte constava<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>morte
por erro cirúrgico durante uma operação no pulmão. Meio bêbado, Oswaldo,
lamentando a perda da conhecida, escreveu lá:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Judithe Apoliana, nos deixa no auge de seus 45 anos. Que os anjos te
recebam de peito aberto.</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: normal;">Oswaldo sorria satisfeito. No fim das contas acabou pagando a Judithe de alguma forma.</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></div>
Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-58493312282008458552012-01-22T04:52:00.002-02:002012-01-22T04:56:09.698-02:00Seu Oswaldo: A Virada<div style="text-align: justify;"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Table Normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Para tudo e todos existe um tempo mínimo para que a responsabilidade por seus atos pese sobre os ombros. Para alguns leva muito tempo, para outros um pouco menos, mas a verdade é que mais dia menos dia isso acontecerá, e com o Oswaldo não foi diferente.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Aquela vida de boteco, de cervejas e cachaça, de putas e farras, toda aquela bagunça teria de acabar, e veio tudo isso com a morte de sua mãe.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Recebia mesada semanal para ficar fora de casa o dia todo, e a velha senhora até gostava de ver o rebento voltar manguaçado pra casa. Assim não perceberia que o pseudo-namorado de uma noite não era bem o mesmo da noite seguinte, nem da seguinte, nem da seguinte, e assim por diante. Filho sóbrio dava problema, mas o câncer não tratado deu mais problema ainda, e a morte súbita da mamãe trouxe uma série de contas a pagar e dividas nunca conhecidas. Era estranho para ele ver que sua mãe tinha recibos de cartão de débito dos mesmos lugares que ele frequentava, e ele sabia que o “comércio de lanches Ltda” não era o que parecia.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Ali então estava a verdade.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Vinte e oito anos, solteiro, mãe morta, fonte de renda esgotada, alcoólatra e tarado, enfim, na merda.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">A vida tem um sentido estranho quando da na nossa cara, mesmo que seja sem deixar a pessoa louca a ponto de se matar. A vida da uma saída para melhor e para pior, mas nesse caso o Oswaldo deu sorte.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Um dos amigos de bar, daqueles para os quais o Oswaldo servia as geladas, se importou com a situação precária do mascote e resolveu ajudar como podia. Gastou ali um dinheiro com terno e gravata, e um pouco mais com o Antonio da barbearia e deu um visual mais decente pro Oswaldo. Levou o amargurado a uma entrevista arranjada na redação do jornal, inventou mundos e fundos de dar medo, encheu a bola do Oswaldo a ponto do vagabundo beberrão virar um excelente digitador, e foi assim, sem perceber, que o Oswaldo foi parar na redação do jornal, com sala própria e mesa de mogno, uma maquina de escrever e o desafio de escrever o obtuário do periódico.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">E no desenrolar da história toda, em meio a toda a vontade de uma boa cachaça e foder aquela prostituta das antigas, o Oswaldo teve um lampejo, uma visão do que seria sua vida dali pra frente, e tomou a atitude mais honrosa que um homem em seu lugar tomaria.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Saiu da entrevista, sentou no bar mais próximo, pediu sua cachaça com gelo e limão e pensou: Agora fodeu.</p>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-62766591464586338962011-10-18T02:34:00.003-02:002011-10-18T02:38:30.524-02:00Mensagem a um grande amigo<div><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Table Normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Me lembro bem das palavras que saíram de minha boca no dia em que fui convidado por um grande amigo a dividir um apartamento em outro lugar.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Seu pai havia comprado um apartamento muito bonito e confortável em uma região privilegiada de São Paulo para seu filho que, na época, fazia faculdade e morava comigo em um apartamento pequeno e apertado.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Lembro da condição imposta por meu amigo para que a mudança ocorresse: “disse a meu pai que eu só vou se você for.”</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Hoje e sempre, e pra quando for preciso lembrar desta ocasião, fiquei muito feliz em receber essa proposta de dividir outro apartamento com esta pessoa que sempre me foi muito próxima.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Desde pequenos dividimos histórias, desafios, o imaginário repentinamente tornou-se surreal e, ao lidar com os fatos, vivemos sonhos como realidade enquanto outros mal sabiam que existia outra realidade além de suas aulas em um colégio de freiras.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Fomos irmãos nascidos em famílias diferentes, estivemos unidos quando a história nos separou em distancia, e nos unimos novamente quando decidimos dividir um pequeno apartamento.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Mas naquele dia em que a noticia da compra de um lindíssimo apartamento em um condomínio de classe média alta chegou a nosso conhecimento, sabíamos que seria o ultimo capitulo de um volume.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">De alguma forma impossível de explicar, por mais que coisas boas ainda acontecessem, eu sabia, seria o fim.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Fizemos a mudança, foi um sucesso, levamos todas as coisas de uma vez só em um caminhão caindo aos pedaços, cuja porta do passageiro (onde eu me encontrava) não fechava de forma alguma e o cinto de segurança não existia.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Montamos o apartamento com as poucas coisas que tinhamos, e mesmo com o pouco, era o suficiente para nos sentirmos confortáveis por muito tempo.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Nos divertimos, bebemos em memoria a muitas coisas, bebemos em comemoração a muitas coisas, ficamos sem agua quente, sem geladeira, se luz, sem cerveja, sem absolutamente nada, e mesmo assim estávamos bem.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Vivemos e isso foi muito bom.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Demos inicio a novos projetos, conhecemos novas pessoas, novos lugares, outros mundos, formamos uma nova família baseada em um conceito de irmandade e cumplicidade que muitos julgariam, e o próprio julgar foi quem, no fim acabou com tudo. Mas sou obrigado a dizer, nós já sabíamos que algo ia acontecer, não é verdade?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Pessoas se uniram a nós repentinamente, algumas se despediram de nossas vidas, aquelas que sempre acreditamos que nunca iriam voltar acabaram por se juntar a nós quando menos esperávamos e outras vieram na torrente de paz que vinha da convivência que nós criamos.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Não tenho medo de dar nomes...</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Erika, aquela que voltou após muito tempo e a menina na qual temos muito orgulho por seus feitos e por sua energia.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Flavia, a menina decidida, doce, da rebeldia que encanta por ter toda a paz que nunca tivemos e que fez parte de nossa família e nos ensinou muita coisa.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Jack, que nós cuidamos sempre, por carinho e amor e que hoje está lá firme e forte!</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Rafael, o viking que nos acompanhou nas jogatinas e discussões, nas bebidas e nas curtições.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Thomas, o boemio, de ideias maravilhosas, discussões filosóficas e noitadas de boa musica e cerveja.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Felipe Munhoz, parceiro filosófico e sempre com um bom gosto musical muito a frente de nossas expectativas.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Karen, de repente se uniu a nossa família, se mostrou parte dela a muito tempo e hoje é minha amada esposa.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Existem outras pessoas a acrescentar nessa lista, muitas outras pessoas se pararmos para pensar, mas numera las nunca foi nossa vontade, mas sim ama-las, estar presente em todos os momentos, viver ao lado delas plenamente.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Quanto a mim, não sei, só você pode dizer o que pensa sobre o assunto, e de certa forma já sei o que você vai dizer, ainda que me faça chorar, seja com suas palavras ou com seu silencio.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Meu irmão, meu parceiro, não o culpo, nunca terei motivo para isso e sequer passa em minha cabeça tentar encontrar motivo para tal. Sabíamos desde o inicio que existiria um fim e que o mesmo permanecia fora de nosso controle.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Porem me recordo que os que hoje se encontram próximos a nós, um dia se recusaram, se fecharam, preferiram a reclusão em suas vidas ao invés de escutar a verdade que gritava em seus ouvidos, e hoje só eles sabem o que viveram e o que foi preciso fazer para chegar até aqui.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Você, meu irmão, foi o único que sempre se manteve forte, mas chegou seu tempo de reclusão, e que ele dure o quanto você achar que é necessário, mesmo que seja para toda vida, mesmo que você acredite que sua reclusão seja sua salvação, ou o que for. Só você sabe o que quer viver e o que quer fazer.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Não sou do tipo que vai chutar a sua porta insistentemente, que vai atropelar a sua vontade para impor a minha opinião, por isso nada fiz no dia em que o fim chegou.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Porém todos os dias, todos eles, penso no grande irmão que tenho e como seria bom dividir algo que vivi ou experimentei, como seria interessante estar a seu lado para conversar, discutir, filosofar ou apenas ficar em silencio.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">De volta ao mesmo prédio em que moramos antes da mudança, no mesmo andar, em um apartamento logo ao lado sinto a mesma sensação que tive a muito tempo atrás, como se me colocasse como um fantasma naquela sala no mesmo dia em que resolvemos nos mudar.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Indiferente ao que lamentavelmente aconteceu, aos desencontros que tivemos antes do fim, as conversas que prometemos ter e que nunca tivemos por vários motivos, indiferente a qualquer acontecimento fora de nosso controle, estamos bem, estamos vivos.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Eu casei com a Karen, estamos felizes, moramos em um apartamento pequeno mas imensamente confortável. Temos planos de ter uma filha, de comprar um apartamento melhor e tomar cervejas diferentes. Mudei de emprego, ela saiu daquele em que estava e está lutando por seu sonho de ser arte finalista.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Em todas essas mudanças pelas quais passamos, você fez e faz muita falta meu irmão, e sempre fará.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Iremos nos encontrar no futuro, e você sabe disso tanto quanto eu, seja no mundo real, seja em nossos sonhos.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Cada um teve seu tempo. Esse é o seu.</p>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-76575148456859895262011-02-23T14:54:00.006-03:002011-02-25T02:41:07.000-03:00Imparcialidade<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://guiadicas.net/fotos/2010/02/a-dificuldade-de-ser-imparcial.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 224px; height: 280px;" src="http://guiadicas.net/fotos/2010/02/a-dificuldade-de-ser-imparcial.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Estive me perguntando ultimamente o que vem a ser imparcialidade no mundo real. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">As pessoas brigam, se desentendem com facilidade, e a primeira coisa que lhes vem a cabeça é que precisam de alguém para solucionar o impasse, montar o quebra cabeça e separar o certo do errado, e essa pessoa, coroada momentaneamente como detentora da justiça, da paz e da ordem nem sempre escolhe um lado baseado nos fatos, mas sim colocando na balança suas afinidades com as pessoas, ou o que tem a ganhar solucionando o problema. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div><div style="text-align: justify;">Existe ainda a opção de nem escolher um lado, não por estarem ambos errados, mas para dar o chamado efeito "tirar o corpo fora". No bom português seria algo como "não tem a ver comigo, dane-se."</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Muitas pessoas tem uma concepção de justiça que considero um tanto falha. Pensar que sempre existe, dentro de um embate técnico, uma pessoa que esteja errada e outra certa pode ser um tiro no pé, pois as pessoas mentem, disfarçam, omitem provas, confundem, manipulam outras pessoas, tudo no intuito de se safar ou de ganhar algo.</div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E cabe as vezes a apenas uma pessoa decidir qual lado apoiar, sem muitas delongas, sem a chamada democracia, sem fazer valer a opinião dos outros. Afinal é ela quem vai dar a ultima cartada, não é mesmo?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quando penso em imparcialidade me lembro de três coisas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A primeira é a versão de "como se deve fazer justiça" que tenho e acredito que deva ser o método que funciona na teoria, mas na pratica poucos seguem. Sempre existirá o problema, e com ele existe no mínimo duas pessoas. Para elas existirá o certo e o errado, mas para a justiça deverá existir apenas os fatos. Sem emoções, sem compaixão, simples e puramente realista.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A segunda é uma perguntinha filosófica que diz: Se uma árvore cai na floresta e não houver ninguém por perto para ouvir, ela vai fazer barulho?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A resposta é que, levados pela necessidade de presenciar o fenómeno, não podemos afirmar com absoluta certeza que ela vá fazer barulho ao cair, mas o bom senso (ah o divino bom senso!) nos faz crer que ela fará sim, já que teríamos vivenciado essa experiência anteriormente, seja pessoalmente ou de qualquer outra forma, como assistindo um video, por exemplo. A imparcialidade nesse momento entra como um soco para mim, porque muitas pessoas usam o bom senso, outras simplesmente acham que a árvore nem ao menos existe, já que "Vossa Alteza" não estava lá para presenciar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A terceira é a forma como certas formas de poder, ou que tenham grande impacto sobre as massas, devem tratar a imparcialidade, e vem direto do dicionário.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Imparcialidade vem da palavra imparcial, que significa: </div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22px; "><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22px; "><b>adj. Que não sacrifica a justiça ou a verdade a considerações particulares.</b></span></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22px; "><b>Que não tem partido a favor nem contra: juiz imparcial.<br />Justo, reto, equitativo.</b></span><div><br /></div><div>Em um mundo onde visivelmente as pessoas escolhem o particular ao invés do publico, acho que o destino da imparcialidade é permanecer no dicionário mesmo...</div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-19021511372347583342011-01-27T23:28:00.006-02:002011-02-23T02:15:03.813-03:00Corotinho<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidiPOopDkshqCWTG7CcO_jADp2iVhzeeqbuQGigAD0F18I_lEJcA1jbiLZ9c14JmY7l5afo5ps_Q6ic3F63MiqebZdl6nBEnc297j591s-c6lcmdioMh4ud-4Zx45wZ1NLluPr/s1600/corote.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidiPOopDkshqCWTG7CcO_jADp2iVhzeeqbuQGigAD0F18I_lEJcA1jbiLZ9c14JmY7l5afo5ps_Q6ic3F63MiqebZdl6nBEnc297j591s-c6lcmdioMh4ud-4Zx45wZ1NLluPr/s320/corote.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5576749169342772306" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Ele bebia, todo mundo sabia, mas qual era o problema? Bêbado que é bêbado não se esconde!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Essa história vem lá do interior, Atibaia, sobre um camarada que ninguém lembra o nome, e nem lembraria mesmo, já que sua sua vontade por uma dose de cachaça era muito maior do que qualquer apresentação.</div><div> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Pense em alguém que é bêbado com orgulho, sem ser aquele chato que gruda no seu pescoço ou que inventa de contar todas as histórias do mundo em uma língua inexistente para as pessoas sóbrias. Pense em alguém que na primeira hora do dia vem lá de qualquer lugar, meio cambaleante e lhe pede para comprar uma aguardente vagabunda ao custo de um real.</div><div> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sim, esse é o cidadão de nossa história, e para termos um nome apenas para lembrar, vamos chamar esse homem de "Corotinho".</div><div> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Corote, lá no interior, diz respeito a embalagem na qual a aguardente vinha envasada, e a qual, todos os dias, nosso amigo Corotinho pedia aos transeuntes. Não era um pedido de bêbado chato, grudento e seboso, mas de uma pessoa educada, fina, que primeiramente gostava de saber como estava seu dia, para onde você iria e o que faria, logicamente iniciado por um bom dia, boa tarde ou boa noite. Detalhe, sempre com um largo sorriso!</div><div> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Imagine-se indo para o trabalho, sete e meia da manhã, gosto de pão com manteiga e café com leite ainda passeando pela língua recem escovada. O caminho é de barro batido com um pouco de cascalho nas bordas para chupar a água das chuvas. Nesse caminho de meia hora para o trabalho, você cruza com um senhor de cabelo despenteado, camiseta pólo azul sem os botões da gola, o barrigão escapando por cima da fivela do cinto, calça pega frango e chinelos gastos. Ele abre um sorriso onde faltam todo o time de dentes, sobrando talvez o centro avante e um ou outro zagueiro no fundo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Se estivessemos em São Paulo, certamente não daríamos atenção, mas no interior é diferente. Em cidade pequena todo mundo se conhece e sabe de onde vem. Minha mãe falava que era o caso de alguém soltar um pum de um lado da cidade e todo mundo do outro lado sentir o cheiro e detectar quem era o dono. Nesse caso não era diferente, pois todos sabiam que o Corotinho morava em uma casinha perto do rio, que não tinha muita coisa por lá além de uma cama para dormir. Família mesmo ele não tinha por aquelas bandas, e somente os mais velhos da cidade sabiam a respeito de sua família e sua origem, e o tratavam com muito respeito e varias garrafas diárias de sua bebidinha companheira.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Todos gostavam dele, não fazia mal para ninguém, era mais educado que muita daquela gente e era sincero de verdade porque não dizia que queria dinheiro para comprar pão e ia gastar com cigarro ou mulheres. Queria mesmo era cachaça e nada mais e aquele que não acreditasse em sua vontade, que comprasse a garrafinha para ele beber ali em frente então.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O caso é que passaram dois dias até o povo perceber que o Corotinho não tinha aparecido nas redondezas do mercadinho ou da padaria como costumava, e junto com um sentimento de curiosidade, as pessoas sentiram um misto de medo e tristeza.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Foram encontrar o corpo em uma das trilhas que dava para sua casa. Jogado no chão, cheio de barro e coberto de moscas, e em suas mãos estava a garrafa de corote, a companheira de todos os momentos, seu único desejo e único presente.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Morreu bebendo, e todo mundo sabia.</div><div> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div> </div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-21202076724771258942011-01-27T01:43:00.005-02:002011-01-27T02:17:57.241-02:00Seu Oswaldo: Adolescência<a href="http://img.terra.com.br/i/2009/03/01/1130617-6223-it2.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 286px; FLOAT: right; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://img.terra.com.br/i/2009/03/01/1130617-6223-it2.jpg" /></a><br /><div align="justify">Estamos com tempo aqui meus bons amigos. Estamos com todo aquele tempo que apenas os verdadeiros curiosos pela vida alheia possuem, ainda mais quando visualizamos uma vida tão ordinária e pérfida como a do nosso querido camarada Oswaldo, portanto vamos com toda calma do mundo observar o que aconteceu durante a adolescência dessa pessoa magnifica.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Aos dezoito anos já estava ele sentado no banquinho azul do balcão, no bar do seu Carlos, logo ali na Augusta com a Dna. Antonia. Não dava pra saber se ele havia chego pela manhã ou se estivera sentado ali durante toda a madrugada a observar as pernas e os peitos das putas. O seu Carlos mesmo, meio velho e senil, já nem percebia o figura no banquinho, apenas se dispunha a dosar uma parcela de sua garrafa de Velho Barreiro de hora em hora e refilar as garrafas de cerveja nas camisinhas postas sobre o balcão.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Todo mundo que vê um bêbado no bar logo pensa, "tá lá, pinguço miseravel, todo mundo conhece, pindura todas e passa a noite no botequim", mas nesse caso, meus caros amigos, tal afirmação deve ser friamente descartada. Ninguém sabia o nome do Oswaldo, nem de onde ele vinha, o que fazia ou quem era sua família (embora todos conhecessem sua mãe muito bem, mas sem ligar o nome a pessoa). Sentava, tomava suas cachaças e suas cervejas e partia sem dizer uma palavra, sem fazer o menor alarde, sem cruzar o olhar com qualquer vagabundo presente no digníssimo estabelecimento. O Oswaldo era assim, uma sombra bebada caminhando rua abaixo em direção ao centro.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">As únicas que sabiam quem o rapaz era de fato, nada podiam falar. As prostitutas as quais o jovem rapaz se utilizava para relaxar vez ou outra, eram pagas em dobro para não contar a senhora sua mãe que seu filho preferido andava comendo no mesmo prato que outros homens, e ao mesmo tempo sua mãe pagava uma mesada para as prostitutas não contarem a seu filho que ela se vendia nos puteiros do Anhangabaú, ou seja, nunca pagaram tão bem por um segredo que ninguém precisaria saber que não se tratava mais de segredo algum. Silêncio rentável!</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Em meio as noitadas de cachaça e sexo por alguns cruzados, Oswaldo deu de frente com alguns riquinhos do Mackenzie, boêmios, que usavam roupas largadas e pelos do peito a mostra com suas camisas desabotoadas. Esses mesmos rapazes que tocavam violão na porta do boteco em meio a manguaça alheia, transformaram o Oswaldo em mascote do grupo, não por sua inteligência nata de Homo Sapiens, mas por sua capacidade de ir buscar outra cerveja quando todas as garrafas na mesa estivessem vazias, sem nem mesmo precisar pedir ou perguntar.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Alguns anos a frente, desse grupo de amigos, alguns teriam dó e lhe ajudariam a achar o emprego ao qual permaneceria pelo resto de sua vida, não porque ele merecesse, mas porque alguém ainda teria de se levantar da mesa para buscar outra gelada, e esse trabalho já pertencia ao mascote do grupo.</div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-32620194842340646142011-01-14T12:07:00.001-02:002011-01-14T12:09:46.630-02:00Seu Oswaldo: O inicio<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mamãe sempre disse que seu garoto ia subir na vida, ia ter uma vida boa, que não teria um empreguinho de merda na pastelaria do tio, mas sim uma carreira<span style="mso-spacerun:yes"> </span>divina em alguma empresa em crescimento. De certa forma, ela acertou.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De certa forma.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Foi concebido dentro de uma kitnet apertada da Avenida São João, assim, meio sem querer, uma tosse inesperada, como um espirro, como quem engasga ao tomar água muito rápido, mas muito rápido mesmo, o bastante para seu pseudo pai sumir de vergonha sem nem mesmo deixar telefone de contato ou o valor da hora completa que pediu e não consumiu. Os cruzados largados sobre a cama não pagariam nem o rolo de Primavera do banheiro, quanto mais o custo que aquele novo rebento iria trazer quando viesse ao mundo</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Custando caro ou não, veio ao mundo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Orgulho da mamãe, Oswaldo era alto e obeso quando pequeno, cabelo cortado na tigelinha não porque gostava, ou porque sua mãe queria, mas sim porque era o único corte que servia para melhorar aquele cabelo seboso em sua cabeça redonda.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por mais que tenha passado sua infância sonhando em ter um topete a lá James Dean e costeletas de Elvis Presley, seu futuro reservou uma careca oleosa e brilhante.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas não vamos nos acelerar, afinal, seu futuro promissor depende muito do que foi o garoto Oswaldinho!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Na escola, tendo ai seus quinze anos, contrariando todas as expectativas, se embrenhou no futebol, participando dos campeonatos inter-classes e das peladas programadas durante as férias.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Jogava no gol como ninguém mais jogava. Os outros goleiros pegavam ali algumas bolas, defendiam seus gols com unhas e dentes, enquanto o Oswaldinho, moleque danado, se jogava nas bolas com tamanha facilidade e desenvoltura que se antecipava, voava dois metros a frente, minutos antes do chute final do atacante e tomava o golaço. Ele era bom, tinha certeza disso, afinal ele iria alto, ele voaria se fosse preciso, e voava... bem longe...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Na formatura do colégio, para orgulho de sua mãe, Oswaldinho (carinhosamente chamado de Tropeço) foi lembrado pelos coleguinhas em uma homenagem espetacular.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ganhou troféu de goleiro mais vasado, tapinhas saudosos nas costas por suas médias suadas, medianas, meia boca e mediunicas, porque alguém ou alguma coisa deveria te-lo possuído na hora da prova para que se safasse de repetir e repetir inúmeras vezes certos anos, pelo menos foi a conclusão a qual chegaram seus professores.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para sua mãe, além de popular entre os amiguinhos o garoto agora era médium, que coisa maravilhosa, que presente lhe foi dado!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Após a formatura, todos lhe deram boa sorte de alguma forma. Desejaram com risadinhas, com apertos de mão, com tapinhas nas costas, com pacotes de farinha de trigo, com caixas inteiras de ovos, com pontapés e sopapos, com hinos infantis cheios de palavrões cabeludos e o desejo de só o encontrar muitos anos a frente em uma pagina do jornal, de letrinhas pretas miúdas, onde enfim sua trajetória terminaria de forma brilhante.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O obituário.</p>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-7370739503126166772010-06-19T05:27:00.004-03:002010-06-19T05:48:20.103-03:00Mal Funcionamento<div style="text-align: justify;">Dobro meu joelho esquerdo e ele dói. É uma dor momentânea, como um beliscão que ainda arde mesmo após alguns segundos. Estico minha perna ao máximo e volto a dobrar apenas para ter a certeza de que aquela dor que senti não fora apenas minha imaginação, mas sim um grito de êxtase proveniente de algum músculo que se sente ultrajado após algum movimento ignorante que o obriguei a fazer.<br />Enquanto isso meus cabelos caem de forma continua, porem vagarosa. Eles simplesmente resolvem partir levando a chave com eles, deixando a casa para novos fios trancada, e isso de certa forma me assusta.<br />Se caíssem todos ao mesmo tempo, como funcionários de uma empresa que decidem pedir demissão coletiva em uma tarde de verão, talvez fosse mais aceitável e menos perturbador, pois certamente eu teria a certeza de que o fizeram por algum motivo claro, como essa dor no joelho. Mas na realidade eles preferem me apavorar caindo um a um como para quedistas que escolhem seus alvos com calma, sem pensar no combustível que o avião precisa para a viagem.<br />Estou ficando velho rápido demais para meu gosto e o que tenho a fazer é aproveitar esses momentos para curtir um pouco de nostalgia, e vejam só, aprecio esses momentos como nenhum outro!<br />E pensar que anos atrás eu achava que queria ver o tempo passar mais rápido para ter idade suficiente para ter meu dinheiro e ir aos lugares que desejasse. Hoje tenho meu dinheiro contado até os centavos e mal tenho conseguido pagar todas as contas. A cerveja ficou para outro dia por falta de verba, e isso me deixou insatisfeito.<br />Outro fato que vem a minha mente é uma lembrança de jogar alguns jogos com meus irmãos, como detetive (onde um de nós escondia o bem mais precioso do outro em algum lugar bem escondido e ia deixando pistas pela casa de onde poderia estar o objeto procurado) ou mesmo jogos simples como carteado, dominó e outras coisas. Hoje sinto falta desses jogos e me vejo ensinando meus filhos a brincar.<br />Me recordo de ser um estudante vagal, que não estudava e não fazia os trabalhos nem lição de casa, mas que ainda conseguia tirar notas boas nas provas. Alguns falam que é um dom, outros que é genialidade... eu prefiro acreditar em ação divina, pois pelo menos me dá algo para rir a respeito!<br />Hoje não mudou muita coisa, ainda que descobri que ler é ao mesmo tempo meu amigo e inimigo, pois aprendo coisas novas, mas tenho de fazer uma força imensa para que essas coisas saiam de minha cabeça para que eu possa dormir ao invés de passar a madrugada inteira queimando neuronios no escuro do quarto.<br />O mais impressionante para mim é ver como todos os problemas que tive no passado, todas as intempéries, todo lixo que tive de aguentar, foi de extrema valia para unir as peças que me formaram.<br />Por isso digo com louvor, por mais que meu joelho doa e por mais que meu cabelo caia , que estou ficando velho, mas sigo funcionando perfeitamente, obrigado!</div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-31424827994504133772010-06-03T03:53:00.002-03:002010-06-03T03:59:31.362-03:00Amigos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilL5Dti4UCOQduQmE9jaYRbOZ4P6WBTjav6cYLZeL2NLAQgm8mtB4a7oI6-QaRVgCoP1jR3k4-zU_d2fRxs6-ZA29SEwNFkn8lAjXeVcMLJKkpzEpLcvhNrKA4CrZa-qJ0j6Jb/s1600/amigos2.jpg"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 363px; height: 242px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilL5Dti4UCOQduQmE9jaYRbOZ4P6WBTjav6cYLZeL2NLAQgm8mtB4a7oI6-QaRVgCoP1jR3k4-zU_d2fRxs6-ZA29SEwNFkn8lAjXeVcMLJKkpzEpLcvhNrKA4CrZa-qJ0j6Jb/s320/amigos2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5478438411444697090" border="0" /></a>
<br /><div style="text-align: justify;"><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CPIEROM%7E1%5CLOCALS%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Table Normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Ainda cedo, antes de começar o turno, estávamos discutindo a proporção de carros de luxo para uma população elitizada em São Paulo.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Um de meus amigos chegou a conclusão estranha de que Porcshe Cayenne é um carro quase popular, fácil de se ver nas ruas, ainda que possuído por poucos, enquanto existe uma dificuldade maior em ver Ferraris de fato correndo pelas ruas a fora.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Eu e outro amigo ficamos indignados ao ouvir tal comentário, pois é como ir tentar uma carta de motorista e ter um Cayenne como carro na prova de direção.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">O fato é que o rapaz em questão é um bom amigo, daqueles de dar muita risada em qualquer lugar devido a qualquer comentário, seja ele plausível ou não.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Estou a dois anos e meio na mesma empresa, e os que vivem nesse meio de alimentos e bebidas sabe que a rotatividade é grande por motivos variados, desde desligamento<span style=""> </span>da empresa a demissão.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Esse mesmo camarada, horas mais tarde foi desligado da empresa, demitido.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Nesses dois anos e meio vi amigos indo embora por vontade própria e por comando da empresa, e no começo até tinha palavras solidarias para dizer.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Hoje me vejo perdido, sem saber o que fazer ou o que dizer.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Não sabia onde enfiar a cara, se abraçava e desejava boa sorte ou se simplesmente ignorava como se nada estivesse acontecendo.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Isso machuca de uma forma inigualável, e quem já viveu esse momento sabe pelo que eu passei e ainda ei de passar.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Quem trabalha nesse meio sabe que sair de férias é correr o risco de voltar e encontrar uma equipe completamente nova onde antes havia pessoas conhecidas, ou na pior das hipóteses, chegar no primeiro dia e trabalho e já ter uma conversa com o RH referente a seu ultimo dia de trabalho na empresa.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Esse é um problema que não tenho como revidar, esquecer ou tentar deixar de lado.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Por mais que exista a vida profissional e como suas atitudes frente a um cargo vão refletir na aceitação da sua equipe (e de seus superiores principalmente), os vínculos de amizade que você mantém ainda são fortes o bastante para te fazer sentir falta de alguém, por pior que ela executasse sua obrigação.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Agora elevo isso a algo maior.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Imagine que a pessoa em questão não trabalha a seu lado, mas sim é alguém muito querido que você pouco vê nesse momento da vida, mas que a algum tempo atrás foi de extrema importância.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Como você ficaria tendo de ver essa pessoa partir, ou simplesmente brava com você por algo inútil? Por algo sem a menor razão?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Passei por poucas e boas até aqui e sei o valor de cada amigo meu, correndo o risco de cair no cliche de falar que posso contar nos dedos. Ver um deles passando necessidades ou qualquer outro tipo de problema me deixa em estado de alerta.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Quando vejo que participei para que tal amigo estivesse nesse estado, a coisa piora, por mais que eu não tenha sido o problema maior, mas sim o gatilho para a explosão.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Meu defeito (ou qualidade, não sei) é me importar demais com as pessoas, e pagarei por isso sempre.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Chorei ao ver um amigo partir no trabalho, pela segunda vez, e sei que ainda vou chorar a partida de outros... e a minha talvez. E me angustia saber que o estado atual de um grande amigo é devido ao fato de que eu fui o gatilho para tal sentimento.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">O mais engraçado, que conste como uma piada momentânea, é que ao sair do trabalho, as duas e pouco da madrugada, vi um Porsche Cayenne passar pela rua...</p> Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-33195533248477548162010-05-10T20:03:00.006-03:002010-05-10T20:55:31.483-03:00O Protesto<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6x_QIXlosq_XX5QUkV6L7ECB-B5uUeLfqDrtp9BfeXAHxGQMQVSOVm_Gfd7uNJtfQVX15MyPlWm3mOXVdfbtblaJr-fHpBn0mcyZ1lLG9yIADCTTeD3quA23kWB5kk1HNphSV/s1600/arcoiris+002.jpg"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 267px; height: 356px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6x_QIXlosq_XX5QUkV6L7ECB-B5uUeLfqDrtp9BfeXAHxGQMQVSOVm_Gfd7uNJtfQVX15MyPlWm3mOXVdfbtblaJr-fHpBn0mcyZ1lLG9yIADCTTeD3quA23kWB5kk1HNphSV/s320/arcoiris+002.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5469792167139548082" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Tarde fria de segunda feira.<br />Uma leve garoa cai sobre os paulistanos que se aventuram pelas ruas da cidade.<br />Muitos andam apressados, atravessam os faróis sem olhar para os lados, tão fechados em seus próprios mundos, seus pensamentos.<br />Eu ando meio sem rumo, passando o tempo com uma boa caminhada da Consolação até a Aclimação, também enterrado em meu mundinho de idéias malucas, coisas por escrever e algumas musicas barulhentas.<br />Dizem algumas pessoas que a capacidade de enxergar além dos muros, do concreto e asfalto, das vitrines com seus fantoches fantasiados e de expressão mórbida, em busca de coisas simples como um passarinho em seu ninho ou uma folha de árvore correndo o chão com a brisa, tornou-se algo muito difícil nos dias atuais.<br />E nessa tarde em especifico, um evento atípico chamou atenção de alguns daqueles que passaram pelo coração de São Paulo.<br />Um imenso arco-íris se formou por sobre a Avenida Paulista, na altura do bairro Paraíso e, por alguns instantes, todos estavam olhando para o céu sorrindo, contemplando a união perfeita das cores formadas por entre as nuvens.<br />Alguns sacaram maquinas fotograficas e bateram fotos, outros ligavam para casa para contar a amigos e familiares o que estavam vendo. O transito fluiu mais lento, sem buzinas ou gritos. Um repórter interrompeu as filmagens com um entrevistado frente ao prédio da FIESP e pediu que seu camera man filmasse o céu.<br />Eu, parado próximo a Luis Antonio, esqueci do copo de café quente em minhas mãos e sentei em uma mureta de jardim para observar.<br />É difícil agora, enquanto escrevo, pensar que momentos como esse podem ser difíceis de ocorrer novamente nos próximos anos, devido a degradação constante a que impomos o planeta.<br />Mais difícil ainda acreditar em um futuro em que, tão cegos, nós seres humanos iremos por tanta beleza a perder apenas por pensarmos apenas em nossas vidas, por pensarmos que devemos tirar proveito ao máximo do que temos hoje de forma a ter prazer com coisas fúteis enquanto vivos, já que depois de mortos nada mais fará sentido.<br />Para os seres humanos não interessa mais o próximo ou os próximos, mas sim o quão grande será a fatia do bolo que irá saciar nossas vontades agora.<br />Basicamente, muitos pensam que nada importa depois de morrer, que será apenas um corpo morto.<br />Claro, ainda existem aqueles que acreditam, que tem fé, e não digo "fé" como algum deus ou ceita em que se acredita, mas a simples fé de que a vida continua assim como o mundo que nos cerca, e que de fato não sabemos nada sobre o pós morte para dizer se voltaremos ou não a habitar outro corpo, seja humano, seja uma simples flor no jardim.<br />O que fica claro nesse momento é que a natureza ainda persiste, ainda procura, de forma simples, se mostrar presente em nossas vidas, e hoje ela escolheu parar uma das avenidas mais importantes da cidade para fazer um protesto silencioso e belo para nos lembrar do destino para o qual temos caminhado.<br /></div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-45599498965306588892010-02-03T08:42:00.004-02:002010-02-03T09:03:55.944-02:00Novo Velho Mundo<div style="text-align: justify;">Existe um novo mundo lá fora.<br />E velho eu fiquei por esperar debruçado sobre os escombros de guerras terminadas.<br />Hoje sou apenas o apanhado de fins de frases ditas no calor das emoções, onde os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">destemidos</span> se lançam sem pensar.<br /><br />Existe um novo mundo lá fora.<br />E nele existem formas e modos para todas as coisas.<br />E nesse meio tempo em que estive atarefado com minhas necessidades surreais, não pude me adaptar a qualquer padrão estipulado como devidamente correto.<br /><br />Existe um novo mundo lá fora.<br />Um mundo no qual meus pés sonham em alcançar, no qual meus dedos se esticam para tocar e meus olhos lutam para compreender tantas imagens diferentes.<br />E tolo eu fui por esperar que esse mundo viesse me buscar.<br /><br />E ele veio<br /><br />Me cerca sem deixar <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">saídas</span>, me engloba, me aperta contra as paredes, não pergunta o que penso ou quero, pois minha imagem ao relento não faz mais sentido frente a seus propósitos.<br />Me mastiga e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">destroi</span>, suga meus sentidos e minhas palavras, me <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_3">corroi</span> os dentes, me seca a boca, me castiga com dores sem dar sinal de que vá me matar.<br /><br />Mas no fundo ele vem para me salvar.<br /><br />Abre meus olhos e bate na face.<br /><br />Mostra o que no instante seguinte será velho como o que eu era e me deixa frente a uma mão de cartas novas em uma jogada <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_4">previsível</span>.<br /><br />Antecipo a <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_5">próxima</span> jogada, passo a frente da destruição e quietude, enfrento os trovões do caminho e já sou um modelo adiante de qualquer evolução.<br /><br />Existe um velho mundo lá fora, e com a certeza do que preciso, não mais ficarei para trás.<br /></div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-81783795238387174972009-10-28T02:38:00.007-02:002009-10-28T03:18:05.663-02:00Deu no Noticias Populares...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www3.sc.maricopa.edu/ajs/Scene%201.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 352px; height: 242px;" src="http://www3.sc.maricopa.edu/ajs/Scene%201.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Sindico e porteiro de condomínio de alto padrão foram presos na tarde desta terça feira sob a acusação de assassinar a sangue frio cinco crianças, filhos dos moradores.<br />Em entrevista concedida ao repórter pelo delegado de plantão no ato da prisão dos meliantes, o sindico, de nome R.W., 57 anos, se sentia incomodado com um dos garotos que, por volta das oito da matina, saia na sacada e chamava o colega do prédio ao lado para brincar, sendo que o fazia aos berros.<br />O coleguinha em questão respondia a plenos pulmões, iniciando uma conversa duradoura que logo ganhava a participação das três outras vitimas.<br />O sindico, que tem problema grave de insonia, escapava nas primeiras horas da manhã para seu curto sono até as oito, hora de inicio da ladainha das crianças.<br />Foi então que resolveu exterminar os pobres garotos um a um e esconder seus restos mortais na fossa de um dos prédios, que volta e meia tinha problemas e entupia.<br />Para o serviço contratou o porteiro, J.B. de 35 anos, que também não tinha muito afeto pelas crianças (e que já tem passagem pela policia por contrabando de drogas e nudez em publico).<br />Os dois inicialmente atacaram três enquanto voltavam do colégio, cortaram os corpos em vários pedaços na garagem subterranea e esconderam na fossa.<br />Logo em seguida telefonaram para uma desentupidora de faixada, Limpa Fosso Ltda., que sabendo do ocorrido, se adiantou em eliminar qualquer evidencia antes que os pais aflitos pudessem perceber o ocorrido.<br />Durante duas semanas o caso foi taxado como sequestro e logo após por desaparecimento, já que não houve contato dos sequestradores.<br />As outras duas crianças foram pegas da mesma forma no mês seguinte, mas o trabalho de sumir com as pistas acabou por falhar, já que a mão de um dos garotos permaneceu entalada em um dos canos, sem que o bando percebesse.<br />Um dos moradores, incomodado por ver seu vaso sanitário entupido, contratou o serviço de outra desentupidora, que logo encontrou os restos mortais esquecidos na tubulação.<br />A policia foi chamada e os dois foram presos em flagrante, não resistiram a prisão, contaram em detalhes como armaram o plano e deram cabo dos garotos, e não sentiam qualquer remorso por suas atitudes, acreditando piamente terem feito um grande bem a humanidade.<br />Os responsáveis pela empresa Limpa Fosso Ltda. ainda não foram encontrados, mas a policia segue investigação para capturar os suspeitos de ajudar no crime.<br />Uma equipe especial segue em busca dos restos mortais das crianças, mas ainda não há suspeita de onde os corpos possam ter sido enterrados ou jogados. Os presos alegam não conhecer o lugar onde os corpos estão por não terem tido participação nesta parte do plano. Dizem ainda não saber do paradeiro de seus comparsas que desapareceram apó o fim dos serviços prestados.<br />As famílias estão revoltadas com o ocorrido, ainda que o caso gere discórdia entre os moradores, já que parte dos mesmos já não suportava mais os garotos gritando na janela toda manhã e acreditam que o extermínio deveria ter sido maior, "talvez tendo adicionado o pentelho do 203 e os desordeiros do 54", como conta a dona de casa V.S. de 78 anos.<br />O caso segue em investigação e aguarda julgamento.<br /></div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-44564074167109180972009-10-24T03:01:00.004-02:002009-10-24T04:29:30.498-02:00Sobre o olhar e o que não pode ser dito<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj83k9CREuZJt1_7Ddxbo70fWBkdr_qFbuiuAaIj8VahuZ7VHyEdQoON5wguIARo1ueRiMjUKoRrQvmXuoUKUr9JfVgQoBK_xCC2aBvxaK5RDbAcbOBlgMa-Ib5i_Heehnang5I/s1600-h/karen.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5396049814451369602" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 286px; CURSOR: hand; HEIGHT: 341px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj83k9CREuZJt1_7Ddxbo70fWBkdr_qFbuiuAaIj8VahuZ7VHyEdQoON5wguIARo1ueRiMjUKoRrQvmXuoUKUr9JfVgQoBK_xCC2aBvxaK5RDbAcbOBlgMa-Ib5i_Heehnang5I/s320/karen.jpg" border="0" /></a><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify">Resolvemos comer comida mexicana, com burritos, chilli e nachos.<br />Sentamos perto da janela, lugar mais arejado do pequeno restaurante que sucumbia frente ao calor de trinta graus daquela tarde.<br />Estávamos a vontade, observando as pessoas que passeavam na rua Augusta na tão conhecida hora do rush da região da avenida Paulista, mas não tinhamos nada por fazer naquela tarde de sol, o que nos tornava iscas fáceis para nossas vontades já tão visíveis em cada sorriso.<br />Momentos antes, em uma loja de artigos para artistas, não saiamos um do lado do outro, percorrendo cada corredor com tamanha calma que chegava a assustar os vendedores.<br />Abri meu refrigerante e lhe ofereci um gole, iniciando o processo de educação familiar de sempre oferecer e sempre negar.<br />Começamos pelos petiscos envoltos em cremosos molhos de queijo e salsa, enquanto conversávamos sobre assuntos diversos, sempre tendo aqueles pequenos contatos de olhos no olho e de fuga do olhar, por uma vergonha indecente, como quem sai nu na rua.<br />Mas éramos dois olhares lutando por conquista, a mesma conquista, tentando invadir um ao outro e descobrir as reais palavras e sentimentos por detrás de cada sorriso e cada retirada de aproximação. Uma guerra inútil onde perdedores e ganhadores são sempre os mesmos.<br />Comentávamos sobre musicas, sobre pessoas, sobre lugares que tinhamos vontade de conhecer, sobre futuros incertos ou inevitáveis, sobre o lugar de onde viemos e o lugar onde íamos parar.<br />Contamos histórias um ao outro, falamos do que tinhamos medo e do que mais gostávamos, e em determinado momento, como prega o manual de instruções dos futuros casai em fase de conhecimento mutuo, um silêncio pairou.<br />Um silêncio repentino, meio descompromissado, forjado na lei na inevitabilidade onde os assuntos acabam, e só nos restou olhar um ao outro, na espera pela próxima frase, e ela veio, tão sutil como a vontade de simplesmente nada mais dizer e apenas apreciar a companhia.<br />Tal frase não pode ser dita, não existem palavras que formem uma expressão tão singela, pois só pode ser entendida através do pensar e do saber que a pessoa a sua frente pensa exatamente o mesmo, e não encontra meios de dizer.<br />E nesse momento, nesse delicado momento, somente um sorriso tem o poder de entregar ao outro a cumplicidade existente na troca de olhares.<br />Desse dia em diante tivemos o prazer de dividir vários momentos dessa natureza e posso dizer que agora estou feliz.<br /></div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-80841108045837271802009-10-21T14:18:00.004-02:002009-10-21T14:38:26.719-02:00Espartano<div style="text-align: justify;">Muitas coisas mudam, e não é necessário muito tempo para que a vida das pessoas vire de cabeça para baixo ou tornem a ficar tranquilas.<br />Além disso temos muitos desejos e vontades que se realizam ou não, dependendo do quanto estamos dispostos a lutar.<br />Eu sou um lutador, e usando um conceito de meu pai, sou espartano até, pois vivo uma vida dura, as vezes suportando pacientemente certos encargos para conseguir algo para meu futuro, e dou meu sangue pelas coisas em que acredito.<br />A pouco tempo atrás duvidei de minhas forças e minhas vontades, e foi então que alguém apareceu e me explicou que na realidade tudo pode dar certo, de uma forma tão simples e pura que dificilmente eu entenderia sozinho, ou sequer chegaria a pensar a respeito.<br />E então vieram as provações.<br />Queimei meu pé e passei um tempo afastado do trabalho, fiquei doente e fiquei mais um tempo afastado do trabalho, trabalhos da faculdade se acumularam em minha mesa - ateliê, fui assaltado uma vez e perdi celular e outros equipamentos, fui assaltado novamente menos de duas semanas após a primeira ocasião, perdendo um jogo de lápis especiais para desenho e alguns livros muito importantes, fiquei transtornado e então tudo fez sentido.<br />o tempo que passei afastado serviu para me centrar e ver o peso das minhas responsabilidades, ficar doente me fez ver o quanto minha saúde precisava de atenção, o acumulo de trabalhos foi solucionado em uma tarde maravilhosa de domingo em companhia de amigos maravilhosos e ser assaltado me proporcionou duas coisas incrivelmente importantes.<br />Primeiramente a necessidade de focar em meus gastos e cobrir todos os buracos e pendencias monetarias que tinha até então, transformando o mês que era para ser cheio de gastos em uma espécie de poupança forçada e me dando meios de readquirir meus lápis, e em segundo lugar me proporcionou ficar ao lado de pessoas importantes, de descansar, de escutar alguém que me ensinou a ver as coisas de uma forma mais simples do que eu conseguia ver.<br />E toda a reviravolta que eu pensava ter posto minha vida de pernas para o ar, apenas a colocou de volta nos eixos, me mostrando vários outros caminhos para seguir em frente.<br />Talvez eu não seja tão espartano como meu pai diz, mas entendo cada vez mais o porque das minhas lutas pessoais.<br /></div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-35765210917193244242009-09-08T21:09:00.003-03:002009-09-08T21:23:56.740-03:00E Se?<div style="text-align: justify;">E se um dia, qualquer dia, você resolva sair de casa como sempre fez, mas dessa vez observando a sua volta?<br />E se você olha a sua volta e tudo o que pode ver são pessoas correndo em direção a seus fins definidos?<br />Se um dia, de repente, você resolve sentar em um lugar diferente, seja no ônibus, na praça durante o almoço, ou uma cadeira vaga na sala de aula?<br />E se reparar que por ali tem alguém?<br />E se o olhar se cruzar e não conseguir desviar?<br />E se nas profundezas desse olhar você conseguir ver toda a sua vida passando como numa película noir e ter certeza que, do outro lado, a pessoa dona desse brilho intenso, também tem a mesma sensação?<br />E se você sentir que essa pequena ligação momentânea esconde muito mais do que você pode ver ou sentir em tão pouco tempo, sendo necessário se entregar cada vez mais a esse processo de hipnose tão raro?<br />E se você sentir seu corpo tremer, suar frio, se tiver medo, se tiver empolgação, simplesmente por receber um "oi", seguido do sorriso mais encantador que você irá receber em toda sua vida?<br />E se durante uma conversa você sentir afinidade perfeita, sentir-se repleto de felicidade e harmonia, tendo em vista que esse sentimento vem de alguém que você pouco conhece, mas que tem a leve sensação de que já conhece por inteiro? E sentir que tal pessoa pensa o mesmo, e sente o mesmo?<br />E se em um impulso, simplesmente impossível de se controlar, se atira em direção a uma boca, que o recebe delicadamente, com lábios macios?<br />E se você sentir que não apenas se achou, mas encontrou algo que a muito lhe tirava o conceito sobre viver?<br />E se você sentir que pode permanecer nesse estado eternamente?<br />Pode ser amor?<br /></div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-38901015.post-70658566774222088382009-09-07T04:30:00.006-03:002009-09-07T05:13:01.556-03:00Das Coisas Que Me Ensinaram e a Vontade de Viver<div style="text-align: justify;">A gente sempre pensa que existe um lugar onde poderemos chamar de "porto seguro", para onde vamos correr quando tudo em nossas vidas der errado, tornando esse lugar em uma espécie de ponto de restauro das energias para se lançar ao mundo novamente e recomeçar.<br />Você carrega esse sentimento ligado a ideia de que seus pais serão sempre os mesmos, cuidarão eternamente de você enquanto lhes restarem um pingo de força nas veias, ainda que tal pensamento seja puramente egoísta.<br />Sempre desejei, contudo, que minha mãe fosse dona de sua própria vida, esquecendo esses laços e dando um basta em uma vida feita para servir aos filhos e a uma aposentadoria que nunca chegaria.<br />E quando esse momento chegou para ela, duas coisas ferveram dentro de meu peito, de forma boa e ruim ao mesmo tempo.<br />Ela conseguiu se aposentar, juntou algum dinheiro, fez um pequeno empréstimo, comprou um pequeno apartamento na praia e foi curtir sua vida, ao mesmo tempo em que colocou a casa em que vivemos grande parte de nossas vidas, a venda.<br />Fico imensamente feliz por ela, por essa decisão tão acertada, e ao mesmo tempo me sinto triste por saber que muito em breve não terei mais aquele lugar sagrado onde poderia retornar, mesmo que para relaxar enquanto meus irmãos brincam com os filhos ou armamos um churrasco improvisado em uma manhã de domingo.<br />Dentro de pouco tempo estarei por minha própria conta e risco, e tenho medo disso.<br />Da mesma forma me recordo de momentos interessantes em que, indiferente de meus medos, o futuro se mostrou tão certo como quem entrega não apenas o olhar ao horizonte, mas vislumbra tudo o que está além da linha que o distingue.<br />Me recordo das vezes em que, desanimado com quedas constantes, arranquei a bicicleta do meio de um aglomerado de tralhas do porão e fui pedalar até uma cidade vizinha, Paranapiacaba.<br />Estrada pura, poucos carros, tarde de sol forte e entardecer com direito a neblina, árvores e montanhas, sobe e desce, cerca de duas horas para ir e voltar, e a certeza de que ao desmontar de minha querida parceira, iria encontrar boas respostas para minhas indagações.<br />Aprendi isso com meu pai, e devo agradecer por isso.<br />Noutros tempos me recordo de chegar em casa do colégio e cozinhar, enfrentar as panelas e montar banquetes com direito a sobremesa, que geralmente era composta por torta de limão!<br />Sentia prazer em gastar aqueles momentos em que pensava rápido demais e tomava conclusões precipitadas em algo mais útil e relaxante, que logo me mostraria que para tudo é necessário ter mais foco, carinho, delicadeza e atenção.<br />Hoje me alimento e trabalho devido a essas lições ensinadas por minha mãe, e agradeço a ela por isso.<br />Do meu irmão mais velho encontrei a força para continuar em frente, não desistir, ser guerreiro não importa o que viesse a acontecer, e com muito prazer posso dizer que o tive como companheiro de trabalho em algo que nunca fui capaz de acreditar que ele poderia conseguir. Se apresentou em campeonatos, se saiu mil vezes melhor que eu, e é a ele a quem eu agradeço pelas lições de raça.<br />Meu irmão do meio, de decisões meticulosas, planejamento, de conversas em um apartamento no Brás a festas em lugares inóspitos. Entre musicas escritas em papéis velhos dentro de uma pasta preta levamos nossos raciocínios até planos mirabolantes e descobertas geniais, e a ele devo a curiosidade, o pensar, e o que mais tenho usado nesses últimos tempos, diplomacia.<br />Dessa minha primeira família consegui algumas armas que, nesse momento, me fazem acreditar nas possibilidades e nas saídas para quaisquer problemas que poderei enfrentar, então, por hora, estou em meu próprio porto seguro.<br />Logo, a sensação de perda que tenho por aquela casa grande demais para uma senhora morar, é mais por saber que durante muito tempo foi uma casa pequena demais para três adolescentes e uma mulher batalhadora.<br />Sentirei saudade, mas seguirei em frente, para que um dia eu mesmo possa ter meu lugar reservado frente a praia.<br /></div>Piero M.http://www.blogger.com/profile/04323095758644295667noreply@blogger.com3