23 de fevereiro de 2011

Imparcialidade


Estive me perguntando ultimamente o que vem a ser imparcialidade no mundo real.

As pessoas brigam, se desentendem com facilidade, e a primeira coisa que lhes vem a cabeça é que precisam de alguém para solucionar o impasse, montar o quebra cabeça e separar o certo do errado, e essa pessoa, coroada momentaneamente como detentora da justiça, da paz e da ordem nem sempre escolhe um lado baseado nos fatos, mas sim colocando na balança suas afinidades com as pessoas, ou o que tem a ganhar solucionando o problema.

Existe ainda a opção de nem escolher um lado, não por estarem ambos errados, mas para dar o chamado efeito "tirar o corpo fora". No bom português seria algo como "não tem a ver comigo, dane-se."

Muitas pessoas tem uma concepção de justiça que considero um tanto falha. Pensar que sempre existe, dentro de um embate técnico, uma pessoa que esteja errada e outra certa pode ser um tiro no pé, pois as pessoas mentem, disfarçam, omitem provas, confundem, manipulam outras pessoas, tudo no intuito de se safar ou de ganhar algo.

E cabe as vezes a apenas uma pessoa decidir qual lado apoiar, sem muitas delongas, sem a chamada democracia, sem fazer valer a opinião dos outros. Afinal é ela quem vai dar a ultima cartada, não é mesmo?

Quando penso em imparcialidade me lembro de três coisas.

A primeira é a versão de "como se deve fazer justiça" que tenho e acredito que deva ser o método que funciona na teoria, mas na pratica poucos seguem. Sempre existirá o problema, e com ele existe no mínimo duas pessoas. Para elas existirá o certo e o errado, mas para a justiça deverá existir apenas os fatos. Sem emoções, sem compaixão, simples e puramente realista.

A segunda é uma perguntinha filosófica que diz: Se uma árvore cai na floresta e não houver ninguém por perto para ouvir, ela vai fazer barulho?

A resposta é que, levados pela necessidade de presenciar o fenómeno, não podemos afirmar com absoluta certeza que ela vá fazer barulho ao cair, mas o bom senso (ah o divino bom senso!) nos faz crer que ela fará sim, já que teríamos vivenciado essa experiência anteriormente, seja pessoalmente ou de qualquer outra forma, como assistindo um video, por exemplo. A imparcialidade nesse momento entra como um soco para mim, porque muitas pessoas usam o bom senso, outras simplesmente acham que a árvore nem ao menos existe, já que "Vossa Alteza" não estava lá para presenciar.

A terceira é a forma como certas formas de poder, ou que tenham grande impacto sobre as massas, devem tratar a imparcialidade, e vem direto do dicionário.

Imparcialidade vem da palavra imparcial, que significa:

adj. Que não sacrifica a justiça ou a verdade a considerações particulares.
Que não tem partido a favor nem contra: juiz imparcial.
Justo, reto, equitativo.

Em um mundo onde visivelmente as pessoas escolhem o particular ao invés do publico, acho que o destino da imparcialidade é permanecer no dicionário mesmo...