20 de agosto de 2009

Sono...

Segundo as regras da sociedade, das vontades superiores da família, dos desejos particulares de cada ser, e das ideias brilhantes quanto a ocupação de tempo gasto regularmente em baboseiras, o individuo abandona suas confortáveis horas separadas para hibernar com o objetivo de aprender coisas novas.
Diante desse fato, temos a situação a seguir.
O camarada tem vida noturna, trabalha enquanto os outros de seres diurnos estão se preparando para dormir, não se deita antes das três da madrugada, rola na cama durante um bom tempo, atingindo o sono esperado apenas nas primeiras horas da manhã, quando o sol pula fora para o céu.
Certo dia, não satisfeito, decide voltar a estudar! E de manhã!
Acorda (?) as seis da matina, babando, olhos vermelhos, remela em formação no canto dos olhos, ainda com bafinho de creme dental.
Tira a roupa quente, banho morno, copo de leite gelado, se arruma, joga o corpo na rua e segue para sua nova rotina.
Pelas calçadas se confunde entre vários outros zumbis que seguem tropeçando até seus destinos, manda um café para as profundezas de seu estômago, garantindo os próximos passos até seu destino.
Os cinco minutos de sono (?) a mais se transformam em atraso. Chega na sala de aula e senta em uma mesa mais afastada, onde, teoricamente, teria facilidade em tirar uma boa pestana.
Mas para sua surpresa (e desagrado), a querida professora pede que seus alunos afastem todas as cadeiras do centro da sala e sentem em circulo. Danou-se...
Tolerância, seus pensamentos pedem, afinal de contas foi ele mesmo quem escolheu estar ali!
E tolerância é justamente o que falta para seus dois colegas mais próximos: O sono de uma noite terrível e a fome referente a um café da manhã ridículo.
Os olhos ardem, forçam as pálpebras em uma luta constante para mante-las abertas, um bocejo escapa, a barriga ronca alto, proferindo um eco que vem do vazio em suas entranhas.
As palavras da professora sorridente vão em encontro a seu rosto violentado pelo desespero e a vontade de fugir de volta para a cama.
Se arruma na cadeira desconfortável, tenta prestar mais atenção, foca a visão nas palavras escritas no quadro negro e ai surgem outros problemas.
Focar a atenção consiste em ser permanentemente distraído por qualquer coisa que possa induzir ao sono.
Uma mosquinha passeia pelo chão em passinhos minúsculos, a cortina balança de um lado ao outro com o leve vento que entra por uma fresta da janela, o piscar da luz artificial quase que compassado, um leve raspar de pneus no asfalto em alguma rua distante e, o golpe fatal, pequenas gotas de chuva batendo contra o vidro da janela, provocando um som irresistível, quase como uma canção de ninar.
Os olhos fecham as portas, a cabeça pende ao chão, a mão desiste de dar suporte, e ai acontecem aqueles cinco segundos de pesca por um sono desatento, suficiente para todos ao redor perceberem o estrago.
Eis então que o grande guerreiro de sabedoria imensa cai diante de toda a fadiga adquirida nesse processo de estudar.

19 de agosto de 2009

Galáxia de Plástico


Mais uma vez
perdido em alto mar
em meio as brumas
uma maré incerta
Tenho lá
galáxia de plástico
me guia com suas estrelas
até adormecer
O horizonte é o mesmo
remo até o torpor
navego em círculos
viagem lenta
Mas no anoitecer
elas estarão lá
fortes como o sol
para desaparecer em seguida
Convés manchado
marca de varias batalhas
e não posso limpar
não vou esquecer
E me deito entre a fúria
mar revolto
para observar esse brilho rápido
que sempre está lá
sempre me acalma

17 de agosto de 2009

Tempos Dificeis para os Sonhadores

Cair da tarde, céu azul e borrões sutis de um laranja anunciando a noite, com um amontoado de nuvens brancas passeando por entre os prédios altos.
Me sentei em uma cadeirinha de plástico que fica na varanda, puxei meu scratch book improvisado, uns dois lápis, uma borracha e passei a observar as janelinhas dos apartamentos vizinhos.
Algumas abertas, outras fechadas, cortinas de cores variadas, duas pessoas na sacada conversando, um senhor solitário assistindo um jogo de futebol, um guindaste erguendo outro prédio lá longe, nada de novo na realidade.
A rotina nos deve ter pego de uma forma tão incrível que paramos de ver dias como esse, lindos, para os transformar apenas em dias simples, com sol, jogo na televisão, papo na varanda e janelinhas fechadas.
Em um outro apartamento, cortinas fechadas, uma luz suave vinha de dentro projetando a sombra de duas pessoas no pano creme.
Um casal estava dançando.
Eu era apenas o observador, tendo a minha frente a rotina massacrante envolvendo cada linha visível, mas naquela sala havia um casal pondo em pratica um de meus textos, e o mais peculiar ainda... meu ultimo texto...
Era como ver a realização de meu desejo, como estar frente das palavras que me saíram como quem grita um pedido, mas não era eu naquela sala, não sentia o abraço ou escutava a musica que brindava o casal ao fundo.
Uma brisa leve, um apanhador de sonhos ressoa no ar vazio, as árvores ao longe batem palmas com suas folhas e em meu livro iniciei o retrato da tarde mais inóspita que poderia ter.
Inóspita porque era como um ataque direto em meu peito, com tantos detalhes que seria impossível traduzir em linhas de grafite o som do vento, o tilintar do apanhador ou o farfalhar das árvores, e tão impossível ainda seria descrever exatamente aquela paixão que fazia o casal dançar tranquilamente.
A tarde perfeita estava ali, mas não era para mim.
São tempos difíceis para os sonhadores, escutei de um amigo que chegou em casa pouco tempo depois e me pegou ainda na varanda segurando meus lápis.
Não cabe a mim pensar somente em meus desejos, esperar que outro fim de tarde como esse repentinamente se apresentasse para mim com todas as minhas vontades feitas em uma bandeja de prata.
O dia seguia em frente, a brisa ainda persistia, e eu seguiria atento aos detalhes.

9 de agosto de 2009

Ninguém Alguém

Não tem ninguém por ai que me espere pela noite afora.
Ninguém que vá me ligar caso eu me atrase ou não ligue para dizer se estou vivo, ou para saber como foi o dia.
Não tem ninguém que vai tomar um banho horas antes de me encontrar, que vá passar o melhor perfume e os melhores cremes, que vá se maquiar, escolher o vestido mais bonito, que me receba comum sorriso e que vá dizer que bom que cheguei e que está feliz por me ver.
Ninguém que vá sair comigo para um jantar, que escolha uma mesa sossegada em um restaurante maravilhoso, tomar um bom vinho e conversar banalidades, rindo tranquilamente de piadas clichês ou não.
Ninguém para chegar em casa, largar os sapatinhos em um canto qualquer e dançar no meio da sala, uma musica lenta, se deixando abraçar e encostar a cabeça em meu peito enquanto damos passos leves.
Ninguém que vá me beijar de forma tórrida, me envolver em calor, deitar-se comigo e esquecer do amanhã.
Ninguém para acordar tarde, nua, sem mascaras ou mentiras, abrindo os olhos devagar, tirar o cabelo do rosto e me desejar, com a voz doce e macia, um bom dia.
E de tanto não ter ninguém assim, talvez não devesse ter dentro de mim esse alguém que espera pacientemente por quem não vai chegar.

3 de agosto de 2009

You're My Flame

Faz tempo que não coloco uma musicota por aqui, e como estou sem inspiração (ou com toda ela na realidade), melhor ficar só na musica!

"You're My Flame"
Zero 7

You take a stroll into the morning sun
You make a Happy Meal a portion for one

You steal the wallet of a man with a gun
You make this seem like a whole lot of fun
Yeah you do

You'll make new shapes with your hands on a wall
You're driving a nail while you're taking a call
You wouldn't care if you had nothing at all
Instead of chasing the dream
You're just chasing a ball
Yeah you are

You're just dodging all the friendly fire
You're never dressed in the right attire
You miss the start of every game
You're my flame

You make hay when the sun don't shine
You don't need a dollar, you don't need a dime
You burn at both ends yet still you're fine
You're my flame

Teach me to haggle
I'll teach you to swim
Get right back on the saddle
Push me on a swing

Take me to Rio
I'll take you to Berlin
I'll give you some yarn
And you'll give it some spin
Yes you will

Now you're sitting sure, yes, in an old tree
You've tied our legs, and so now we have three
You dip your toes into the ice cold sea
I see your reflection, your reflection is me
Yes I am

You're just dodging all the friendly fire
You're never dressed in the right attire
You miss the start of every game
You're my flame

You make hay when the sun don't shine
You don't need a dollar, you don't need a dime
You burn at both ends yet still you're fine
You're my flame

You're my flame
You're my flame
You're my flame

You're my flame
You're my flame
You're my flame