31 de dezembro de 2008

Peter Gabriel - Mercy Street

Para trazer um novo dia...



looking down on empty streets, all she can see
are the dreams all made solid
are the dreams all made real

all of the buildings, all of those cars
were once just a dream
in somebody's head

she pictures the broken glass, she pictures the steam
she pictures a soul
with no leak at the seam

let's take the boat out
wait until darkness
let's take the boat out
wait until darkness comes

nowhere in the corridors of pale green and grey
nowhere in the suburbs
in the cold light of day

there in the midst of it so alive and alone
words support like bone

dreaming of mercy street
wear your inside out
dreaming of mercy
in your daddy's arms again
dreaming of mercy street
swear they moved that sign
dreaming of mercy
in your daddy's arms

pulling out the papers from the drawers that slide smooth
tugging at the darkness, word upon word

confessing all the secret things in the warm velvet box
to the priest-he's the doctor
he can handle the shocks

dreaming of the tenderness-the tremble in the hips
of kissing Mary's lips

dreaming of mercy street
wear your insides out
dreaming of mercy
in your daddy's arms again
dreaming of mercy street
swear they moved that sign
looking for mercy
in your daddy's arms

mercy, mercy, looking for mercy
mercy, mercy, looking for mercy

Anne, with her father is out in the boat
riding the water
riding the waves on the sea

Ano Novo

Feliz ano novo, alguém disse no inicio do ano passado.
De certa forma, pensando no ocorrido, talvez tenha sido um ano feliz, ainda que varias coisas empurrem esse pensamento ladeira abaixo.
Varias pessoas se reúnem em lugares apertados, comida e bebida de todos os tipos e para todos os gostos, apenas para esperar pela troca de um digito no calendário.
Grande coisa, eu penso, afinal, nada de novo irá acontecer de extraordinário já que assim que o primeiro sinal da madrugada se insinuar nos relógios, todos vão se abraçar, comer, beber, trocar algumas palavras, alguns sorrisos e, ok, hora de dormir, pois tem trabalho dia 2.
Grande coisa...
Todo mundo se une para pensar no ano que passou, mas pensar em coisas boas para se fazer no ano novo que é bom... difícil...
É mais fácil esperar que um ano novo vá trazer milagres para as contas não pagas, para a poluição aumentando, para o descaso de todo mundo, para melhorar aquele ano que, doze meses atrás, todo mundo pensou que seria cheio de milagres.
Puxo minha cadeira, espero sentado passar esses minutos sórdidos, e amanhã, quando trocar aquele imã de geladeira velho por um novo cheio de folhas com números coloridos, vou começar a fazer o que acho justo.
O mais engraçado é que sempre faço isso, sem esperar outro dia começar, então, que vire o ano, que vire o dia, que vire os minutos mais distantes. Seguirei forte como antes.
Mas não vou escapar, pois alguém irá vir e dizer, feliz ano novo, seu pateta.

30 de dezembro de 2008

Asas as Cobras

Quem foi que lhe disse

Que poderíamos voar

Sem asas

Um sem o outro?

É apenas a perdição

A lua em meio as nuvens

E nem todo amor do mundo

Poderá salvá-la

Só o tempo

Só o vento

São madrugadas vazias

Chuva na janela

Dizendo para acordar

Ainda não sofri o bastante

Os delírios recomeçam

Do aquário ao tamanho do quarto

Não espero delicadesas do tempo

Mas sim um final prolongado

A solidão é só mais um convite

Um café talvez

E vou me perder

O resto do tempo

Posso voar

Já o fiz varias vezes

Da janela ao asfalto

Mas não essa noite

Tentemos algo diferente

Vou sorrir para as paredes

Cantar musicas estranhas

Bolar grandes festas

Para convidados invisíveis

Vou acordar pela manhã

De todos os meus sonhos

Lúcidos ou não

Meus ou não

Voar não é mais necessário

De asas as cobras

Vou com minhas pernas

Ao inferno se preciso

Salvar minha alma

29 de dezembro de 2008

Moça da Vila (2)

Dona de um charme elegante
Sorriso deselegante
Invasor
Provocante
Vestida delicadamente
Simples
Num lindo conforto
Onde um corpo acaricia o vestido
Em seus cabelos
Adormece uma pequena flor
Rouba um perfume
Que nunca será seu
Pés passeando
Levando o chão como dona de si
E canta
Atiça seu ouvinte
Me pergunto
De onde vem
Para onde vai
O que irá fazer agora
Dona de um charme transparente
Interessante
Me afague com teus olhos
E deixe-me te vislumbrar
Por mais um instante

28 de dezembro de 2008

Moça da Vila

Olha a moça da vila

Lembro da flor no cabelo

Da saia raspando o chão

Do som da boemia

Olha a moça do sorriso largo

Dos olhos encantadores

Da voz doce

Da vontade liberta

Olha os pés

Embalando um samba

Cantando uma canção

Levando uma vida

Olha o jovem poeta

Caído em sua pura desilusão

Quanto a dizer

Quanto a fazer

Olha a moça vindo

De qualquer lugar

E olha o poeta

Olha a moça

Olha os dois alí

O mesmo meio

A mesma boemia

Sempre os mesmos

Olha a moça da vila

Que hoje não tem flor

Mas qual o caso?

Se ela floresce para a noite?

27 de dezembro de 2008

Na mesa do bar


Somos os novos

Somos os velhos

E nada muda

Entre um violão e cervejas

A mesa está posta

Num bar frente a esquina

E lá estaremos

Tocando sons a velha juventude

Viva a boemia

A cachaça em copos miúdos

Mais uma dose

E um cigarro para a vida

Ficamos mais novos

Estamos mais velhos

Ficamos bem acompanhados

Ainda que mal afortunados

26 de dezembro de 2008

A Pintura Perfeita

A imagino deitada sobre a cama, tão leve a ponto de nem ao menos amarrotar os lençóis.

Tão dócil, olhos fixos nos meus, como uma canção que busca seu interlocutor de forma inevitável.

Luminosa, transformando o gélido ambiente em um coração batendo as pressas por um pouco de calor.

Pele macia e confortável ao toque.

Cabelos esses espalhados sobre as costas nuas, envolvendo os ombros como uma gentil carapaça pronta a se remontar em outro ponto.

Mãos baixo ao rosto, num travesseiro naturalmente mais suave e aconchegante.

Quantos pintores, após dezenas de taças de vinho, se colocariam a disposição para pintar com tal falta de modéstia aquilo que por si já pareceria ao mundo verdadeira beleza emoldurada num sorriso?

Quanto restaria aos poetas então tentar descrever essa poesia pronta aos olhos, ainda que os mesmos não consigam traduzir em suas rebuscadas palavras tais aromas presentes nesse corpo puro, entregue aos cuidados da brisa matinal?

Não diga nada, eu peço com estranha determinação.

Observo o quadro despertar para os primeiros raios de um sol implacável, e como feito de areia, se desfaz frente meus olhos, tornando-se aquilo que sempre tenho ao fim de meus devaneios.

Deito a seu lado e deixo que me abrace.

Como a solidão me parece bela, ainda que mortal ao fim de uma noite de insónia...

15 de dezembro de 2008

O Homem

E lá vem ele pela rua afora.
Caminha a passos largos, olhar flamejante, pulsos firmes, sorriso a 1/4, como que certo do que iria fazer e sobre tudo o que viria a seguir.
Ainda que todos os que parem a sua volta pensem exatamente isso, penso comigo, pobres tolos esses, tão errados quanto uma pedra solta em um caminho escorregadio.
Ele caminha sim, porque o tem de fazer sempre, seu olhar desafiante serve de consolo para si mesmo por esperar que em certo momento algo ira provocar seus instintos, pulsos firmes de medo da condição presente, e sorriso no rosto por ter certeza de que só isso lhe resta, um sopro de vontade e nada mais.

"Ria e o mundo irá rir com você. Chore, e estará sozinho."
- frase retirada de um filme... que ainda vou me lembrar o nome...-