Estamos com tempo aqui meus bons amigos. Estamos com todo aquele tempo que apenas os verdadeiros curiosos pela vida alheia possuem, ainda mais quando visualizamos uma vida tão ordinária e pérfida como a do nosso querido camarada Oswaldo, portanto vamos com toda calma do mundo observar o que aconteceu durante a adolescência dessa pessoa magnifica.
Aos dezoito anos já estava ele sentado no banquinho azul do balcão, no bar do seu Carlos, logo ali na Augusta com a Dna. Antonia. Não dava pra saber se ele havia chego pela manhã ou se estivera sentado ali durante toda a madrugada a observar as pernas e os peitos das putas. O seu Carlos mesmo, meio velho e senil, já nem percebia o figura no banquinho, apenas se dispunha a dosar uma parcela de sua garrafa de Velho Barreiro de hora em hora e refilar as garrafas de cerveja nas camisinhas postas sobre o balcão.
Todo mundo que vê um bêbado no bar logo pensa, "tá lá, pinguço miseravel, todo mundo conhece, pindura todas e passa a noite no botequim", mas nesse caso, meus caros amigos, tal afirmação deve ser friamente descartada. Ninguém sabia o nome do Oswaldo, nem de onde ele vinha, o que fazia ou quem era sua família (embora todos conhecessem sua mãe muito bem, mas sem ligar o nome a pessoa). Sentava, tomava suas cachaças e suas cervejas e partia sem dizer uma palavra, sem fazer o menor alarde, sem cruzar o olhar com qualquer vagabundo presente no digníssimo estabelecimento. O Oswaldo era assim, uma sombra bebada caminhando rua abaixo em direção ao centro.
As únicas que sabiam quem o rapaz era de fato, nada podiam falar. As prostitutas as quais o jovem rapaz se utilizava para relaxar vez ou outra, eram pagas em dobro para não contar a senhora sua mãe que seu filho preferido andava comendo no mesmo prato que outros homens, e ao mesmo tempo sua mãe pagava uma mesada para as prostitutas não contarem a seu filho que ela se vendia nos puteiros do Anhangabaú, ou seja, nunca pagaram tão bem por um segredo que ninguém precisaria saber que não se tratava mais de segredo algum. Silêncio rentável!
Em meio as noitadas de cachaça e sexo por alguns cruzados, Oswaldo deu de frente com alguns riquinhos do Mackenzie, boêmios, que usavam roupas largadas e pelos do peito a mostra com suas camisas desabotoadas. Esses mesmos rapazes que tocavam violão na porta do boteco em meio a manguaça alheia, transformaram o Oswaldo em mascote do grupo, não por sua inteligência nata de Homo Sapiens, mas por sua capacidade de ir buscar outra cerveja quando todas as garrafas na mesa estivessem vazias, sem nem mesmo precisar pedir ou perguntar.
Alguns anos a frente, desse grupo de amigos, alguns teriam dó e lhe ajudariam a achar o emprego ao qual permaneceria pelo resto de sua vida, não porque ele merecesse, mas porque alguém ainda teria de se levantar da mesa para buscar outra gelada, e esse trabalho já pertencia ao mascote do grupo.
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