Puxou a pequena caixa metálica do bolso e abriu com um leve balanço dos dedos. Com outro movimento afastou o fino papel e recolheu uma das pequenas balas brancas, mentoladas, suas favoritas.
Pondo na boca, parou um segundo até sentir o sabor doce se espalhar pela língua. Agora era a hora para o segundo movimento.
Sacou de outro bolso o pacote de cigarros, finos, suaves e logo acendeu um. Puxou ar com os pulmões forçando a primeira tragada, para que o cigarro iniciasse sua destruição.
Malditos, pensou ele, pois colocam açúcar na ponta para que se tenha a sensação de doçura ao se matar. Mas não era assim o leve sabor da morte? Tão doce, suave, sereno? Sim, era assim que tinha de ser, e uma hora isso iria doer de verdade.
Então o processo estava finalizado. Ouvia o queimar do papel, seus leves estalidos a cada puxada de fumaça para dentro dos pulmões. E como se não bastasse a doçura do cigarro, a doçura da pequena bala que pretejava e diminuía, a tontura provocada a cada trago, vinha a certeza de estar sozinho, ou pelo menos o bastante para se deliciar com sua decadência.
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