14 de agosto de 2008

Paranóia (parte 3)

Após horas passadas, sentada na cama tentando chegar a uma conclusão da melhor forma de alcançar o pacote, acariciando sua Beretta como quem afaga a um gato, levantou com um pulo da cama.
Andou vagarosamente até a porta, tomando cuidado para não produzir nenhum ruído. Claro, se alguém sequer ousasse descobrir que ela chegava perto da porta poderia esperar pelo melhor momento para atirar através da placa fina de madeira e a atingir em cheio no peito, sem qualquer possibilidade de proteção ou desvio.
Olhou através do olho magico na tentativa de demarcar o quão longe estava o pacote da porta. Se abrisse a uma boa velocidade, talvez pudesse pegar o pacote e fechar a porta em menos de 20 segundos sem correr qualquer risco, mas não podia se dar ao luxo de entregar-se a possibilidade de falhar, passar mais tempo exposta ao perigo e morrer por uma atitude incrivelmente ridícula. Devia pensar em coisa melhor a fazer...
A saída de incêndio! Claro! Como não havia pensado nela antes!
Trocaria de roupa, usaria algo que certamente ela não usaria, fazendo se passar por outra pessoa. Sairia pela janela que dá acesso a escada de incêndio, descendo as escadas vagarosamente, para não fazer barulho ou chamar atenção dos transeuntes presentes no beco que fica atrás de seu prédio.
Sairia para a rua e se juntaria a massa de pessoas que passam por ali, e ao se aproximar da porta principal, entraria pelo Hall do prédio rapidamente, fingindo estar com pressa para chegar a seu destino, evitando assim qualquer incursão do porteiro ou algum conhecido que conseguisse reconhecer seu rosto por debaixo do grande chapéu negro, estilo Carmen Sandiego.
Subiria pelas escadas para evitar qualquer um que entrasse pelo elevador, e ao chegar ao andar de seu apartamento, esperaria alguns minutos na porta da escada para ter certeza de que o andar estaria vazio. Sacaria a arma, entraria de uma vez só, e atirando se fosse preciso, saltaria para o pacote no chão, o agarraria com todas as forças, se jogaria quanto a porta onde Fluffy estaria pronto para abrir a porta na hora certa, e também atirar se fosse preciso. Armado até os dentes, ele certamente transformaria qualquer bandido em uma peneira!
Arrumou-se toda, mergulhou em seu armário e lá ficou durante uma boa meia hora até encontrar a roupa perfeita, algo que fosse um bom disfarce mas que não atrapalhasse na hora da ação. Ativou todas as armadilhas e alarmes, arma na cintura, Fluffy parado sobre a cama, virado para a porta, apoiado em uma outra Beretta, tudo pronto para a ação.
Deu uma ultima olhada no pacote pelo olho magico, andou novamente até a janela, a qual abriu com grande esforço, e olhando para as escadas enferrujadas, respirou fundo e esticou uma das pernas por cima do batente. Droga de saia, pensou, já estava dando trabalho!

Um comentário:

Jaque disse...

Então é por isso que eu nao uso saia quase nunca , só no inverno ....Dá pra terminar ainda hoje senão eu nao durmo ? VALEU!


Jaque