19 de junho de 2009

Devaneios da Arte e Desejos Contidos


A uns meses atrás tomei uma brilhante decisão em minha vida, que até então seguia medíocre, de balada em balada, garrafas de cerveja, whiskys baratos, mesas de sinuca tombadas e um punhado de musicas e textos.
Fiz minha inscrição no vestibular para Artes Visuais, prestei a prova, passei com mérito e dia oito de Agosto recomeço minha vida de estudante.
Nesse meio tempo, decidi mergulhar fundo e consumir todo e qualquer tipo de informação referente ao meio em que pretendo me infiltrar, e, como não poderia deixar de ser, optei por começar naquele que tenho mais gosto. O cinema!
Tenho assistido de tudo um pouco, desde blockbusters hollywoodianos até westerns filmados na base de filmadoras digitais, provavelmente compradas em lojas de penhores.
Me deparei com coisas boas e coisas ruins (muito ruins), mas até mesmo os piores filmes conseguiram me mostrar alguma coisa de bom.
Após um pequeno problema intestinal que me segurou em casa mais que o normal, culminando em uma falta não programada no trabalho, recorri as três opções que me eram devidas:

1 - Parar de comer tranqueiras;
2 - Dois dedos de água, duas colheres de sopa de maizena e meio limão espremido (valeu vovó Olga!);
3 - Me entreter com algum filme nos momentos em que permaneci fora do banheiro.

Um pouco exausto de aventuras e dramalhões, optei por assistir um documentário, que, a principio, me pareceu terrível pela proposta, mas que em determinado momento me atingiu com uma ideia sutil e me entregou de bandeja algumas boas verdades sobre a vida.
Trata-se de "I'm a Sex Addict", escrito, dirigido e apresentado por Caveh Zahedi.
O documentário é sobre a vida do próprio diretor, onde ele conta que, em determinado momento, com problemas no casamento envolvendo brigas e puro desinteresse, acaba por procurar sexo com prostitutas, e o que era apenas para se tornar um simples "desabafo", vira uma busca incansável, de mulher em mulher, por prazer e por um relacionamento aberto.
O camarada é meio insano, tem varias mulheres ao longo de alguns anos, explica para elas essa necessidade sexual intensa, mas claramente não é aceito por elas da forma como ele espera que seja, o que o faz procurar por ajuda profissional.
O interessante no filme é um momento em especifico em que, ao levar uma relação mais aberta com uma de suas parceiras, se vê frente a um pequeno detalhe.
Sua parceira tem um problema grave com bebidas, está quase sempre bebada, destroi um quarto de hotel, eles se separam e decidem por fim ao que ele acreditava ser o relacionamento perfeito.
O caso é que ele percebe que todos tem alguma fraqueza, algum ponto onde tentamos sempre nos curar, mas que dia após dias caímos de joelhos e nos entregamos facilmente.
O dele era sexo, o dela era bebidas... e o nosso, qual é?
Sou um romântico incurável, minhas recaídas são por momentos de nostalgia em que me lembro de poucos bons momentos que vivi ao lado de pessoas que não me deram tanto valor.
Cai no erro inúmeras vezes de tentar reconciliar, viver novamente aquele sonho despedaçado, insistir em tentar novamente, e acabar como antes, enfiado em algum canto chorando sozinho.
Agora não sei se sou viciado em momentos de tristeza, ou simplesmente gosto dessa dor de não ter o carinho que quero.
Não importa, tenho essa carência afetiva meio maluca, isso me acompanha a algum tempo e nem sei se tem cura por intermédio de terapia ou coisa parecida que não seja uma boa companhia.
Desse pequeno vicio, me recomponho aos poucos, mas sabendo que cair de joelhos é como o cair da noite. Não vai tardar a vir novamente.
Enquanto isso reflito sobre o inicio das aulas e de uma frase dita por uma moça muito doce.
"A grande verdade é que todo artista cumpre melhor seu papel de criador nos momentos mais trágicos. Você é assim com seu papel e caneta, e logo poderá ser com um pincel e tinta."
Não me imagino morrendo como Van Gogh, vitima de suas próprias alucinações e neuras, com um tiro no peito e dois dias para sangrar sozinho em um quarto, mas por hoje, uso de suas palavras, que na realidade foram apenas extraídas de um livro que ele gostava muito por sinal:

"Meu melhor quadro é aquele que imaginei deitado na cama, através da fumaça do cachimbo e que nunca cheguei a pintar"
-Joris-Karl Huysmans-

ou ainda:

"La tristesse durera toujours"
-Vincent van Gogh-

3 comentários:

Jonas Abreu disse...

sei como se sente...

Vernix disse...

Tenho algumas palavras pra dizer... sobre o que vejo e talvez possa ajudar. Num momento mais oportuno beberemos e conversaremos.

Deixo aqui o registro, apenas pra não pensar que o texto passou despercebido pois por algumas vezes me vi em situações semelhantes.

Piero M. disse...

Será ilusão minha? Meus irmãos deixando comentarios em meu texto?

Fiquem tranquilos senhores, não existe problema que não possa ser resolvido, e não existe problema, logo, tudo está bem!

E digo mais, estou feliz sim, muito obrigado!

^^