Sentimentalismos, musicas, contos, crônicas e todo tipo de coisa e detalhe que poderia passar desapercebido.
30 de junho de 2009
A Raposa
Dos campos de trigo me chegam lembranças
de teus passos cruzando o caminho
pequenos pés saltando distancias
seguindo assim sozinho
Me chega de repente
pergunta quem sou
não me vê como gente
mas não sente temor
Sou a raposa
do desejar e sentir-se desejado
sou a força
para não esquecer de seus laços
Sou bicho e sou homem
ou seria eu o contrario?
somos iguais no ponto de vista
mais visitas e saberá do que falo
Procura por homens
que empunham facas e machados
me caçam, me querem morto
e esquecem de seus próprios passados
Minha verdade é assim inconcebível
é o bem e o mal enlatados
não considera a realidade como todo
já que o que vence é sempre o fato
O bom para mim pode não ser para você
e o que outros fizerem pode não ser justificado
mas o momento não impõe facilidade
um dia poderei ser sacrificado
Por isso não venha cedo
não chegue sempre no horário
a rotina mata toda a surpresa
aos olhos de quem é observado
Sente aqui comigo
me deixe ver seus sonhos guardados
esperemos o por do sol
em mais um dia memorável
E seremos dois em cem mil
não mais iguais a todos os outros
raposas sobre a macieira
cuidando de nossos frutos amados
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
- Fala da Raposa, do livro O Pequeno Príncipe, escrito por Antoine de Saint-Exupéry-
19 de junho de 2009
Devaneios da Arte e Desejos Contidos
A uns meses atrás tomei uma brilhante decisão em minha vida, que até então seguia medíocre, de balada em balada, garrafas de cerveja, whiskys baratos, mesas de sinuca tombadas e um punhado de musicas e textos.
Fiz minha inscrição no vestibular para Artes Visuais, prestei a prova, passei com mérito e dia oito de Agosto recomeço minha vida de estudante.
Nesse meio tempo, decidi mergulhar fundo e consumir todo e qualquer tipo de informação referente ao meio em que pretendo me infiltrar, e, como não poderia deixar de ser, optei por começar naquele que tenho mais gosto. O cinema!
Tenho assistido de tudo um pouco, desde blockbusters hollywoodianos até westerns filmados na base de filmadoras digitais, provavelmente compradas em lojas de penhores.
Me deparei com coisas boas e coisas ruins (muito ruins), mas até mesmo os piores filmes conseguiram me mostrar alguma coisa de bom.
Após um pequeno problema intestinal que me segurou em casa mais que o normal, culminando em uma falta não programada no trabalho, recorri as três opções que me eram devidas:
1 - Parar de comer tranqueiras;
2 - Dois dedos de água, duas colheres de sopa de maizena e meio limão espremido (valeu vovó Olga!);
3 - Me entreter com algum filme nos momentos em que permaneci fora do banheiro.
Um pouco exausto de aventuras e dramalhões, optei por assistir um documentário, que, a principio, me pareceu terrível pela proposta, mas que em determinado momento me atingiu com uma ideia sutil e me entregou de bandeja algumas boas verdades sobre a vida.
Trata-se de "I'm a Sex Addict", escrito, dirigido e apresentado por Caveh Zahedi.
O documentário é sobre a vida do próprio diretor, onde ele conta que, em determinado momento, com problemas no casamento envolvendo brigas e puro desinteresse, acaba por procurar sexo com prostitutas, e o que era apenas para se tornar um simples "desabafo", vira uma busca incansável, de mulher em mulher, por prazer e por um relacionamento aberto.
O camarada é meio insano, tem varias mulheres ao longo de alguns anos, explica para elas essa necessidade sexual intensa, mas claramente não é aceito por elas da forma como ele espera que seja, o que o faz procurar por ajuda profissional.
O interessante no filme é um momento em especifico em que, ao levar uma relação mais aberta com uma de suas parceiras, se vê frente a um pequeno detalhe.
Sua parceira tem um problema grave com bebidas, está quase sempre bebada, destroi um quarto de hotel, eles se separam e decidem por fim ao que ele acreditava ser o relacionamento perfeito.
O caso é que ele percebe que todos tem alguma fraqueza, algum ponto onde tentamos sempre nos curar, mas que dia após dias caímos de joelhos e nos entregamos facilmente.
O dele era sexo, o dela era bebidas... e o nosso, qual é?
Sou um romântico incurável, minhas recaídas são por momentos de nostalgia em que me lembro de poucos bons momentos que vivi ao lado de pessoas que não me deram tanto valor.
Cai no erro inúmeras vezes de tentar reconciliar, viver novamente aquele sonho despedaçado, insistir em tentar novamente, e acabar como antes, enfiado em algum canto chorando sozinho.
Agora não sei se sou viciado em momentos de tristeza, ou simplesmente gosto dessa dor de não ter o carinho que quero.
Não importa, tenho essa carência afetiva meio maluca, isso me acompanha a algum tempo e nem sei se tem cura por intermédio de terapia ou coisa parecida que não seja uma boa companhia.
Desse pequeno vicio, me recomponho aos poucos, mas sabendo que cair de joelhos é como o cair da noite. Não vai tardar a vir novamente.
Enquanto isso reflito sobre o inicio das aulas e de uma frase dita por uma moça muito doce.
"A grande verdade é que todo artista cumpre melhor seu papel de criador nos momentos mais trágicos. Você é assim com seu papel e caneta, e logo poderá ser com um pincel e tinta."
Não me imagino morrendo como Van Gogh, vitima de suas próprias alucinações e neuras, com um tiro no peito e dois dias para sangrar sozinho em um quarto, mas por hoje, uso de suas palavras, que na realidade foram apenas extraídas de um livro que ele gostava muito por sinal:
"Meu melhor quadro é aquele que imaginei deitado na cama, através da fumaça do cachimbo e que nunca cheguei a pintar"
-Joris-Karl Huysmans-
ou ainda:
"La tristesse durera toujours"
-Vincent van Gogh-
Fiz minha inscrição no vestibular para Artes Visuais, prestei a prova, passei com mérito e dia oito de Agosto recomeço minha vida de estudante.
Nesse meio tempo, decidi mergulhar fundo e consumir todo e qualquer tipo de informação referente ao meio em que pretendo me infiltrar, e, como não poderia deixar de ser, optei por começar naquele que tenho mais gosto. O cinema!
Tenho assistido de tudo um pouco, desde blockbusters hollywoodianos até westerns filmados na base de filmadoras digitais, provavelmente compradas em lojas de penhores.
Me deparei com coisas boas e coisas ruins (muito ruins), mas até mesmo os piores filmes conseguiram me mostrar alguma coisa de bom.
Após um pequeno problema intestinal que me segurou em casa mais que o normal, culminando em uma falta não programada no trabalho, recorri as três opções que me eram devidas:
1 - Parar de comer tranqueiras;
2 - Dois dedos de água, duas colheres de sopa de maizena e meio limão espremido (valeu vovó Olga!);
3 - Me entreter com algum filme nos momentos em que permaneci fora do banheiro.
Um pouco exausto de aventuras e dramalhões, optei por assistir um documentário, que, a principio, me pareceu terrível pela proposta, mas que em determinado momento me atingiu com uma ideia sutil e me entregou de bandeja algumas boas verdades sobre a vida.
Trata-se de "I'm a Sex Addict", escrito, dirigido e apresentado por Caveh Zahedi.
O documentário é sobre a vida do próprio diretor, onde ele conta que, em determinado momento, com problemas no casamento envolvendo brigas e puro desinteresse, acaba por procurar sexo com prostitutas, e o que era apenas para se tornar um simples "desabafo", vira uma busca incansável, de mulher em mulher, por prazer e por um relacionamento aberto.
O camarada é meio insano, tem varias mulheres ao longo de alguns anos, explica para elas essa necessidade sexual intensa, mas claramente não é aceito por elas da forma como ele espera que seja, o que o faz procurar por ajuda profissional.
O interessante no filme é um momento em especifico em que, ao levar uma relação mais aberta com uma de suas parceiras, se vê frente a um pequeno detalhe.
Sua parceira tem um problema grave com bebidas, está quase sempre bebada, destroi um quarto de hotel, eles se separam e decidem por fim ao que ele acreditava ser o relacionamento perfeito.
O caso é que ele percebe que todos tem alguma fraqueza, algum ponto onde tentamos sempre nos curar, mas que dia após dias caímos de joelhos e nos entregamos facilmente.
O dele era sexo, o dela era bebidas... e o nosso, qual é?
Sou um romântico incurável, minhas recaídas são por momentos de nostalgia em que me lembro de poucos bons momentos que vivi ao lado de pessoas que não me deram tanto valor.
Cai no erro inúmeras vezes de tentar reconciliar, viver novamente aquele sonho despedaçado, insistir em tentar novamente, e acabar como antes, enfiado em algum canto chorando sozinho.
Agora não sei se sou viciado em momentos de tristeza, ou simplesmente gosto dessa dor de não ter o carinho que quero.
Não importa, tenho essa carência afetiva meio maluca, isso me acompanha a algum tempo e nem sei se tem cura por intermédio de terapia ou coisa parecida que não seja uma boa companhia.
Desse pequeno vicio, me recomponho aos poucos, mas sabendo que cair de joelhos é como o cair da noite. Não vai tardar a vir novamente.
Enquanto isso reflito sobre o inicio das aulas e de uma frase dita por uma moça muito doce.
"A grande verdade é que todo artista cumpre melhor seu papel de criador nos momentos mais trágicos. Você é assim com seu papel e caneta, e logo poderá ser com um pincel e tinta."
Não me imagino morrendo como Van Gogh, vitima de suas próprias alucinações e neuras, com um tiro no peito e dois dias para sangrar sozinho em um quarto, mas por hoje, uso de suas palavras, que na realidade foram apenas extraídas de um livro que ele gostava muito por sinal:
"Meu melhor quadro é aquele que imaginei deitado na cama, através da fumaça do cachimbo e que nunca cheguei a pintar"
-Joris-Karl Huysmans-
ou ainda:
"La tristesse durera toujours"
-Vincent van Gogh-
13 de junho de 2009
Dia dos Abandonados
Não recebi cartões
não recebi flores
não recebi beijos apaixonados
não percebi se algo mudou
O sol veio e se foi
a lua me convidou duas vezes
e nela mergulhei
buscando seu lado escuro
Não dei telefonemas românticos
não ofereci abraços
não acordei do lado
não percebi se alguém se lembrou
O dia passou
dores antigas me visitaram
e nada pude fazer
apenas aceitar
Não respirei fundo
não olhei fundo nos olhos
não sonhei em ser feliz
não pensei na eternidade
Trabalho para ver se o tempo passa
o tempo que me abandona
que quando volto sozinho
me traz a companhia da solidão
Não encontrei meu amor
não lhe disse o quanto desejo
não senti saudade
porque não tinha nada para se sentir
não recebi flores
não recebi beijos apaixonados
não percebi se algo mudou
O sol veio e se foi
a lua me convidou duas vezes
e nela mergulhei
buscando seu lado escuro
Não dei telefonemas românticos
não ofereci abraços
não acordei do lado
não percebi se alguém se lembrou
O dia passou
dores antigas me visitaram
e nada pude fazer
apenas aceitar
Não respirei fundo
não olhei fundo nos olhos
não sonhei em ser feliz
não pensei na eternidade
Trabalho para ver se o tempo passa
o tempo que me abandona
que quando volto sozinho
me traz a companhia da solidão
Não encontrei meu amor
não lhe disse o quanto desejo
não senti saudade
porque não tinha nada para se sentir
9 de junho de 2009
Ondas
São quatro horas da tarde e as ondas se acabam na areia da praia.
O céu está cinza em um reflexo da vontade divina de enviar uma garoa fina para lavar a alma dos poucos que caminham desapressados pela orla.
Me sento na mureta de contenção para observar o movimento constante do mar, buscando nele a mesma paz que leva e traz a água de tão longe.
Lá longe, sentada na areia macia, vejo meu bem.
Os cabelos soltos, posto em volta do pescoço como um casaco levemente avermelhado.
Blusa justa ao corpo dando forma a suas linhas delicadas e bem feitas.
Saia longa de tecido claro, cobrindo até seus tornozelos.
Pés descalços, dedos que brincam com a areia branca.
Mãos jogadas para trás, agarrando a areia em sustentação ao corpo levemente posto para trás.
Os olhos presos no horizonte como quem espera a chegada daquilo que sempre sonhou, e um sorriso pequeno, quase imperceptível., mas que se denuncia por um leve movimento em seus lábios.
Ao longe escuto Jorge Bem cantando as palavras que sonho em dizer:
"Por causa de você bate em meu peito, baixinho, quase calado, um coração apaixonado por você menina, que não sabe quem eu sou. Menina, que não conhece meu amor."
Talvez não precise dizer nada.
Talvez o silêncio de minha voz e o trovejar das ondas já sejam suficientes para indicar o que Jorge Bem canta ao longe.
Esfrego o rosto para tirar um pouco da areia carregada pela brisa, e isso é o suficiente para entender minha miragem.
É tarde, não existe rastro de minha beldade na areia, e o que me resta são um céu cinza e as ondas levando meus sonhos para distante de onde posso ver.
O céu está cinza em um reflexo da vontade divina de enviar uma garoa fina para lavar a alma dos poucos que caminham desapressados pela orla.
Me sento na mureta de contenção para observar o movimento constante do mar, buscando nele a mesma paz que leva e traz a água de tão longe.
Lá longe, sentada na areia macia, vejo meu bem.
Os cabelos soltos, posto em volta do pescoço como um casaco levemente avermelhado.
Blusa justa ao corpo dando forma a suas linhas delicadas e bem feitas.
Saia longa de tecido claro, cobrindo até seus tornozelos.
Pés descalços, dedos que brincam com a areia branca.
Mãos jogadas para trás, agarrando a areia em sustentação ao corpo levemente posto para trás.
Os olhos presos no horizonte como quem espera a chegada daquilo que sempre sonhou, e um sorriso pequeno, quase imperceptível., mas que se denuncia por um leve movimento em seus lábios.
Ao longe escuto Jorge Bem cantando as palavras que sonho em dizer:
"Por causa de você bate em meu peito, baixinho, quase calado, um coração apaixonado por você menina, que não sabe quem eu sou. Menina, que não conhece meu amor."
Talvez não precise dizer nada.
Talvez o silêncio de minha voz e o trovejar das ondas já sejam suficientes para indicar o que Jorge Bem canta ao longe.
Esfrego o rosto para tirar um pouco da areia carregada pela brisa, e isso é o suficiente para entender minha miragem.
É tarde, não existe rastro de minha beldade na areia, e o que me resta são um céu cinza e as ondas levando meus sonhos para distante de onde posso ver.
8 de junho de 2009
Edredon Vermelho
Fecho os olhos quando o sol chega
sonhos dispersos num edredon vermelho
repasso detalhes de uma conversa
dispenso o frio insistente
Vejo imagens desconhecidas
fotos de uma boneca de cera
invado seus pensamentos selvagens
ordenados com tamanha delicadeza
Forjo os planos de fuga
para um casal na auto estrada
uma praia, um lugar qualquer
onde acordar seja desnecessário
Sinto as algemas que me prendem
me inibem de sair em disparada
desse lugar onde a solidão me perturba
para debaixo de teu calor e aconchego
E quando em um quadro ver tuas obras
poderei sentir a profundidade de teus olhos
o toque delicado das mãos a boca
o cabelo que lhe esconde a face
Nos geranios vou buscar teu perfume
encontrar uma pista do seu real
imaginar o que mais tens a dizer
estar aberto ao que possa me perguntar
Me deito quando o dia se estreita
sonhos repletos de curiosidade e segredos
repasso visões em uma janela
dispenso a solidão frequente
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