22 de maio de 2009

Luz acesa


Deixei a luz da sala acesa
para quando você chegar
e que venha num sussurro
no limiar
Espero que venha logo
no inicio do dia
na primeira hora
que surja para a vida
Não espero que me entenda
ou que me veja com outros olhos
talvez me proteja
que me tenha em seu colo
Não tem comida pronta
nem um gato para se enroscar
tenho meus olhos
talvez possa sonhar
Deixei a porta aberta
para quando você chegar
e paginas em branco
um desejo de amar
Me faz tanta falta
e isso espero que saiba
pois nessas noites frias
não me sobra mais nada
E que venha de galochas
guarda chuva aberto
pois aquela nuvem cinza
sempre está por perto
Não tenho muitos desejos
nem mesmo muitos segredos
nada que não possa descobrir
ou que não possa me aconselhar
Deixei meus olhos abertos
para quando você chegar
e uma musica soando baixo
para que eu possa acreditar

16 de maio de 2009

A Forra

Já chegou a noite
e é hora de pintar meu rosto
vestir minha melhor roupa
e ir a guerra
para pegar o que é meu
Serei seu pior pesadelo
o fantasma em sua sombra
você vai onde estou
e te persigo nos pensamentos
Ei garota
não pense que é por maldade
ou uma espécie de vingança
quero apenas ir a forra
ignorar os que estiverem em meu caminho
recuperar minha felicidade
Meu sorriso negro
de lábios mortos por teu antigo veneno
vou despir-me do fino véu da morte
dissipar a doce e lenta agonia
Não espere que o tempo passe
será rápido para mim, lento para você
e na melhor das hipóteses
alguém enxugue tuas falsas lágrimas
Ei garota
tente resistir ao pessimismo
as coisas não poderiam estar pior
pois não se trata de vingança
mas apenas alguém que quer ir a forra

Interessante é encontrar essa poesia em uma agenda antiga que tenho. Lembrar dos motivos que me levaram a escrever tais palavras...
Passaram cinco anos desde que se fez necessário tanta raiva, e agora tudo volta de uma forma inesperada.
Já dizia Cazuza "Eu vejo o futuro repetir o passado/ Eu vejo um museu de grandes novidades/ O tempo não para"

15 de maio de 2009

Ao Dormir


Deito em minha cama, fim de madrugada.

Fecho meus olhos por um instante.

Na escuridão detrás das minhas pálpebras milhares de imagens se formam, contorcidas, desfiguradas.

São pessoas, lugares, palavras soltas, rostos sorrindo, gritando, a repetição de momentos novos e antigos, e em poucos segundos tudo desaparece.

A escuridão volta, mas não como aquele breu clássico por falta de luz, mas uma escuridão pálida, tons de cinza, como se na realidade fosse uma sala de paredes altas e fundo infinito por onde eu teria de utilizar de varias outras vidas para percorrer e conhecer, e uma estranha sensação que, num canto qualquer, alguém se põe de pé, me observando atentamente, braços cruzados, apenas aguardando o momento certo para movimentar-se em minha direção.

Não sei porque está ali, ou porque me observa, mas esteve sempre ali. E ainda que hoje eu já tenha me acostumado com sua imagem aparecendo como um fantasma que desaparece ao ser percebido, permaneço atento a qualquer movimento seu, por mínimo que seja.

Me atacando ou me protegendo, é bom manter a sensação que o tenho sob controle enquanto o tenho em meu ângulo de visão. Se é que posso chamar isso de ver alguma coisa concreta.

Logo mais as sensações mudam, uma explosão de cores fortes, como se eu estivesse dentro de um acontecimento terrível, de observador.

Tudo se move com velocidade sem igual, não tenho tempo para me apegar a detalhes ou tentar descobrir o que se passa, mas apenas me concentrar para que não perca meus sentidos.

Mas é tarde porque sempre perco.

Me vejo em sonhos estranhos, onde pesadelos não me fazem ter medo, assim como sustos ou a morte.

Se levo um tiro, se me cortam, se me ferem de alguma forma, sinto meu corpo cair suavemente, como uma pluma encontra o chão, e me levanto em seguida como se nada tivesse acontecido.

Na grande maioria dos sonhos, perco a paciência, imagino que possa ter coisa melhor a fazer e começo a voar. Simplesmente vou para o alto, e para nenhum lugar em especifico. Apenas começo a voar, e essa é uma das melhores sensações que tenho quando sonho.

As vezes também encontro outra pessoa, sinto amor por ela, de uma forma tão pura, tão linda, tão repleta que desejo fortemente que tudo seja real, que não se acabe ao amanhecer, e tento o máximo possível segurar aquele momento, congelar toda a cena, ainda que meus esforços sejam em vão.

Não acredito que um dia eu seja capaz de sentir essas sensações maravilhosas enquanto acordado, mas meus sonhos lúcidos servem exatamente para me oferecer, em doses homeopáticas, essa lembrança de algo bom.

Meu celular vibra no chão de madeira quando chega a hora de despertar, fazendo um ruído que provavelmente iria acordar o morador do andar de baixo caso ele tivesse o mesmo relógio biológico insano que o meu.

Levanto calmamente, anoto os sonhos que tive em um bloco cinza, e vou tentando traduzir tudo o que vi ao dormir. Não que eu vá chegar em algum lugar, mas tem alimentado bem minha imaginação com coisas que poderiam bem ser verdade.

14 de maio de 2009

Mais uma noite


Uma e meia da madrugada e volto para a casa.
Desci do ônibus, dei boa noite para uma amiga que me acompanha até aquele ponto do caminho, puxo os fones de ouvido para fora do bolso e inicio a segunda parte da minha jornada de retorno.
Uma musica antiga cheia de lembranças salta para dentro de minha cabeça, inundando meus pensamentos de nostalgia e reabrindo velhas feridas que pensei ter largado no esquecimento.
Mas não me entrego, balanço a cabeça para tentar escapar da armadilha, aperto o passo e foco minha atenção para o caminho a frente.
Um gato, amigo de poucos dias, pula o portão de sua casa poucos segundos antes de eu chegar, e logo vem me afagar a perna e me cumprimentar com seus miados.
Olá bom amigo! Linda noite não acha?
Para mim é só mais uma noite de nostalgia.
Acaricio sua cabeça, dou um sorriso, meus cumprimentos, boa noite, sigo em frente.
Vejo um grupo de rapazes em um bar. Todos bebados, gritando, soltando piadas e comentários que só eles, no cumulo da embriagues, seriam capazes de compreender.
Penso por um instante em me unir aos celebradores noturnos, mas porque levar minha tristeza a um grupo tão alegre?
Como uma piada, daquelas que apenas quem conta vê alguma graça, a musica recomeça. Devo ter colocado para repetir e não percebi.
Novamente as lembranças retornam, dançando freneticamente em meus devaneios lúcidos.
Mas não vou me entregar, nem derramar um punhado de lágrimas que não terão sentido nem valor para ninguém. Torno a me concentrar no caminho e sigo para casa.
Só mais uma noite... só mais uma...

10 de maio de 2009

Notas

1- Lembrar de, na próxima vez que encontrar a moça que deveria deixar os cabelos soltos, pedir o telefone, e-mail, endereço e toda e qualquer forma para entrar em contato com ela;
2- Tomar o maldito remédio corretamente ou essa tosse maldita não vai parar;
3- Se possível, mandar certas pessoas para o inferno com direito a passagem de ida na primeira classe. Para ficar mais interessante, sabe...;
4- Preparar textos interessantes ao invez de escrever qualquer coisa e achar que é valido de post;
5- Nem tudo o que eu acho pertinente é de fato pertinente;
6- Baladas são baladas e devem ser tratadas como tal, e não como campo de caça;
7- Se beber cerveja, beba só cerveja. Se tomar qualquer outra coisa, sinto muito;
8- Não esquecer as notas

É, acho que por enquanto é o suficiente...

9 de maio de 2009

Carta aos Amigos

Queridos amigos:

Fico feliz que estejam bem ai, sentados nas arquibancadas dando seus urros de emoção enquanto aqui em baixo, nas trincheiras, enfrento saraivadas a todo instante.
O campo no qual caminho é largo, talvez maior do que minhas pernas possam percorrer, com trechos fáceis de ultrapassar e outros forrados de campo minado e outras formas utilizadas para massacrar qualquer louco o suficiente que se aventure.
Eu? Bem, tenho meu toque insano, e é o que tem me mantido vivo.
Os dias são quentes como o inferno e as noites gélidas demais, mas tenho conseguido superar bem esses problemas, pois não a nada que depois de algum tempo não se possa acostumar.
Não carrego armas, não tenho granadas presas na cintura, não uso colete e não passa por minha cabeça investir contra meu oponente, ou sequer me defender de seus ataques constantes, até porque nessa guerra sem escrúpulos, todos os disparos são feitos para o alto por uma razão de distancia entre atirador e alvo que nunca será percorrida.
Precisão é um sonho para aquele que aperta o gatilho tão pretenciosamente.
As vezes interrompo minha caminhada para observar vocês ai, sentados tranquilamente, mastigando um sanduiche, bebendo um refrigerante, conversando entre si sobre o episódio de ontem da novela das seis.
Não os culpo, e de qualquer forma nem poderiam me ajudar, da mesma forma que eu não poderei quando a situação inverter e eu me tornar um desses espectadores.
Cada um trava suas próprias batalhas com as forças que tem, e cada um sabe bem as dificuldades, as dores e as injustiças as quais somos passivamente domesticados durante tanto tempo para aprender no fim das contas que alguma lição poderemos tirar disso tudo, ainda que seja algo inútil.
Quanto a meu inimigo, ele é um só, disso eu bem sei. O problema real é definir quem é, tendo em vista que em determinados momentos pode ter minha aparência, e as vezes ser exatamente quem eu menos espere que seja, como agora, por exemplo.
Mas dentre tantos problemas, esse é o menor deles.
Fico contente por vocês estarem ai, todos muito bem, apreciando essa perda de tempo que ocorre aqui nas trincheiras.
Assim que possível mandarei novas noticias e não se preocupem comigo. Vou ficar bem!

8 de maio de 2009

Velho

Estou velho.

Tenho oitenta anos agora e a certeza de que vivi muito mais do que todos esses anos seriam capaz de suportar, e hoje, olho pela janela desse apartamento minúsculo e sinto raiva.

Não existe horizonte daqui, prédios se ergueram como eu me levantava a cada manhã de domingo passado, um de cada vez, barrando qualquer visão além de 50 metros adiante.

Vejo o sistema de limpeza do apartamento ao lado entrar em ação com um tubo de sucção pendendo do teto em busca de pó atrás dos móveis metálicos, como uma imensa cobra se esgueirando pelo teto com seus olhos vermelhos avidos por mais trabalho.

Na rua vejo os garotos, malditos cyberpunks enfiando chips de conhecimento em suas cabeças calvas perfuradas por entradas USB. Fumam e se drogam esperando que a conexão com o que eles chamam de realidade torne-se mais veloz, mais real que os hologramas oferecendo novos equipamentos eletronicos na vitrine blindada da loja de micro-computadores portáteis.

O que posso dizer é que não me rendi a todo esse lixo.

Não tenho nenhum cabo preso a meu corpo e nem orgãos sintéticos dentro do peito.

Estou quase cego e nem por isso vou gastar meus últimos centavos em um maldito implante de lentes de alta resolução que vão substituir meus olhos por um vidro espelhado que me deixaria com cara de abelha. Prefiro seguir com meus óculos de aro plástico, tão convencionais, ultrapassados.

Quantas guerras já passaram para mostrar ao mundo que a paz não voltaria, quantas doenças teoricamente incuráveis apareceram do nada para serem tratadas e curadas, quantos presidentes vieram para dizer que a realidade não seria destruída por essa ideia masoquista de utopia cybernética, e quantos presidentes foram assassinados, depostos, quantos desistiram, quantos enlouqueceram e quantos concordaram em aceitar que o mundo agora era um pacote de merda sem solução, impregnado por uma raça de seres que pouco se importavam com a vida, mas sim com a própria sobrevivência enquanto lhes era possível sobreviver.

Estou velho para tudo isso, para essas discussões sem fundamento algum onde homens colocam seus rostos frente a camera, em uma reunião de imagens holográficas numa sala qualquer destes tantos prédios vazios.

Me admira que com tanta tecnologia não tenhamos encontrado uma forma de destruir a barreira de lixo que criamos em volta do planeta e que barra qualquer ideia maluca de procurar um outro planeta para “colonizar” e destruir.

Me admira ainda que não tenhamos destruído a nós mesmos durante todo esse tempo, depois de tudo o que fizemos e testamos enquanto achávamos que seria uma forma de se viver mais confortavelmente.

Estou velho, vivi muito até aqui, e tenho plena certeza de que vivi mais do que qualquer um desses filhotes bastardos da tecnologia andando pelos becos escuros entre os prédios que bloqueiam meu horizonte.

7 de maio de 2009

Boa Sorte

Boa sorte
aos que trilham esse caminho
sem notar as pedras
os ventos
Boa sorte
aos caros amigos
que de insistentes
seguem a luta
Boa sorte
aos desaparecidos
que passaram adiante
e foram esquecidos
Boa sorte
aos sonhos antigos
aos desejos divididos
a vontade de amar
E aos que caminham no inferno
que se esvaem em lucidez
resta a verdade
por detrás das sombras
E aos que cegos
vivem no torpor da embriagues
não lhes reste esse fim mórbido
oferecido a todos os poetas
E aos intrépidos
que não entendem o que é sofrer
levem a boa sorte
e possam viver

6 de maio de 2009

Cabelos

Algumas horas passaram e penso em seus cabelos.
Estranho ter a imagem de uma pessoa em mente e lembrar do fato que mais chama a atenção.
Eu era só um estranho, encostado ali no balcão do bar no principio da noite, depois fui forçado a prosseguir em busca de mais um vislumbre do seu sorriso.
Saia do salão atordoado, seguia milhares de perfumes tentando identificar qual era aquele que teve a honra de ser escolhido para representar seus desejos, seus gostos, seus cabelos.
Do lado de fora consegui olhar em seus olhos, brilhantes, como duas armas carregadas me perfurando por ter cometido o insulto de apenas mergulhar sem pudor algum naquele mar incrivelmente belo.
Segui meu caminho novamente para dentro do salão, meio calado.
Meus amigos perguntavam o que tinha acontecido, porque minha aparência estranha, porque tanto torpor se a única coisa que havia feito foi olhar em seus olhos, ainda que por alguns instantes sem tanta importância.
Digo aos que querem ler minhas palavras que homens no geral não percebem as pequenas nuances que dividem uma mulher de uma menina, e como é bom saber que essa pequena linha as vezes, de tão tenue, torna-se tão importante.
É pelo charme, pela forma como dança e passeia os pés pelo piso, como sorri para poucos e perturba com seu olhar lancinante, como leva seu cabelo de um lado a outro e comete o maior dos pecados que é prende-lo.
Poucos homens observam e admiram o charme de uma mulher como essa.
Tolos.
Dei mais alguns passos, esquentei mais o wisky em minha mão, pensei em escrever algo de sobressalto, mas o que tinha de fazer na realidade era apenas informar o quão injusto foi sua atitude de prender o cabelo.
Não que não tenha ficado bonito, pois esse é outro toque feminino que geralmente passa despercebido, mas soltos... bem... a magica era mais forte.
Tomei coragem, andei os poucos passos de distancia como quem caminha com sapatos de chumbo, respirei fundo e mergulhei novamente em seu olhar quando interrompi drasticamente a conversa entre amigas.
Agora, horas depois desse encontro, escrevo esse pequeno texto para explicar o que provavelmente não ficaria tão esclarecido em um poema, ainda que o que eu tenha prometido seja exatamente o contrario, mas, como naquele momento em que disse que ficava mais bonita de cabelos soltos, agora o momento pede que eu diga novamente.
Você fica mais bonita de cabelos soltos.

5 de maio de 2009

Tudo Limpo


Voltei a acordar tarde, me preparando para o retorno ao trabalho e as madrugadas em claro.
Como de costume fui até a padaria mais próxima para tomar meu café da... tarde.
Camarada detrás do balcão, boné, roupão vermelho com o logo da casa, óculos de cordinha, barba por fazer, me prepara ai um misto quente e um suco de laranja.
Sem gelo, sem açúcar.
Sento em um banco alto, colado ao balcão, de onde posso observar o movimento, o sorriso da menina no caixa, o bigode sujo de pão do cliente do outro lado, um pedaço de torta fazendo aniversario na vitrine, uma senhora de seus noventa e tantos anos pedindo os pães.
Quatro pães bem branquinhos, por favor.
Chega um cara todo agitado, camiseta pólo toda colorida e bem passada, bermuda branca impecável, relógio prateado no pulso, cabelos grisalhos. Feição de quem deixou o manicómio, olhos esbugalhados, sorriso meio de lado, soltando algumas palavras que só ele entende.
Ainda de pé, o camarada pede um pão na chapa, uma média com leite e um suco de morango.
Com leite, sem açúcar.
Arranca do porta guardanapo uma dúzia de papéis e esfrega o banco com raiva, de um lado para outro. Para ele poderia ser uma tentativa de limpar e desinfetar o assento, mas para mim e para o resto da padaria era como se o senhor desesperado a nossa frente quisesse arrancar cada traço de tinta marrom usada na pintura do banco de plástico.
Minutos depois, satisfeito, senta e começa um ritual estranho.
Esfrega as mãos uma na outra, esfrega na bermuda, esfrega na camiseta, bate palmas, destroi mais um punhado de guardanapos, embrulha e espreme os dedos como que estivesse todo empapado em óleo ou algum tipo de sujeira grudenta.
Esticou as mãos como que na manicure, olha as unhas uma por uma bem de perto, raspa a do dedão com mais um pedacinho de guardanapo.
Chega primeiro o suco do cidadão, e não contente com a placa em cima de sua cabeça que dizia que "todos os copos e talheres são lavados e esterilizados na maquina de lavar", saca mais um punhado de guardanapos do já exausto objeto metálico e esfrega as bordas do copo com movimentos giratórios.
Satisfeito, pega um canudo do balcão, daqueles que já vem empacotados, rasga o pacotinho, tira o canudo colorido e o leva até os olhos de forma a utilizar o mesmo como uma luneta, averiguando se não existe nada colado por dentro.
Mergulha o objeto no suco e dá sua primeira golada. Um sorriso animado, mais dois goles, mão na cintura, super herói de histórias em quadrinho e torce o corpo para olhar para mim.
- Sabe rapaz, nesses dias de doenças, gripe suína, DST e um monte de coisas, é preciso tomar cuidado, não é mesmo?
Olho para ele durante uns dez segundos sem dizer palavra alguma, levo a mão a boca e solto uma daquelas tosses bravas, catarrentas, com direito a ronco de garganta e tudo o mais.
É o suficiente para ver o homem empalidecer e iniciar todo o seu processo de limpeza novamente.
Me levanto, agradeço o balconista, pago a comanda para a menina sorridente no caixa e abandono o maluco com suas paranóias.

4 de maio de 2009

Fim de Férias

Tenho ai mais alguns dias de férias.
Tenho ai unicamente mais três dias para curtir o que sobrou de tanto tempo jogado fora, e da mesma forma bem aproveitado.
Passei por momentos terríveis, de estresse e raiva, de impaciência e torpor, com a leve vontade de sair destruindo toda e qualquer barreira que se apresentasse em meu caminho, e de certa forma, foi exatamente o que eu fiz com relação a coisas que apenas exigiam força bruta.
Me mudei, travei batalhas já citadas em textos anteriores, travei inúmeras outras batalhas que pela ideia de auto-proteção não convém nem ao menos citar.
Não sou do tipo de pessoa que futuramente vai olhar para trás e voltar correndo na inútil tentativa de corrigir erros, sejam eles meus ou não. Já diz o ditado, o que não tem remédio, remediado está.
Só acho comico o fato de que em um mês tantas coisas mudaram de uma forma ignorante, e simples até.
Por outro ponto de vista, estas férias foram interessantes por ter tido mais tempo para passar com amigos que pouco conhecia e que agora se colocam a meu lado como bons companheiros.
Conheci novos lugares e novas pessoas, conversei e troquei experiências, frequentei shows, festas e teatros, andei sozinho pela noite e passei por ruas diversas durante o dia.
Não fui para outras cidades, nem outros países e foi bom assim, pois pude me concentrar mais nas coisas ao meu redor, e ainda que este mês de férias tenha me mostrado coisas péssimas, também me trouxe momentos gratificantes.
Agora, pensando nesses últimos dias de férias, me pergunto. É necessário que a pessoa se jogue em estado de ócio para que comece a pensar em viver?