Abro meus e-mails, repasso algumas coisas que me cobram, alguns comentários bem vindos, alguns detalhes que prefiro abandonar no esquecimento, e, lá no fundo, alguns que se deterioram no limbo da caixa de entrada.
Minha parte sã diz impacientemente para que eu me mantenha longe deles, e assim permaneço. É melhor que fiquem por lá mesmo.
Mas ela me atinge, mesmo sem abrir e ver aquelas antigas mensagens.
A nostalgia me acerta um soco direto na boca do estômago.
Lembranças de momentos que não foram tão ruins, observando sobre o prisma da solidão, porque, ná época em que foram vivenciadas, tinha ar de sonho, de coisas inesquecíveis. E, de fato, não me esqueci.
Lembranças de uma piscina numa tarde quente de verão, ondas produzidas por maquinas, poucas pessoas, alguém segurando em minhas costas, num abraço de segurança e de carinho.
Por estarmos dentro d’água, numa profundidade razoavel, não sentia seu peso sobre meu corpo. Sentia a necessidade de proteger, de agradar, de ter ela sempre ali, envolvidos por uma espécie de orbe magica, que nunca iria se desfazer.
Mas tudo se foi.
Volto por alguns instantes, me desfaço da embriagues causada pela cadência das lembranças montadas por ilusões, como num quebra cabeça onde quase não se vê os pequenos espaços que separam cada peça.
Saio do sofá, balanço a cabeça, ando até o quarto e olho pela janela em busca de algum ar puro.
Noite alta, lua cheia brilhando em um azul escuro, e ali, a nostalgia me encontra novamente.
Me pergunta se lembro das noites mal dormidas, dos corpos nus abraçados, plenos de suor benéfico, de um sono calmo que chega entre beijos na nuca e afagos nas costas. Se ainda me lembro do acordar primeiro, dos momentos de beleza impecável daquela que tem o sono velado por amor.
Alguém me diz que devo ser um cara especial por isso. Não acho.
A nostalgia é quem não me deixa esquecer de que aquela ponta de romantismo dentro do peito serve muito mais para arrancar pedaços de minha sanidade durante momentos intensos de solidão do que para ser feliz de fato.
Largo as lembranças debruçadas na janela, como roupas molhadas que precisam secar antes de usar novamente. Deito na cama e fecho os olhos, tentando não prestar atenção em tantas outras imagens bonitas e reluzentes, pois sei, que nenhuma delas irá ocorrer novamente.
Boa noite, e não sonhe comigo.
Um comentário:
Fiz um comentário legal e a internet caiu bem na hora de enviar. Quem disse que eu copiei??? ¬¬
Tinha dito algo mais ou menos assim: eu postei sobre algo parecido em um lugar bem escondidinho. Tão escondidinho quanto meus sentimentos.
Mas tem algumas diferenças: eu esqueci. Não tenho nenhuma lembrança boa para me fazer cia nos momentos de maior solidão [que não são poucos]. Acho que esse é o maior castigo que eu pago por tudo que eu fiz. Enfim...
Fica com a lua, que é das coisas mais bonitas [se não for A coisa mais bonita] que tem por aqui.
[agora devidamente copiado pro caso dessa merda cair DE NOVO!]
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