19 de janeiro de 2009

O (novo) Pequeno Príncipe

Cruzei nesses dias com o antigo pequeno príncipe.

Hoje cara maduro, alto, cabeleira raspada, que dela só restam fios dourados pulando para fora da cabeça, gravata amarela, béca bem passada, olhos que lembram furacões.

Perguntei por onde andava, com quem andava, e me surpreendi quando, me disse que a rosa estava sozinha, e que não ligava para o fato.

Ciumes possessivo, sempre querendo saber com quem ele se relacionava nos outros mundos, que achava ridículo um homem daquele tamanho precisar se agarrar na cauda de cometas para ter de viajar. Compre uma nave, dizia ela toda nervosa.

Sem contar ter de voltar cedo pra casa para cuidar dela.

Enquanto para ele se passava poucos dias nos outros mundos, para ela, eram anos de espera.

Seguindo o gancho, questionei sobre seu ultimo recorde, aquele de ver por do sol, mas ele disse que não tinha mais aquela paciência de antes, e que cuidar de seu reino exigia uma certa necessidade de dinheiro.

Contas a pagar, comida para por na mesa, bocas para alimentar, sem contar todo o gasto em planetas distantes, onde, em certos momentos, seu dinheiro era desvalorizado, e precisava de certa fortuna para comprar dois pães.

Quando posto frente a cobra, ah, aquela menina ele gostava, achava ela simplesmente sensacional, apenas pelo motivo de ela estar pouco ligando para o futuro, e vivendo bem com isso. Tinha vontade de ser como ela, e estar com ela.

Quanto aos vulcões, me disse que agora não se interessava por eles. Deixava que a rosa limpasse (o que ela nunca fazia) ou contratava um certo pelicano boa gente, que fazia o trabalho como ninguém.

Minha boca soltava tantas perguntas, tantas incertezas, e a cada resposta daquele bom amigo, me restavam duvidas e mais perguntas frenéticas.

Perguntei então sobre o aviador, aquele que em determinado momento encontrara perdido no deserto.

Me disse que aquele sim fora um bom amigo, de raça, forte, companheiro naquela boa hora, e que pode contar com seus conselhos até aquele momento.

Logo após pagar os cafés e apagar os cigarros. Do lado de fora do botequim, pensei comigo:

Não é a toa que está tão diferente daquele menino doce. Tendo um homem como melhor amigo, ele se renderia a discórdia muito em breve...

2 comentários:

Ana P. disse...

Adoro o Pequeno Príncipe... E o texto está belo, está perfeito e condizente com os dias atuais, mas...

Sabe aquela pouca esperança que a gente sempre tem de que as coisas podem melhorar? Pois é... sinto ela indo embora cada vez mais rápido.

Unknown disse...

lindo, muito lindo mesmo. Sempre achei que um dia ele se rebelaria...rs