Ali pros cantos da Mooca, numa vilinha de rua de pedras descascadas, morava Dona Rita.
Viuvinha, no auge dos seu trinta e poucos anos, delicada e prestativa, era tida como figura de real interesse aos garotões e seus carros. Mas Dona Rita não queria saber de flerte ou papinhos miúdos cheios de segundas intenções.
Depois da morte trágica de seu esposo (que deus o tenha, engavetado em qualquer canto), só pensava em cuidar de sua casinha e passar o fim de tarde na sacada tricotando e lendo o jornal do dia, ainda que tais noticias lhe parecessem fúteis.
Ela morava sozinha, meia dúzia de plantas pra cuidar, um gato do vizinho para lhe tirar a paciência nos primórdios da manhã, sua poltrona almofadada, alguns novelos e jornais velhos. E tudo isso lhe servia bem.
Mas o mais curioso, e que, de fato, levantava um certo burburinho entre os moradores locais, era ver a moça sentada lá todos os dias, sem mover um dedo para levantar sequer um tostão.
Como pagaria suas contas? O marido deixou algum trocado? Será que recebia pensão ou um daqueles vale-miséria que o governo distribuía?
E é ai que os fatos se tornam uma verdadeira alucinação para pessoas crentes, que sequer poderiam pensar que, tão singela dona de casa, poderia, ao cair da noite, se transformar de Dona Rita, em Larissa.
Saia de casa lá pras 22 horas, de táxi ia até os covis do centro da cidade, e em alguma boate, se transformava na maior devastadora de corações que existira até então.
Larissa era louca, cabelos soltos e ondulados, sorriso desenhado num batom lilás, olhos pintados e revoltos, cobrava caro dos que mal sabiam o que fazer ou como pedir, mas deixava quase de graça para aqueles que tinham o dom da ferroada.
Fazia ponto como todas as outras, mas era atenciosa como nenhuma outra, e sempre marcava apenas um evento por noite.
Daquela Dona Rita não restava mais nada, nem medo ou compaixão. Tinha enterrado seu marido, e enterraria tantos outros quanto fosse possível, independente da forma que lhe vinha a imaginação.
Fazia sua festa com seus maridos de aluguel, se divertia, tirava-lhes o dinheiro dos bolsos, e ao primeiro sinal de sono, tirava suas vidas como um trocado, uma espécie de gorjeta.
E vai contando lá, um enforcado, dois estrangulados, uns seis esfaqueados, três ou quatro decapitados, dois afogados...
Corpos em motéis, em carros abandonados próximos a cidades interioranas, boiando na Guarapiranga, enterrados no meio do matagal, uma beleza de se ver em termos de dar fim no que não prestava mais.
E fazia questão, é claro, de tomar para si os documentos dos desafortunados, afinal, o mais divertido no fim de cada noite, era poder dar de presente a Dona Rita um nome e uma foto para procurar nos obituários na tarde seguinte.
Mulher forte é outra coisa...
Viuvinha, no auge dos seu trinta e poucos anos, delicada e prestativa, era tida como figura de real interesse aos garotões e seus carros. Mas Dona Rita não queria saber de flerte ou papinhos miúdos cheios de segundas intenções.
Depois da morte trágica de seu esposo (que deus o tenha, engavetado em qualquer canto), só pensava em cuidar de sua casinha e passar o fim de tarde na sacada tricotando e lendo o jornal do dia, ainda que tais noticias lhe parecessem fúteis.
Ela morava sozinha, meia dúzia de plantas pra cuidar, um gato do vizinho para lhe tirar a paciência nos primórdios da manhã, sua poltrona almofadada, alguns novelos e jornais velhos. E tudo isso lhe servia bem.
Mas o mais curioso, e que, de fato, levantava um certo burburinho entre os moradores locais, era ver a moça sentada lá todos os dias, sem mover um dedo para levantar sequer um tostão.
Como pagaria suas contas? O marido deixou algum trocado? Será que recebia pensão ou um daqueles vale-miséria que o governo distribuía?
E é ai que os fatos se tornam uma verdadeira alucinação para pessoas crentes, que sequer poderiam pensar que, tão singela dona de casa, poderia, ao cair da noite, se transformar de Dona Rita, em Larissa.
Saia de casa lá pras 22 horas, de táxi ia até os covis do centro da cidade, e em alguma boate, se transformava na maior devastadora de corações que existira até então.
Larissa era louca, cabelos soltos e ondulados, sorriso desenhado num batom lilás, olhos pintados e revoltos, cobrava caro dos que mal sabiam o que fazer ou como pedir, mas deixava quase de graça para aqueles que tinham o dom da ferroada.
Fazia ponto como todas as outras, mas era atenciosa como nenhuma outra, e sempre marcava apenas um evento por noite.
Daquela Dona Rita não restava mais nada, nem medo ou compaixão. Tinha enterrado seu marido, e enterraria tantos outros quanto fosse possível, independente da forma que lhe vinha a imaginação.
Fazia sua festa com seus maridos de aluguel, se divertia, tirava-lhes o dinheiro dos bolsos, e ao primeiro sinal de sono, tirava suas vidas como um trocado, uma espécie de gorjeta.
E vai contando lá, um enforcado, dois estrangulados, uns seis esfaqueados, três ou quatro decapitados, dois afogados...
Corpos em motéis, em carros abandonados próximos a cidades interioranas, boiando na Guarapiranga, enterrados no meio do matagal, uma beleza de se ver em termos de dar fim no que não prestava mais.
E fazia questão, é claro, de tomar para si os documentos dos desafortunados, afinal, o mais divertido no fim de cada noite, era poder dar de presente a Dona Rita um nome e uma foto para procurar nos obituários na tarde seguinte.
Mulher forte é outra coisa...
Um comentário:
Que medo... minha mente sexualmente frustrada já tava imaginando um final BEM DIFERENTE! hauhauhauhuahuahuahuahuahuahuahuahua!!!
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