Meu corpo está aqui Meus amigos jogam sinuca em uma mesa afastada, a cerveja faz o copo suar, os cigarros vão lotando cinzeiros até a boca, uma dupla silenciosa joga xadrez. Eu, sentado em um puff, dilacero a folha do caderno, palavras que parecem dentes afiados. Esse é o nosso Q.G., lugar onde deixamos todos os problemas e frustrações do lado de fora, e nos entregamos a jogatina, ao blues, ao jazz e aos bons amigos. Minha mente, bem... não posso dizer que está concentrada na jogada linda em que a bola 12 vai parar na caçapa três. Me concentro em outra jogada, em outra oportunidade que pode trazer mais felicidade do que todas as bolas no buraco em uma tacada. Mas olho o tabuleiro de xadrez, me imagino um rei preso no xeque - mate, e não há muito o que fazer, se não esperar o fim do jogo. Meu desafiante no tablado quadriculado, trapaceiro desleal, não fez muito, apenas usou as jogadas corretas e me prendeu em um beco sem saída, onde posso perder minha rainha. Me afogo então em mais um copo de cerveja, meio vazio, meio cheio, e vejo a próxima tacada de um amigo, certeira, direto onde queria, sem rodeios. E então chego na solução para minha próxima jogada, porque o xadrez do mundo real é muito mais complicado, mas muito mais cheio de saídas para momentos como esse. Me levanto, a noite termina, todos voltam para casa e eu para minha insonia. O jogo continua, as peças estão postas, paço giz no meu taco, aguardo a próxima jogada.
Queria mandar o mundo para o inferno, todo ele, numa só tacada, mas não posso.
Não posso porque sou exatamente o contrario do que todos esperam que eu seja. Sou lutador e ainda não aprendi a desistir das coisas que quero para minha vida e carrego nas costas meus ideais de honra e glória. Como disse em um poema, consigo viver bem comigo mesmo, ainda que não muito bem as vezes, pois sejamos realistas, nenhum relacionamento é feito de rosas para sempre. Contratempos, obstáculos postos no caminho para bloquear nossa visão, sempre vamos ter, portanto cabe a nós decidir se vamos parar no meio do caminho e se ajoelhar para sofrer, ou seguirmos em frente, mais fortes, mais corajosos. Essa é minha essência, é disso que sou feito, de sonhos, de desejos, de vontades, de explosão, de olho fixos no horizonte sempre acreditando que, lá na frente, existe algo para ser alcançado, e podem acreditar meus bons amigos, vou até o fim procurar por esse pote de ouro. Tenho 24 anos, não me gabo do que tenho, mas me orgulho de quem sou e de tudo o que passei para chegar até aqui. Se valho alguma coisa para os outros, não me interessa, não quero saber, pois sei o quanto sou importante para mim mesmo, e nesse dia negro, isso me basta. Aos que cultuam a tempestade, boa sorte, mas não vou ficar aqui parado para admirar tanta destruição desnecessária. Se querem ficar, ok, sintam-se a vontade, mas vou seguir meu rumo a passos rápidos.
Eu queria ter um carro importado, todo cheio de coisas eletronicas das quais nunca saberia para que serve, mas não tenho.
Eu queria ter um carro importado, e um cachorro, daqueles peludos e lindos, para andar com a cabeça pra fora da janela, babando, como quem marca o caminho de volta para casa. Mas não tenho.
Eu queria ter uma casa grande, toda pintada de branco, vários quartos e uma piscina nos fundos. Tem de ter garagem para colocar meu carro, e um quintal para deixar meu cachorro livre e a vontade.
Mas não tenho.
Eu queria ter o emprego da minha vida, onde eu recebesse o que mereço, onde as pessoas me respeitassem e todos trabalhassem em grupo para que tudo fosse melhor para todos. Mas não tenho.
Eu queria poder viajar pelo mundo, conhecer lugares maravilhosos. Um dia em Hong Kong, outro em Porto Alegre. Mas não posso.
Eu queria conhecer pessoas novas todos os dias, saber de suas histórias, seus medos, suas alegrias. Saber de tudo aquilo o que eles vão contar para os netos quando eles tiverem idade e maturidade para entender tudo. Mas não consigo.
Queria ter o mundo em minha mão, como uma criança que precisa de cuidados.
Queria poder descer a lua até aqui, para olhar bem seu lado negro e ver que nada é tão ruim quanto parece.
Queria visitar o sol, pegar um bronzeado, voltar renovado.
Queria sonhar mais alto, sem limites, e que tudo se tornasse realidade, mas infelizmente, isso não me é possível.
Tudo o que queria são ideias malucas de um mundo perfeito que nunca vou conseguir realizar sem que o maior de meus sonhos estivesse por perto.
Aquele que demorei para encontrar, demorei para sentir por perto, que demorei para ter só para mim e que agora me é muito raro.
Sinto vontade de proteger, de estar sempre a frente de suas necessidades e vontades. Ainda que meus desejos, fossem seus, faria questão de os tornar possíveis.
Mas note, meus sonhos não são nada, sem meu grande amor.
Se tenho um grande amor? Sim, eu tenho, e esse eu espero ter para sempre! E vou lutar por isso...
Surgiu como uma estrela cadente, pintando o céu com as cores mais belas, jamais vistas, com tons fortes e incrivelmente brilhantes. Corria rápido por entre as estrelas, capturando qualquer ponto de escuridão e transformando tudo em luz, límpida, suave. Acordou a todos naquela madrugada, primeiramente os que tinham pesadelos (pois a troca de estado de espírito foi como um choque tremendo), depois os que tinham sonhos belos, deixando tudo mais lindo ainda. O mundo saia na rua para ver o que acontecia, pessoas se juntavam nas esquinas para comentar o aparecimento, jornalistas preparavam seus relatos para a edição do dia seguinte, poetas e escritores se perdiam no meio de tantas palavras para descrever tanta beleza, namorados se juntavam próximo a areia da praia para admirar o momento mais romântico de toda as suas vidas. O mundo se fez mais feliz naquela noite Logo, aquele cometa pintado, aquela forma clara e simples, se pôs em direção a terra, e todos acreditavam que não se tratava de ataque, não poderia ser o fim, que era simplesmente lindo demais para lhes fazer qualquer mal. Mas o fez. Caiu com estrondo, cruzando a terra de lado a lado num golpe único e frenético, deixando para trás milhares de explosões e o fim daquilo que fora a coisa mais bela na vida de todos. Era o fim.
Quero um dia de chuva Uma tarde de tempestade Vá embora sol Me traga um apanhado de nuvens cinzas Quero me molhar Estar entregue a enxurrada E quero você por lá Para dar um abraço Dias de sol não me interessam Céu azul hoje não Quero ver o tempo rugir Um vento bravo E me abrace Não me largue por nada Fique comigo E estaremos bem Quero uma gripe forte Uma semana de cama Nariz de menino Cobertor e um beijo quente Quero ter febre Estar entregue ao remédio E quero você por lá Para fazer tudo passar Um espirro não me agrada 25º não bastam Quero passar mal Precisar de você mais do que nunca E esteja aqui Deitada ao meu lado Não se preocupe com mais nada Ficaremos bem Quero acordar recuperado Forte e feliz Porque tudo o que sempre quis Era ter você Aqui
O camarada, enquanto moleque, não quer muito saber sobre escola, lição de casa ou uma professora chata pronta para brigar por qualquer motivo besta (seja entupir a privada com papel higiênico até socar um coleguinha que merecia umas porradas).
Quer saber de jogar bola na rua, se enfiar em qualquer buraco e voltar imundo pra casa, brincar, pular, sacanear os amigos, contar piadas sujas e falar palavrão.
Mas tem algo do qual ninguém nessa vida é capaz de escapar, e digo por experiência própria.
Provas
Vamos usar como exemplo aquele garoto pacato, que tem na professora o símbolo sexual da sua vida juvenil, que só quer saber de sentar na primeira cadeira para ficar prestando atenção nela, e não na matéria. Ai então a dita professorinha chega um dia com a medíocre ideia de dar uma prova para testar os conhecimentos da pirralhada.
Pronto, aquele símbolo desejável se torna a mais megera das bruxas, uma tremenda vagabunda de marca maior!
Ele não leva a sério, pinta e borda, brinca e se diverte, passando longe dos livros, até o dia do sacrifício.
A prova está posta a sua frente, um monte de questões que, ele sabe, que não sabe coisa nenhuma.
Durante aqueles quarenta e cinco minutos de banda sentada, ele se pergunta onde raios vai usar raiz quadrada, por que infernos tem de saber o nome do sacripantas que possuía uma das sesmarias, ou o porque de certas fórmulas químicas que ele nunca vai ter acesso.
Moral da história, nota baixa, recado pra mãe no caderno, umas palmadas do pai, férias longe da praia e um péssimo dia no fim das contas.
O garotinho cresce, e quando adulto, tendo terminado todos os tipos de ensino possível, para e pensa, ok, nunca mais vou ter de fazer uma maldita prova na vida.
Não vai é?
Prova de fogo, prova de bala, prova para carteira de habilitação, prova para a sua namorada que estava realmente em casa e não em alguma bodega tomando todas. Prova ai malandrão!
O caso desse escritor chega a algo parecido, já que todo dia alguém inventa uma prova diferente.
Um café novo para provar, um cappuccino que não passou na prova, um drink novo que tem de passar na prova e, meu atual tormento, uma prova de cardápio.
Mas diga ai Piero, o que vem a ser uma prova de cardápio?
Simples! Decorar todos os ingredientes de todos os pratos. Desde o tipo de arroz usado num risoto novo, até um grão utilizado num tabule de quinua.
Mas que diabos, o que vem a ser quinua?
Pois é, todo mundo pergunta, e é por isso que todos dentro do restaurante tem de saber, e responder bonitinho na prova, porque, se não passar, é RH na segunda feira de manhã e olho da rua.
Hoje, observando tudo pelo que passei quando pequeno na escola, posso dizer que as provas não são feitas para realmente testar nossos conhecimentos de forma a fixar tal informação na nossa cabeça, mas sim nos preparar para essas tantas outras provas que enfrentamos no dia a dia.
Agora só me resta fazer um bom café em casa e me preparar para estudar como um louco.
Me ensina a andar sobre esta ponte de vidro de olhos abertos do mesmo modo que você faz Me mostra como ir ao céu para colher estrelas sem ter medo da escuridão Não sei rir de todo os problemas nem tenho solução para todos eles mas já sei cuidar de mim mesmo e esse já é um bom começo O album está cheio de fotos de nossos bons momentos e o dia apareceu em nossa janela para dizer que tudo muda Quanto tempo passou? como viemos parar aqui? será que o relógio de nossas vidas está certo? Vamos procurar o paraíso ele pode não estar tão longe quanto pensamos que ele possa estar Vamos quebrar a vidraça para ver os pequenos cristais se formarem no chão Não sei sorrir para todos em meu caminho nem como enfrentar a todos de uma vez mas já sei suportar a mim mesmo e isso já é um bom começo
Era cedo ainda, tinha lá umas duas ou três contas a pagar, uns amigos a visitar, almoço por fazer e um filme de velho oeste esperando para a noite solitária.
Pássaros cantavam alto em seus ninhos, um pato passeava tranquilamente pelo lago como se fosse sábado, uma brisa leve o saudava com um beijo no rosto e o sol caminhava todo cheio por entre algumas nuvens brancas. O céu estava azul e o dia se fazia lindo.
Ali, sentado sozinho,tirou os sapatos para sentir a grama fria por entre os dedos, retirou um lençol azul de dentro da mala, levantou-se, e estendeu o pano no chão.
Interessante para ele tirar aqueles momentos de tranquilidade, para ver que a terra continuava a girar fora de um escritório abafado.
Sentia-se sozinho, meio abandonado, mas não havia muito para se fazer. Pessoas muito atarefadas são como formigas carregando pedrinhas de um lado para o outro, sem muito tempo para interagir, e o que é pior, muitas delas nem pensam que isso seja possível naquele mundinho de terra marrom.
Foi então que, ali deitado, teve uma pequena sensação.
E se existisse mais alguém que fugisse a regra do “carregar pedrinhas”? E se mais alguém tivesse por um momento, assim como ele, fugido daquela rotina violenta e se deitado no mesmo lugar em que ele estava? Teria sentido a mesma coisa? Teria pensado o mesmo? Estaria a procura de outra pessoa? Teria coragem de seguir adiante?
Era como se tal pensamento fosse uma mensagem deixada por entre os galhos das árvores para ser entregue por aqueles pequenos Bem-Te-Vis., exatamente para ele naquele momento.
E que bela mensagem aquela, de uma paz de espírito plena, com nome e sobrenome, de desejos e vontades para saciar, de sonhos e palavras bonitas, um quadro todo especial, uma figura de perfeição.
E ele ali, podia sim ter errado o momento de aparecer pelo parque, já que pela mensagem ser unicamente para ele, minutos antes, horas ou dias antes, poderia ter pego seu semelhante no momento em que a deixava ali para ser entregue.
De certa forma, não tinha problema, pois se sabiam a respeito de suas existências, logo se encontrariam.
Uma conversa sobre o motivo da mensagem, do porque estarem sozinhos, sobre a felicidade de estarem juntos e sobre tudo o que podem fazer dali para frente.
Levantou-se calmamente, aproveitou o calor que chegava para tomar uns dois goles de água da garrafinha que trazia consigo.
Calçou novamente os sapatos, recolheu o lençol e pequenos pedacinhos de grama, e, instantes depois resolveu o que fazer.
Um Bem-Te-Vi cantava novamente nas árvores, mas agora era uma mensagem deixada por aquele rapaz que ia andando decidido de volta para a selva de pedras fora do parque.
Não tenha pressa, pois continuo a te aguardar, dizia a nova mensagem.
Vermelho intenso Nos cabelos No óculos sobre a mesa Na tinta das unhas Olhar intenso Atravessa as fotos Provoca Arde Pede silencio Dedos frente a boca Lábios calados Nem precisa dizer Eu aqui Meio quieto Paro para observar É o que me resta Vejo um rosto alegre Um sorriso delicado E penso numa troca Minhas palavras polidas Por seus pensamentos Escreve algo na agenda Azul sufocado O vermelho salta Inebria Menina intensa De vestidos e trejeitos Teima em se perguntar Se vai ficar só A resposta é clara Para uma duvida irreal É tão claro Que só vejo vermelho
Hoje cara maduro, alto, cabeleira raspada, que dela só restam fios dourados pulando para fora da cabeça, gravata amarela, béca bem passada, olhos que lembram furacões.
Perguntei por onde andava, com quem andava, e me surpreendi quando, me disse que a rosa estava sozinha, e que não ligava para o fato.
Ciumes possessivo, sempre querendo saber com quem ele se relacionava nos outros mundos, que achava ridículo um homem daquele tamanho precisar se agarrar na cauda de cometas para ter de viajar. Compre uma nave, dizia ela toda nervosa.
Sem contar ter de voltar cedo pra casa para cuidar dela.
Enquanto para ele se passava poucos dias nos outros mundos, para ela, eram anos de espera.
Seguindo o gancho, questionei sobre seu ultimo recorde, aquele de ver por do sol, mas ele disse que não tinha mais aquela paciência de antes, e que cuidar de seu reino exigia uma certa necessidade de dinheiro.
Contas a pagar, comida para por na mesa, bocas para alimentar, sem contar todo o gasto em planetas distantes, onde, em certos momentos, seu dinheiro era desvalorizado, e precisava de certa fortuna para comprar dois pães.
Quando posto frente a cobra, ah, aquela menina ele gostava, achava ela simplesmente sensacional, apenas pelo motivo de ela estar pouco ligando para o futuro, e vivendo bem com isso. Tinha vontade de ser como ela, e estar com ela.
Quanto aos vulcões, me disse que agora não se interessava por eles. Deixava que a rosa limpasse (o que ela nunca fazia) ou contratava um certo pelicano boa gente, que fazia o trabalho como ninguém.
Minha boca soltava tantas perguntas, tantas incertezas, e a cada resposta daquele bom amigo, já me restavam duvidas e mais perguntas frenéticas.
Perguntei então sobre o aviador, aquele que em determinado momento encontrara perdido no deserto.
Me disse que aquele sim fora um bom amigo, de raça, forte, companheiro naquela boa hora, e que pode contar com seus conselhos até aquele momento.
Logo após pagar os cafés e apagar os cigarros. Do lado de fora do botequim, pensei comigo:
Não é a toa que está tão diferente daquele menino doce. Tendo um homem como melhor amigo, ele se renderia a discórdia muito em breve...
Pandora abra a caixa mantenha os segredos não fique nervosa pois restará a esperança Alguém chegou primeiro violou a segurança brincou com os sentimentos perdeu a chance de ser feliz Agora você não precisa da raiva nem guardar a vingança em seu coração resgate o amor a paz de uma vida tranquila Talvez não tenha necessidade de reviver todo o sofrimento chorar mais uma vez por quem não deu nada em troca Pandora crie mais um sorriso dance mais uma musica tudo pode estar em sua frente apenas tente fechar a caixa
Esperava por uma mensagem do coelho, que de tão apressado, esqueceu de dizer que antes era Alice, perdida entre mundos inóspitos e rainhas malucas.
Passou ligeiro, me deu um sorriso, algumas palavras quentes, outras, que pela crescente distancia, foram esfriando. Tentei seguir suas pegadas, pequenas marcas formadas por pés numero 36, que saltavam de um lado para outro, tão impacientes, me fizeram errar o caminho, me jogando em um buraco escuro. Parei no caminho, engatilhei minha cartola mais colorida, um coringa preso na aba para dar sorte, e me perguntei... Seria esse o momento para mais uma xícara de chá? Provavelmente sim, e provavelmente seria durante outros tantos tempos, até que Alice resolvesse sentar-se novamente comigo para mais um banquete, mais uma festividade, desaniversarios eternos a luz de velas. Mas nada é eterno, não é mesmo? E a rainha continuava mandando seus capangas para separar nossas belas cabeças das bases, e pode apostar, ela estava quase conseguindo. Talvez por isso ela, aquela Alice em pele de coelho, estivesse com tanto atraso, numa tentativa insana de fugir daqueles mensageiros ordinários, ou simplesmente escapar do caos daquele mundo. Mas porque, como coelho, me trouxe junto? Porque me envolveu naquele mundo de sonhos para me abandonar como apenas mais um personagem do caminho? porque me deixou como guia pegadas inúteis? Porque me deixou tão só durante momentos que de felizes, já não tinham mais nada? Sigo com meu chá, e por favor, dois cubos de açúcar para adoçar meu dia.
Vamos fazer algo diferente comparar os dias aos minutos afinal é só o começo é só o começo Eu já montei a minha lista não esqueci a casa na montanha agora apenas você para olhar em meus olhos Vamos ao cinema vou apertar o seu nariz a pressão é total tem um livro de piadas na estante ao lado Quero dar uma volta derramar sorvete na sua saia e não importa se perdemos o trem ficar juntos é o mais importante Já passou da meia noite tem muita vela para queimar vamos escutar musica o programa já vai começar Vem curtir nosso desaniversario hoje dá pra agitar um som deixe os fantasmas balançarem as janelas e o mundo vai girar de novo Queremos acordar bem cedo para ir ver os gatinhos mas o frango ainda nem cantou dá pra dormir mais um pouquinho Porque será que o branco do bolo tá ficando amarelo? isso é algo que nunca vamos saber e já não dá para refazer Quero ver quem dorme primeiro você está vencendo vamos esperar pelo amanhã pra fazer algo pela gente E quando eu estiver sozinho vou pensar em te ligar mas será alta madrugada e você terá adormecido Vamos fazer algo diferente reparar em um dia quando já se passaram meses mas isso é só o começo é só o começo
Abro meus e-mails, repasso algumas coisas que me cobram, alguns comentários bem vindos, alguns detalhes que prefiro abandonar no esquecimento, e, lá no fundo, alguns que se deterioram no limbo da caixa de entrada.
Minha parte sã diz impacientemente para que eu me mantenha longe deles, e assim permaneço. É melhor que fiquem por lá mesmo.
Mas ela me atinge, mesmo sem abrir e ver aquelas antigas mensagens.
A nostalgia me acerta um soco direto na boca do estômago.
Lembranças de momentos que não foram tão ruins, observando sobre o prisma da solidão, porque, ná época em que foram vivenciadas, tinha ar de sonho, de coisas inesquecíveis. E, de fato, não me esqueci.
Lembranças de uma piscina numa tarde quente de verão, ondas produzidas por maquinas, poucas pessoas, alguém segurando em minhas costas, num abraço de segurança e de carinho.
Por estarmos dentro d’água, numa profundidade razoavel, não sentia seu peso sobre meu corpo. Sentia a necessidade de proteger, de agradar, de ter ela sempre ali, envolvidos por uma espécie de orbe magica, que nunca iria se desfazer.
Mas tudo se foi.
Volto por alguns instantes, me desfaço da embriagues causada pela cadência das lembranças montadas por ilusões, como num quebra cabeça onde quase não se vê os pequenos espaços que separam cada peça.
Saio do sofá, balanço a cabeça, ando até o quarto e olho pela janela em busca de algum ar puro.
Noite alta, lua cheia brilhando em um azul escuro, e ali, a nostalgia me encontra novamente.
Me pergunta se lembro das noites mal dormidas,dos corpos nus abraçados, plenos de suor benéfico, de um sono calmo que chega entre beijos na nuca e afagos nas costas. Se ainda me lembro do acordar primeiro, dos momentos de beleza impecável daquela que tem o sono velado por amor.
Alguém me diz que devo ser um cara especial por isso. Não acho.
A nostalgia é quem não me deixa esquecer de que aquela ponta de romantismo dentro do peito serve muito mais para arrancar pedaços de minha sanidade durante momentos intensos de solidão do que para ser feliz de fato.
Largo as lembranças debruçadas na janela, como roupas molhadas que precisam secar antes de usar novamente. Deito na cama e fecho os olhos, tentando não prestar atenção em tantas outras imagens bonitas e reluzentes, pois sei, que nenhuma delas irá ocorrer novamente.
Anos atrás, eu morava numa cidade pequena, daquelas em que todos se conheciam por nome, onde todos frequentavam as mesmas igrejas, se reuniam na praça nos finais de semana, ou faziam grupinhos para jogar bola frente a casa de alguém. Estudava em um colégio considerado bom, tinha meus amigos e inimigos, tinha meus livros, minhas canções, meus afazeres diários, e nada fugia daquele meio. Mas um dia, refletindo com um grande amigo, tive a pequena impressão de que, permanecendo ali, naquela cidade, minha vida se resumiria a nada. Não tinha planos para o futuro, não pensava em sair de casa, queria namorar e casar com alguma moça com a mesma vontade de viver ali, trabalharia numa das lojas locais, enfim, não seria diferente de ninguém. O que mais me transtornou na realidade, foi o fato de ter a plena certeza de que vivendo para sempre como os demais, não evoluiria para nenhum lugar. Meu pensamento seguinte foi objetivo: Fugir daquele lugar. Seis anos depois, morando nesse pequeno apartamento com o mesmo grande amigo daquele dia, imagino que consegui fazer aquilo que mais queria, que era justamente ser eu mesmo, ter meu futuro, ser diferente e poder ter aquelas histórias que todo netinho sonha ouvir de seu avô. O duro da coisa, foi voltar até aquela cidade no Natal e encontrar boa parte dos que estudaram comigo ainda por lá, casados, com seus filhos, trabalhando em alguma loja da cidade. Alguns simplesmente querem mais da vida, mesmo que seja em um apartamento pequeno.
Atrasado, pão com manteiga roído, café com leite siberiano, dois quilos a menos no corpo até a próxima semana.
Banho de gato, barba feita na base da facada, repleta de sangue e falhas, veste uma camisa de ontem, suor puro, paletó atropelado por um trem.
Sai na corrida, duas voltas de chave na porta, desce as escadas pulando amarelinha, um aceno pro porteiro, um sorriso pra gostosa do 101.
Dobra a esquina, dobra o pescoço com a gravata apertada, empacota o sapato na merda, uns palavrões, foda-se, limpa no meio fio ou no emborrachado do chão do ônibus.
Desce a rua no tranco, dobra a esquina, se pergunta quem foi o filho da puta que fez o ponto de ônibus justo em cima de um viaduto e sobe as escadas sentindo os joelhos arderem.
Segunda feira de merda, ponto cheio de gente feia, bem diferente da noite de bebedeira tida no domingo. Salve seu Jorge e as brejas geladas, mas só mais uma semana até lá.
Mercedes Benz coletiva, lotada, um maníaco flatulento, uma senhora e sua tupperware gigante cheia de pães de queijo flascidos, um “mano” e seu celular novo tocando num linguajar que todos gostariam de não escutar, mas que infelicidade, não dá para tapar os ouvidos, não tem espaço para levantar os braços.
E maldito é aquele que consegue, pois justo ele esqueceu de passar aquele perfume decente, ainda que comprado em lojinhas de 1,99.
Desce no ponto certo, ele e mais três, três por força de vontade, força da porrada. Peguem outro ônibus para chegar no inferno.
Ruas cheias, silêncio só para surdos, um esporro de conversas e frases soltas, anúncios, fumaça, uma esmola para um velho, convertida em cachaça no fim da tarde.
Entra no edificio, elevador velho, ar condicionado seria uma bênção, todo mundo colado, alguém pensou em sardinhas?
Ervilhas ele pensa, amontoadas em uma lata, óleo feito de suor por uma dúzia de espertinhos como ele que resolveram esticar os cinco minutos.
Sai no trote, bate o ponto como jogador experiente de truco, um tapa na maquina, e está tudo resolvido.
Entra no escritório, aceno para o amigo de sala, sorriso para a secretaria gostosa do chefe, um apanhado de pastas sobre a mesa, um computador fazendo um som grotesco, jornada de oito horas mais hora de almoço no inferno corrosivo do centro de São Paulo, e logo, o retorno para casa.
Por onde tem andado Meu bom senhor? Viu o sol nascer Naquele ultimo dia? Com quem tem conversado Enquanto tudo ia pelos ares E o mundo Se prostrava de joelhos? O que foi que viu Quando estávamos sentados Em pleno mar De chamas? Quantas balas desperdiçou Quando mirando alto Não viu a desgraça Vindo no horizonte? Em quem mirou bom senhor? Quando todos armados Ferro contra ferro Fogo amigo? Por quantos canais passou Sem ver as noticias De filhos mortos Por um pedaço de terra? Por quem chora Se a teu lado Não existe vida Se é que existiu? Sairá neste carnaval bom senhor? Vestido como de costume Milico engomado Seifador em punho? Viverá neste arsenal Nesta troca de balas Num festejo glorioso Ao dia que vai nascer? Por onde tem andado Meu bom senhor? Que ainda não lhe cortaram As duas pernas?
Noite vazia e eu em casa perdido entre textos para escrever, filmes para assistir e musicas tocando numa série interminável.
Cansado, pensando que deveria fazer algo melhor com minha folga do que simplesmente permanecer sentado no sofá, decidi visitar aquele boteco que tanto me agrada, onde certamente tomaria minha cerveja tranquilamente enquanto despejaria minhas letras miúdas no papel.
Pouco tempo mais tarde, cheguei e fui bem recepcionado. Minha mesa prediléta a postos, o garçom de sempre já vinha lá de longe com a garrafa estupidamente gelada e um copinho americano a tira colo.
Sentei confortavelmente, saquei minha agenda, destampei a caneta e ia começar a escrever muito em breve.
Foi então que chegou um visitante inesperado. Uma visitante na realidade.
Sentou sem ser convidada, se espalhou como se estivesse em casa, dona da situação, me olhou nos olhos, e ficou ali, se balançando de um lado para outro, esfregando suas patas nojentas, como quem se prepara para um banquete, ou o que lhe vier de sobras.
A cerveja foi posta sobre a mesa, derramada no copo, e ela nem se movimentou. Seguiu firme onde estava, apenas observando meus movimentos, como dois pistoleiros na rua central esperando alguém sacar a arma.
Calmamente, levei meus dedos até o copo, ergui, e tomei um pequeno gole. E a estranha sequer fez menção de susto ou medo.
Porem, foi apenas repousar a bebida novamente na mesa que percebi o plano maléfico.
Em menos de dois segundos, a mosca parou na borda do copo, como quem diz:
- Ok, o primeiro gole é seu, mas não vou ficar fora dessa barbada! Deixa eu abiscoitar minha parte!
Injuriado com tal situação, afastei a mosca imprudente com a mão, num gesto único, iniciando a batalha pelo controle da cerveja!
Voava alto, pousando algumas vezes sobre minha cabeça, no canto da mesa, na garrafa, mas o copo era meu, e lá ela não chegaria.
Me lembrei daqueles desenhos do Tom e Jerry, ou Pica Pau, em que os personagens se degladiavam devido a presença de uma mosca invasora, que, geralmente, saia vencedora nos conflitos.
Mas não sou desenho, e aquela situação iria terminar.
Repentinamente, a intrigante monstrinha pousou em uma cadeira mais distante, em outra mesa.
O que tramava aquela vil criatura? Pelo que esperava? Achava que eu iria dar mole e deixar meu copo largado a sua mercê?
Ao longe, na porta de saída da cozinha, vi o Sr. Garçom sair com minha porção de provolone a milanesa, e foi então que entendi a jogada.
Inesperadamente, a mosca alçou voo, desviou de alguns contra tempos e pairou atrás do homem que carregava meu sagrado alimento, e foi apenas ele deixar o presente sobre minha mesa, que a vilã caiu sobre um dos queijinhos, sem a menor cerimonia.
- Primeiro gole é uma coisa, mas são tantos aqui que você terá de dividir... ; pensava ela, provavelmente.
- Dividir uma ova!
Afastei novamente com a mão, reiniciando a briga, tentando tomar conta do copo e da bandeja posta, foi então que, de saco cheio por tal situação, resolvi armar uma cilada.
Assim que a insensata mosca se distanciou novamente, fazendo seu turno de descanso, retirei um queijinho do monte, derramei algumas gotas de cerveja sobre a mesa, coloquei o pequeno artefato amarelo sobre a poça e aguardei.
Um Cavalo de Tróia perfeito eu diria, tanto que imediatamente a esfomeada pousou sobre o presente.
Toda minha raiva e desgosto foram parar em meu punho,para que, num movimento decisivo, detonasse como uma bomba sobre a mosca.
E assim foi.
Soquei a mesa com tamanha vontade de acertar que o copo de cerveja se virou, molhando a mesa, o chão, e consequentemente minhas calças. A bandeja virou, derrubando alguns pedaços de queijo também em meu colo.
E a mosca, bem, ela (ou o que sobrou dela) ficou ali, morta, esparramada entre os pedaços melados de queijo, e sinto que alguns pedaços de seu estranho corpo ainda permaneciam em minha mão melecada.
Agora a situação estava de volta ao normal, ainda que o garçom, enfurecido e sem saber o motivo da desordem, esperasse um caixinha gorda no final para limpar toda a bagunça.
Afinal de contas, alguém sempre espera ganhar alguma coisa com a desgraça alheia.
Ali pros cantos da Mooca, numa vilinha de rua de pedras descascadas, morava Dona Rita. Viuvinha, no auge dos seu trinta e poucos anos, delicada e prestativa, era tida como figura de real interesse aos garotões e seus carros. Mas Dona Rita não queria saber de flerte ou papinhos miúdos cheios de segundas intenções. Depois da morte trágica de seu esposo (que deus o tenha, engavetado em qualquer canto), só pensava em cuidar de sua casinha e passar o fim de tarde na sacada tricotando e lendo o jornal do dia, ainda que tais noticias lhe parecessem fúteis. Ela morava sozinha, meia dúzia de plantas pra cuidar, um gato do vizinho para lhe tirar a paciência nos primórdios da manhã, sua poltrona almofadada, alguns novelos e jornais velhos. E tudo isso lhe servia bem. Mas o mais curioso, e que, de fato, levantava um certo burburinho entre os moradores locais, era ver a moça sentada lá todos os dias, sem mover um dedo para levantar sequer um tostão. Como pagaria suas contas? O marido deixou algum trocado? Será que recebia pensão ou um daqueles vale-miséria que o governo distribuía? E é ai que os fatos se tornam uma verdadeira alucinação para pessoas crentes, que sequer poderiam pensar que, tão singela dona de casa, poderia, ao cair da noite, se transformar de Dona Rita, em Larissa. Saia de casa lá pras 22 horas, de táxi ia até os covis do centro da cidade, e em alguma boate, se transformava na maior devastadora de corações que existira até então. Larissa era louca, cabelos soltos e ondulados, sorriso desenhado num batom lilás, olhos pintados e revoltos, cobrava caro dos que mal sabiam o que fazer ou como pedir, mas deixava quase de graça para aqueles que tinham o dom da ferroada. Fazia ponto como todas as outras, mas era atenciosa como nenhuma outra, e sempre marcava apenas um evento por noite. Daquela Dona Rita não restava mais nada, nem medo ou compaixão. Tinha enterrado seu marido, e enterraria tantos outros quanto fosse possível, independente da forma que lhe vinha a imaginação. Fazia sua festa com seus maridos de aluguel, se divertia, tirava-lhes o dinheiro dos bolsos, e ao primeiro sinal de sono, tirava suas vidas como um trocado, uma espécie de gorjeta. E vai contando lá, um enforcado, dois estrangulados, uns seis esfaqueados, três ou quatro decapitados, dois afogados... Corpos em motéis, em carros abandonados próximos a cidades interioranas, boiando na Guarapiranga, enterrados no meio do matagal, uma beleza de se ver em termos de dar fim no que não prestava mais. E fazia questão, é claro, de tomar para si os documentos dos desafortunados, afinal, o mais divertido no fim de cada noite, era poder dar de presente a Dona Rita um nome e uma foto para procurar nos obituários na tarde seguinte. Mulher forte é outra coisa...
Terno amarrotado, segurando a gravata aposentada, camisa aberta dois botões para baixo da gola, sapatos por lustrar, chapéu meio de lado, a lá “seja o que deus quiser”.
No primeiro botequim que avistou, parou para aquela dose diária de sanidade, composta por uma cachaça de boa qualidade com uma rodela de limão e seu inseparável pão “canoa” com manteiga, mas nada de chapa, para não perder a “crocancia”.
Sentou no banco alto perto do balcão, postado a meia banda, olhando ao redor, analisando o movimento dos primórdios da manhã.
- Solta lá uma coxinha dessas da vitrine seu Jorge, e manda aquele pretinho sem açúcar, que de doce já basta a vida.
Mentiroso descarado.
Dá uma mordida no quitute, mata o café em dois goles, aprecia a manteiga espalhada no pão e acaricia o copinho de cachaça com uma das mãos.
Acende aquele cigarro torto, quase dividido ao meio, duas tossidas, um guardanapo para a saliva, uma porção de tragadas, e está tudo certo.
Curtia ali o inicio do dia paulistano, de nuvens cinza asfalto, anunciando uma chuva chata de Janeiro, e, vai vendo, o guarda chuva esquecido no banco do coletivo.
Lembrava de uma musica de Chico, sobre um tal de malandro e se perguntava o que o camarada faria em tal situação, onde o faz de conta terminava de forma fatal.
- O que é que a vida vai fazer de mim?
Era só um louco a perguntar, pois Chico anunciou que assim seria.
Dá uma piscadela ao céu, pede a benção a quem quer que esteja a lhe observar, seja no espaço, no avião cruzando o céu ou no táxi descendo a ladeira.
Experimentou o aroma do liquido no copo e virou num gole único, para limpar toda e qualquer forma de maldade que fique no caminho de seus pensamentos, ou travando o caminho do estômago.
Agradece seu Jorge, uns trocados amontoados, um saquinho de moedas escurecidas.
Sai do bar, cospe no chão, eliminando traços do que futuramente poderia ser seu fim, dando ao caídoum pedaço de si, como que dizendo: nunca me verá por estas bandas, porco bandido.
A chuva inicia seu choro lento, e vai ele descendo a rua molhada, sem aflições para um novo dia de luta.
Um cemitério de bitúcas Cigarros fumados Por apreensão Por saudade Certas vontades E desejos incontidos Permanecer Como feitos impossíveis São tantas risadas Vozes distintas Mas o que quero Nunca estará aqui Meninas vestidas Formosas ao olhar Mas sou distinto Decisivo O amor me engana Me traz o errante Mas errar Me torna forte Existem fogos lá fora Explosões sucessivas Grande coisa... Nada vai me trazer De volta Um pequeno cemitério Das lembranças e vontades Ainda que nada mude Ainda que seja o mesmo
A grande verdade é que cada um pensa mais no que está por vir, do que tudo aquilo que (teoricamente) deixaram para trás.
Dessa vez me sinto inovador, como uma espécie de desbravador, pois não posso deixar todas as coisas que vivi para trás.
Não posso esquecer que dei meu sangue por um apanhado de causas que muitos sequer pensariam a respeito.
Hoje penso nos anos anteriores, quando, ainda cego, chorava esperando por tempos menos obscuros. E ainda que mergulhasse em tal escuridão, voltava ao berço ao menor sinal de perigo.
Agora mergulho em apnéia, sem pensar em voltar, e não me incomoda o fato de que repentinamente posso pagar caro, já que confio muito mais em meus sentidos.
É só mais um dia passando, são apenas milhões de minutos pedindo por mais tempo, e eu, que não tenho todos eles para desperdiçar, deixo de derramar lagrimas por outro dia.
Prefiro sorrir frente as velhas novas oportunidades.
É que sou assim Alguém meio calado Mas ainda insisto Em minhas pequenas Ilusões Rosto delicado Sorriso para poucos Assim como suas palavras Puras e repentinas É que vou assim Meio zangado Mas sou o de sempre Que você nunca viu Vejo teus olhos Observando um novo dia E o que há de novo? Teus olhos vem dizer Bato na madeira Acompanha a batida Se envolve Cheia de vida É que sou assim As vezes silencioso Mas é difícil Só ao acaso Para as coisas Que me encantam