looking down on empty streets, all she can see
are the dreams all made solid
are the dreams all made real
all of the buildings, all of those cars
were once just a dream
in somebody's head
she pictures the broken glass, she pictures the steam
she pictures a soul
with no leak at the seam
let's take the boat out
wait until darkness
let's take the boat out
wait until darkness comes
nowhere in the corridors of pale green and grey
nowhere in the suburbs
in the cold light of day
there in the midst of it so alive and alone
words support like bone
dreaming of mercy street
wear your inside out
dreaming of mercy
in your daddy's arms again
dreaming of mercy street
swear they moved that sign
dreaming of mercy
in your daddy's arms
pulling out the papers from the drawers that slide smooth
tugging at the darkness, word upon word
confessing all the secret things in the warm velvet box
to the priest-he's the doctor
he can handle the shocks
dreaming of the tenderness-the tremble in the hips
of kissing Mary's lips
dreaming of mercy street
wear your insides out
dreaming of mercy
in your daddy's arms again
dreaming of mercy street
swear they moved that sign
looking for mercy
in your daddy's arms
mercy, mercy, looking for mercy
mercy, mercy, looking for mercy
Anne, with her father is out in the boat
riding the water
riding the waves on the sea
Sentimentalismos, musicas, contos, crônicas e todo tipo de coisa e detalhe que poderia passar desapercebido.
31 de dezembro de 2008
Peter Gabriel - Mercy Street
Ano Novo
De certa forma, pensando no ocorrido, talvez tenha sido um ano feliz, ainda que varias coisas empurrem esse pensamento ladeira abaixo.
Varias pessoas se reúnem em lugares apertados, comida e bebida de todos os tipos e para todos os gostos, apenas para esperar pela troca de um digito no calendário.
Grande coisa, eu penso, afinal, nada de novo irá acontecer de extraordinário já que assim que o primeiro sinal da madrugada se insinuar nos relógios, todos vão se abraçar, comer, beber, trocar algumas palavras, alguns sorrisos e, ok, hora de dormir, pois tem trabalho dia 2.
Grande coisa...
Todo mundo se une para pensar no ano que passou, mas pensar em coisas boas para se fazer no ano novo que é bom... difícil...
É mais fácil esperar que um ano novo vá trazer milagres para as contas não pagas, para a poluição aumentando, para o descaso de todo mundo, para melhorar aquele ano que, doze meses atrás, todo mundo pensou que seria cheio de milagres.
Puxo minha cadeira, espero sentado passar esses minutos sórdidos, e amanhã, quando trocar aquele imã de geladeira velho por um novo cheio de folhas com números coloridos, vou começar a fazer o que acho justo.
O mais engraçado é que sempre faço isso, sem esperar outro dia começar, então, que vire o ano, que vire o dia, que vire os minutos mais distantes. Seguirei forte como antes.
Mas não vou escapar, pois alguém irá vir e dizer, feliz ano novo, seu pateta.
30 de dezembro de 2008
Asas as Cobras
Quem foi que lhe disse
Que poderíamos voar
Sem asas
Um sem o outro?
É apenas a perdição
A lua em meio as nuvens
E nem todo amor do mundo
Poderá salvá-la
Só o tempo
Só o vento
São madrugadas vazias
Chuva na janela
Dizendo para acordar
Ainda não sofri o bastante
Os delírios recomeçam
Do aquário ao tamanho do quarto
Não espero delicadesas do tempo
Mas sim um final prolongado
A solidão é só mais um convite
Um café talvez
E vou me perder
O resto do tempo
Posso voar
Já o fiz varias vezes
Da janela ao asfalto
Mas não essa noite
Tentemos algo diferente
Vou sorrir para as paredes
Cantar musicas estranhas
Bolar grandes festas
Para convidados invisíveis
Vou acordar pela manhã
De todos os meus sonhos
Lúcidos ou não
Meus ou não
Voar não é mais necessário
De asas as cobras
Vou com minhas pernas
Ao inferno se preciso
Salvar minha alma
29 de dezembro de 2008
Moça da Vila (2)
Sorriso deselegante
Invasor
Provocante
Vestida delicadamente
Simples
Num lindo conforto
Onde um corpo acaricia o vestido
Em seus cabelos
Adormece uma pequena flor
Rouba um perfume
Que nunca será seu
Pés passeando
Levando o chão como dona de si
E canta
Atiça seu ouvinte
Me pergunto
De onde vem
Para onde vai
O que irá fazer agora
Dona de um charme transparente
Interessante
Me afague com teus olhos
E deixe-me te vislumbrar
Por mais um instante
28 de dezembro de 2008
Moça da Vila
Olha a moça da vila
Lembro da flor no cabelo
Da saia raspando o chão
Do som da boemia
Olha a moça do sorriso largo
Dos olhos encantadores
Da voz doce
Da vontade liberta
Olha os pés
Embalando um samba
Cantando uma canção
Levando uma vida
Olha o jovem poeta
Caído em sua pura desilusão
Quanto a dizer
Quanto a fazer
Olha a moça vindo
De qualquer lugar
E olha o poeta
Olha a moça
Olha os dois alí
O mesmo meio
A mesma boemia
Sempre os mesmos
Olha a moça da vila
Que hoje não tem flor
Mas qual o caso?
Se ela floresce para a noite?
27 de dezembro de 2008
Na mesa do bar
Somos os novos
Somos os velhos
E nada muda
Entre um violão e cervejas
A mesa está posta
Num bar frente a esquina
E lá estaremos
Tocando sons a velha juventude
Viva a boemia
A cachaça em copos miúdos
Mais uma dose
E um cigarro para a vida
Ficamos mais novos
Estamos mais velhos
Ficamos bem acompanhados
Ainda que mal afortunados
26 de dezembro de 2008
A Pintura Perfeita
A imagino deitada sobre a cama, tão leve a ponto de nem ao menos amarrotar os lençóis.
Tão dócil, olhos fixos nos meus, como uma canção que busca seu interlocutor de forma inevitável.
Luminosa, transformando o gélido ambiente em um coração batendo as pressas por um pouco de calor.
Pele macia e confortável ao toque.
Cabelos esses espalhados sobre as costas nuas, envolvendo os ombros como uma gentil carapaça pronta a se remontar em outro ponto.
Mãos baixo ao rosto, num travesseiro naturalmente mais suave e aconchegante.
Quantos pintores, após dezenas de taças de vinho, se colocariam a disposição para pintar com tal falta de modéstia aquilo que por si já pareceria ao mundo verdadeira beleza emoldurada num sorriso?
Quanto restaria aos poetas então tentar descrever essa poesia pronta aos olhos, ainda que os mesmos não consigam traduzir em suas rebuscadas palavras tais aromas presentes nesse corpo puro, entregue aos cuidados da brisa matinal?
Não diga nada, eu peço com estranha determinação.
Observo o quadro despertar para os primeiros raios de um sol implacável, e como feito de areia, se desfaz frente meus olhos, tornando-se aquilo que sempre tenho ao fim de meus devaneios.
Deito a seu lado e deixo que me abrace.
Como a solidão me parece bela, ainda que mortal ao fim de uma noite de insónia...
15 de dezembro de 2008
O Homem
Caminha a passos largos, olhar flamejante, pulsos firmes, sorriso a 1/4, como que certo do que iria fazer e sobre tudo o que viria a seguir.
Ainda que todos os que parem a sua volta pensem exatamente isso, penso comigo, pobres tolos esses, tão errados quanto uma pedra solta em um caminho escorregadio.
Ele caminha sim, porque o tem de fazer sempre, seu olhar desafiante serve de consolo para si mesmo por esperar que em certo momento algo ira provocar seus instintos, pulsos firmes de medo da condição presente, e sorriso no rosto por ter certeza de que só isso lhe resta, um sopro de vontade e nada mais.
"Ria e o mundo irá rir com você. Chore, e estará sozinho."
- frase retirada de um filme... que ainda vou me lembrar o nome...-
15 de novembro de 2008
Ao Mundo, com Amor...
Poderíamos ter feito o mundo girar mais uma vez
Ir nas alturas e nunca mais voltar
A cidade estaria em chamas
Por nosso ato criminoso
Poderíamos ter feito mais de uma vez
Tudo o que acreditávamos ser impossível
E rasgar todas as fotos
Esquecer todos os compromissos
Aos caros errantes
Estranhos pedintes
(cretinos)
Aos momentos brilhantes
Formosos sorrisos
(hipócritas)
Aos que mandam
E querem mandar
(inferno)
Aos sonhos
A realidade
(ilusão)
Poderíamos chorar enquanto tudo desaba
Ter pena por tudo o que foi deixado
Mas não sabemos ser humanos
Ou ser baratas
Poderíamos por fim nessa carnificina
Alguém precisava dar o primeiro passo
E ainda que cortem minhas pernas
Fiz a escolha certa
25 de outubro de 2008
Rituais
Em minha rotina diária de acordar, trabalhar, dormir, tento manter pelo menos um, que, nesses últimos tempos de fúria, me mantém de cabeça fria.
Chego no trabalho geralmente dez minutos antes de entrar para o sacrifício.
Na porta de entrada, ainda do lado de fora, me sento em uma espécie de banco de concreto, de onde tenho vista para um prédio de escritório e suas vidraças gigantes, um outro edifício que acredito ser um daqueles flats ricos próximos a Faria Lima, e a uma espécie de retângulo entre eles por onde vejo o céu e suas nuvens..
Observo o escritório, e penso em um trabalho atrás de uma mesa, ao qual não nasci para desenvolver.
Observo o flat, e penso em um lugar ostensivo demais para a minha personalidade, logo nunca vou desejar me hospedar por lá.
Observo o céu, e quando um avião passa, me imagino dentro dele, fugindo para qualquer lugar do mundo, tentando sobreviver aos fatos que tentam me devorar, lutando contra meus demônios para que eles não me persigam nesse novo caminho, ainda que isso fosse algo impossível.
Respiro fundo, olho o céu novamente e entro para trabalhar.
O mais interessante, é que a alguns dias atrás, percebi que mais alguém seguia um ritual muito parecido.
De uma das janelas do escritório, alguém, sentado em sua cadeira confortável, vira-se e observa o mundo lá fora. Passa um bom tempo a olhar os edifícios, as pessoas na calçada, os carros num engarrafamento, os faróis piscando, o sobe e desce de helicópteros, e um jovem sentado numa base de concreto.
Um dia talvez, acabemos sentados juntos em uma das cadeiras brancas do deck, tomaremos um café, e discutiremos nossos rituais.
Talvez um dia tudo seja diferente.
23 de outubro de 2008
Três no Sofá
Enquanto escrevo, me vem em mente a cena, como uma fotografia 3x4 que nunca ira se perder, e que um dia, poderemos ver numa dessas lojas de artigos fotográficos, ainda que não entendamos seu motivo para estar ali.
Três pessoas sentadas num sofá eternamente confortável, cigarros e suas brasas violentas, uma televisão com um filme desses que só alcançam espaço durante a madrugada, quadros e capas de revistas com seus sorrisos deselegantes, forçados pelo momento, livros cheios de histórias repetidas ao acaso.
Lá estavam eles, simplesmente eles, sem super poderes, sem intenção de causar alarde ou ficarem simplesmente quietos.
Uma moça e sua blusa branca, estilo aluna do colegial dos anos 60, cabelo em rabo de cavalo acima da nuca, uma calça jeans impecável, sapatinhos amarelos, apoiada sobre o ombro e um sorriso de cordialidade, ainda que seus olhos estremecidos pelo cansaço pedissem por algumas horas de descanso.
Um rapaz, franzino, olhos fixos num canto qualquer da parede branca, blazer escuro, uma camisa social meio amarrotada, calças largadas, sapatos perfeitamente engraxados, cigarro na boca a la James Jean.
Outra garota, um misto de Marilyn Monroe e Madonna, All Star cobrindo os pés, blusa escura de recheio composto por um algodão branco, visto apenas pelo capuz jogado em suas costas. Cabelo formado por cachos revoltados, e dona de um estilo ao qual David Bowie sentiria prazer em ter.
Brasas, queimando o tempo que lhes restava naquela sala, tomando para si um momento intenso, engolindo uma noite que, de tão inesperada, tornou-se tão importante.
Hoje talvez torne-se apenas uma fotografia estranha para olhos alheios, mas para eles, sempre permanecerá como algo especial.
30 de setembro de 2008
Mudanças
pegue suas flores
carrego meu violão
sei de mais musicas do que podemos cantar
Pássaros implacáveis nos céus
entre nuvens de cores distintas
a brisa leve toca as árvores
uma sombra suave para descansar
Corra e pule
grite e sorria
pegue mais biscoitos
tenho café quente na garrafa
Nada será como antes
por mais que todos tenham medo
são apenas novas mudanças
e bons desafios
Olha a lua lá no alto
brilhando mais que as luzes da cidade
o tempo está morno
presente de um dia quente
As pessoas andam pelas ruas
sons diferentes em cada esquina
um gato sai para passear
esse é nosso momento
Nossos passos para lugares novos
novos lugares para nossas descobertas
abra mais um pacote de chocolate
e lambe os dedos
Segure na ponta dos dedos
as chances que temos agora
chegou o tempo de novas mudanças
e venceremos todos os desafios
20 de agosto de 2008
Paranóia (parte 4)
Ter pessoas a vigiando 24 horas por dia, sem descanso, inimigos a cada esquina, não confiar em ninguém e nem em nada, checar sempre a segurança, analisar tudo e todos em busca de uma falha, deixar a luz do abajur aceso antes de dormir, enfim, acostumada de fato a inúmeras possibilidades de ataque.
Cruzou o beco decidida, olhava ao redor, contava os passos, tudo estava sob controle.
A rua estava como planejado, muitas pessoas, fácil de se esconder, e a entrada no edifício tinha sido tranquila, já que esperou na portaria até o momento em que o porteiro saiu para uma vadiagem no primeiro andar. Sua amante o esperava na porta do 112.
Ela sabia, tinha de saber, afinal, qualquer um naquele edifício poderia ser um informante do governo afim de conseguir dados confidenciais!
Subiu calmamente as escadas, pés de pluma, sem barulhos, ainda que o salto agulha tornasse a cruzada um pouco desconfortável, mas era necessário, sem duvida, necessário.
Parou frente a porta que dava acesso ao 7 andar, encostou o ouvido na porta, sem sons estranhos, sem sinal de movimentação, mas ela queria ver mais, pois alguém poderia se esconder em alguma sombra ou canto o suficiente para ter uma boa mira caso alguém viesse pelo elevador ou pela escada.
Empurrando levemente a porta, o suficiente para ter uma fresta livre de qualquer obstrução, fixou os olhos no corredor marrom, cheio de portas brancas e números brilhantes. Nada, ninguém, sequer um movimento, mas ela podia estar errada, sem duvida podia.
Três horas depois, tomou coragem para prosseguir.
Sacou sua arma, verificou se estava carregada e destravada, abriu a porta com um só golpe.
Saiu a galope, cruzando o corredor até a porta de seu apartamento.
Semanas atrás, escolhera seu covil no final do corredor do 7 º andar exatamente para ter tempo de acionar suas armadilhas e dar o fora antes que qualquer intruso conseguisse chegar a seu destino. Trinta segundos preciosos e ela sabia como usa-los!
Mas aqueles trinta segundos para ela, naquele momento, significava estar desprotegida, e precisava correr.
Acelerou o passo na tentativa de diminuir esse tempo em pelo menos dez segundos, mas uma porta em seu caminho atrapalhara seus planos.
Do 715 saiu dona Esthela, velha, tinha lá seus 85 anos, cadeira de rodas, óculos de fundo de garrafa, cabelos acinzentados devido a uma tintura barata comprada em uma loja de cosméticos por sua empregada que gostava de comprar produtos fajutos e guardar o troco pra si, e que agora, a meia cadeira para fora do apartamento ricamente mobilhado, recebia em sua testa uma bala, presente inesperado, mas que poria fim a seu mal de alzheimer antes mesmo de cientistas encontrarem a cura.
Incursão essa esperada pela garota que tremia no corredor. Não acreditava naquela velha conspiradora, fomentadora do caos alheio, e agora, se apresentando no momento mais complicado de sua trajetória, prostrava sua mascara e deixava escapar a verdadeira face de inimiga numero um.
Estava em perigo, outros podiam ter escutado o ribombar da pistola. Tinha de correr, apanhar seu pacote e fugir para bem longe de tudo e todos, para onde estivesse a salvo.
Fluffy deve ter escutado o disparo e já se prontificou a pegar as chaves do velho Opala, pensou ela em êxtase.
Agora, era tudo ou nada!
17 de agosto de 2008
Quando você não veio
Me senti sozinho
O mundo não era mais o mesmo
O ar me atacava
Mal podia respirar
Fumei tudo o que podia
Bebi tudo o que consegui
E não me dei por satisfeito
Não me tive por inteiro
Fiquei sozinho
Olhei os moveis ao redor
Era tudo igual
E eu o mesmo de sempre
Corri tudo o que podia
Sonhei tudo o que podia
E não me dei por completo
Não me tive por completo
Fiquei acordado
O sono me esqueceu
Do trabalho de um dia
O corpo acumulado
Escutei tudo o que queria
Cantei tudo o que gostava
E não me senti repleto
Não consegui me manter disperso
Sai perdido na escuridão
As pessoas não me olhavam
Apenas mais um
Mais um
Aguentei tudo o que consegui
Lutei por tudo o que desejei
Mas está na hora
De seguir em frente
14 de agosto de 2008
Paranóia (parte 3)
Andou vagarosamente até a porta, tomando cuidado para não produzir nenhum ruído. Claro, se alguém sequer ousasse descobrir que ela chegava perto da porta poderia esperar pelo melhor momento para atirar através da placa fina de madeira e a atingir em cheio no peito, sem qualquer possibilidade de proteção ou desvio.
Olhou através do olho magico na tentativa de demarcar o quão longe estava o pacote da porta. Se abrisse a uma boa velocidade, talvez pudesse pegar o pacote e fechar a porta em menos de 20 segundos sem correr qualquer risco, mas não podia se dar ao luxo de entregar-se a possibilidade de falhar, passar mais tempo exposta ao perigo e morrer por uma atitude incrivelmente ridícula. Devia pensar em coisa melhor a fazer...
A saída de incêndio! Claro! Como não havia pensado nela antes!
Trocaria de roupa, usaria algo que certamente ela não usaria, fazendo se passar por outra pessoa. Sairia pela janela que dá acesso a escada de incêndio, descendo as escadas vagarosamente, para não fazer barulho ou chamar atenção dos transeuntes presentes no beco que fica atrás de seu prédio.
Sairia para a rua e se juntaria a massa de pessoas que passam por ali, e ao se aproximar da porta principal, entraria pelo Hall do prédio rapidamente, fingindo estar com pressa para chegar a seu destino, evitando assim qualquer incursão do porteiro ou algum conhecido que conseguisse reconhecer seu rosto por debaixo do grande chapéu negro, estilo Carmen Sandiego.
Subiria pelas escadas para evitar qualquer um que entrasse pelo elevador, e ao chegar ao andar de seu apartamento, esperaria alguns minutos na porta da escada para ter certeza de que o andar estaria vazio. Sacaria a arma, entraria de uma vez só, e atirando se fosse preciso, saltaria para o pacote no chão, o agarraria com todas as forças, se jogaria quanto a porta onde Fluffy estaria pronto para abrir a porta na hora certa, e também atirar se fosse preciso. Armado até os dentes, ele certamente transformaria qualquer bandido em uma peneira!
Arrumou-se toda, mergulhou em seu armário e lá ficou durante uma boa meia hora até encontrar a roupa perfeita, algo que fosse um bom disfarce mas que não atrapalhasse na hora da ação. Ativou todas as armadilhas e alarmes, arma na cintura, Fluffy parado sobre a cama, virado para a porta, apoiado em uma outra Beretta, tudo pronto para a ação.
Deu uma ultima olhada no pacote pelo olho magico, andou novamente até a janela, a qual abriu com grande esforço, e olhando para as escadas enferrujadas, respirou fundo e esticou uma das pernas por cima do batente. Droga de saia, pensou, já estava dando trabalho!
8 de agosto de 2008
Paranóia (parte 2)
Subitamente, a jovem garota saltou fora da cadeira, pegando a mesma com as mãos para utilizar como arma. Andou calmamente até a porta, pôs as costas da cadeira junto à maçaneta da porta de forma que quem estivesse do lado de fora e tentasse abrir não conseguiria.
A campainha tocou novamente e, apressada, a garota andou até outro quarto onde um grande sistema de câmeras vigiava desde a entrada do prédio onde morava até os quartos dentro de seu próprio apartamento, sem contar todas as ruas que circundavam o prédio (um trabalho feito durante varias madrugadas), e em um dos pequenos televisores presos à parede que mostrava a imagem da porta de entrada, mostrava um pacote deixado na soleira da porta.
Ela olhou em todas as câmeras e não viu nenhuma pessoa nos corredores, no hall ou alguém suspeito andando na rua.
Vendo o pacote largado sobre o capacho começou a pensar no que faria e entrou em pânico com as varias possibilidades que lhe passaram pela cabeça. Aquele frágil pacote (porque tinha o símbolo da taça em uma das extremidades) poderia ser uma bomba ou alguma coisa parecida, ainda que poderia ser atacada ao abrir a porta por alguma pessoa que pudesse estar camuflada!
Virou-se para o pequeno Fluffy, que nesse momento jazia sentado sobre a cama, e começou a soltar vários palavrões.
- Caramba, se você ainda tivesse me lembrado de comprar algum aparelho que pudesse encontrar o movimento através do calor, mais ou menos como aqueles óculos de visão noturna, sabe Fluffy, a gente não teria problemas assim, ou se pelo menos tivéssemos lembrado de fazer algum alçapão ou alguma outra entrada pela qual pudéssemos pegar as coisas largadas na porta, mas não... O que você tem a dizer agora que estamos encrencados, senhor Fluffy?
- .......
- O silencio é sua melhor resposta?
- .......
- Urso ridículo, só sabe ficar ai parado... Ócio mata, sabia?
Começando a ficar um pouco mais calma, sentou-se ao lado de Fluffy e começou a pensar numa forma de saber do que se tratava o pacote.
7 de agosto de 2008
Paranóia (parte 1)
Entrou batendo a porta do apartamento, trancando em seguida uma porção de trancas de diferentes formas. Ligou o alarme, antes observando a seu redor para ver se ninguém a observava digitar a senha numérica de vários números.
Verificou a tranca das janelas e se as mesmas estavam bem fechadas, olhou em baixo da escrivaninha, em cima do lustre no teto, atrás da pia do banheiro, em baixo da cama, dentro do armário, nas entranhas do pequeno e desprotegido Fluffy (seu ursinho de pelúcia), entre tantos outros lugares e frestas possíveis à procura de algum tipo de escuta, radio transmissor e até bombas.
Sentou-se na cama e, de olhos fechados, começou a aplicar uma técnica hindu de alta percepção energética, para saber se havia alguém por perto, mesmo sabendo que tal técnica nunca deu sinal de efeito, mas acreditava que o livro que ensinava dizia a verdade, e o que estava escrito nos livros para ela era lei.
Abriu os olhos rapidamente. Não podia demorar muito naquela atitude, pois poderia ser atacada pelas costas, sem a menor chance de se defender!
Sorrateiramente, agarrada ao pequeno Fluffy, pôs a mão sob o travesseiro e retirou sua Beretta, idêntica a que o conhecido agente 007 usava em suas aventuras. Acreditava ela que tendo uma pistola igual à do maior espião do mundo ela estaria a salvo de qualquer invasor indesejado, podendo sacar a qualquer momento a arma de baixo do travesseiro e eliminar o transgressor da lei e da ordem. Verificou se estava carregada e destravada, a recolocando mais uma vez no lugar de onde saíra.
Sentindo-se mais segura, sentou na pequena cadeira em frente a escrivaninha, abrindo uma das gavetas e tirando um grande rolo de papéis. Observou mais uma vez a seu redor e, consciente de que ninguém a vigiava, abriu os papéis, que na verdade eram uma porção de mapas, planos de fuga e de ataque, lembretes de onde estavam localizadas as armadilhas pela casa e uma grossa pasta onde se podia ler em letras garrafais “ULTRA-SECRETO”.
Vagarosamente abriu a pasta, tomando cuidado para que apenas ela pudesse ver o conteúdo da mesma, impedindo a visualização por qualquer outro ângulo que não fosse o que ela estava. Leu espantada as primeiras linhas do documento, e disse para si mesma, apertando os olhos e raspando os dentes:
- Esses malditos sanguinários... Querem me atacar? Que venham! Estou preparada para eles...
2 de agosto de 2008
Noite de Ilusões
Estou tão longe
De qualquer conceito
De perfeição
Mas o que é bom pra mim
Nem sempre é para os outros
Estou tão próximo
De meus conceitos
Minhas piadas favoritas
Que mal posso enxergar
Quando tudo está errado
Mas tudo pode se tornar um acerto
Estou tão calmo
Indiferente a paisagem
Talvez me considerem morto
Talvez eu só tenha modificado
Meu ponto de vista
Estou tão perdido
Que nem riscar o chão
Ou migalhas de pão
Vão mudar meu rumo
Mudar meus pés de chumbo
Estou tão cansado
Por travar minhas batalhas
Mas é só um novo dia
E mais um demônio para destruir
Estou tão confuso
Que não sei em quem acreditar
Se devo realmente escutar
Palavras jogadas no lixo
Estou tão pensativo
Onde vou parar?
Vou parar?
Parar?
Pra que?
Estou tão sonolento
Mas não vou dormir
Antes de desvendar o ultimo sonho
De uma noite de ilusões
14 de julho de 2008
Isto está começando a doer de verdade (parte 5)
Esse será o fim...
Já faziam algumas boas horas e ele continuava ali, jogado no canto mais escuro e úmido do bar, solitário como sempre, tentando desvendar todos os mistérios por detrás de cada olhar recebido pelos desconhecidos que entravam e saiam do estabelecimento.
Seus pulsos estavam presos por um par de algemas impiedosas, formadas pelo fino laço de seus pensamentos mais profundos, que não exitavam em rasgar sua mente a qualquer tentativa de distração, voluntaria ou não.
Cerveja esquentando na mesa, uma porção de provolone embebida em azeite e uma pitada de sal para dar algum sabor, e ele, com suas costas arqueadas em direção a mesa, contemplava calmamente o movimento das prostitutas rua acima, chamando táxis para mais uma festa particular. Para os que pagavam, é claro.
Puxou a pequena caixa metálica do bolso e abriu com um leve balanço dos dedos. Com outro movimento afastou o fino papel e recolheu uma das pequenas balas brancas, mentoladas, suas favoritas.
Pondo na boca, parou um segundo até sentir o sabor doce se espalhar pela língua. Agora era a hora para o segundo movimento.
Sacou de outro bolso o pacote de cigarros, finos, suaves e logo acendeu um. Puxou ar com os pulmões forçando a primeira tragada, para que o cigarro iniciasse sua destruição.
Tudo aquilo o embriagava, numa espécie de ritual macabro onde o unico envolvido seria ele.
Pensava em chorar, em beber tudo o que podia, comemorar uma solidão mórbida e inevitavel, e por fim, rir de tudo, como se sua vida fosse parte de uma piada mortal.
O silêncio e uma leve brisa era tudo o que restava para ele naquele momento, assim como certos objetos que o rodeavam desde que teve conciência de quem realmente era.
Um deles, perpetuamente pulava para fora de seu bolso, como se tivesse vida e vontade própria.
O tempo, naquele objeto, não influenciou em nada, a espera por sua mão foi mais forte, o ferro de que era revestido durou, e duraria pela eternidade se fosse preciso.
Segurando por entre as mãos ele reconheceu seu peso, seu metal frio, seu cabo grosso e aspero, seus angulos plenamente formados para dar fim a coisas não terminadas, e dentro repousava um presente maligno para quem o recebesse, e extremamente benéfico para quem o oferecesse.
Tomando o objeto em sua mão, a vontade louca de puxar aquele gatilho que sempre o levava a outros lugares desconhecidos, percebeu que havia chegado a hora de dispensar alguma dor, alguma forma de acabar com tanto sofrimento, ainda que momentaneo.
Puxou uma pequena caderneta de um de seus bolsos, e com o objeto metálico, iniciou um pequeno romance, que perduraria até que, enfim, não doesse tanto quanto um dia o fez sofrer.
E pensava: Quanto as coisas podem oferecer de dor?
11 de julho de 2008
Quando eu era criança...
O fato é que hoje em dia vejo que algumas de minhas atitudes inocentes levaram a processos de modificação para tudo aquilo onde coloquei meu santo dedinho infantil.
Posso dizer que não era uma criança das mais intelectuais e reflectivas do mundo. Estava pouco me ferrando para o que poderia acontecer, então aprontei, deveras!
Quando adulto fica muito mais claro de reparar o quanto podemos mudar as coisas com atitudes impensadas.
Existia lá na cidadezinha de onde venho, uma distribuidora de refrigerantes. Era uma empresa grande, bem conhecida na cidade. Inclusive empregava boa parte da cidade, mas isso não vem ao caso.
Acordava todos os dias por volta das 5 da manhã, tomava meu café, pão com manteiga, e partia a pé para a escola, onde entrava lá pelas 7. Porém, no caminho havia essa empresa.
Então, num dia frio, chuvoso, reparei que os caminhões que guardavam as encomendas para serem entregues, ficavam estacionados na parte de trás da empresa, onde não havia praticamente nada, a não ser uma avenida pouco movimentada e um rio semi-poluído.
Via aqueles grandes caminhões coloridos, cobertos por lonas verdes manchadas por tantos dias de sol e chuva, e ficava curioso... O que teria por debaixo da lona?
Nesse dia frio resolvi então descobrir o segredo das lonas.
Fui caminhando ao lado do caminhão mais próximo, larguei meu guarda chuva próximo ao pneu, escalei pela beirada e desamarrei uma das cordas que seguravam a lona para facilitar minha incursão.
Usando um pouco de força, levantei a lona e dei uma breve espiada, e qual não foi minha surpresa ao perceber que se tratava de um carregamento de refrigerantes!
Criança sadia, pouco açúcar no sangue, precisava consumir uma ou duas garrafinhas diárias daquele elixir maravilhoso que vinha envasado em garrafinhas transparentes e com logotipos chamativos.
Peguei ali três ou quatro garrafinhas e voltei pra casa contente por ter algo para beber pelo resto da tarde. O detalhe é que o caso prosseguiu por mais alguns dias.
Creio que mês e meio depois dessas visitas aos caminhões de entrega, a empresa abriu falência e fechou.
Foi então que, a alguns dias atrás, observando algumas pesquisas que eu fazia pela internet, me deparei com uma noticia lá da minha cidadezinha, de um jornal bem antigo, da época em que eu bebia meus refrigerantes, e descobri que o motivo pelo qual a empresa faliu foi: desvio de verbas pelos donos da empresa e DESVIO DE MERCADORIAS, ASSIM COMO PROBLEMAS CONSECUTIVOS DE FALTA DA MESMA DURANTE A ENTREGA!
Acredito hoje que, se um avião cair em algum lugar, não serei responsável por ele, mas se uma empresa de refrigerantes de minha cidade natal fechou, eu tive... ahmm, digamos... certo envolvimento no caso!
Coisas que só fazemos quando somos crianças...
19 de maio de 2008
Isto está começando a doer de verdade (parte 4)
Era tarde quando chegou.
O silêncio e uma leve brisa era tudo o que restava no aposento, mas algo ainda a esperava na sala dos fundos, algo realmente importante, que nada tem feito nos últimos anos a não ser esperar por seu leve toque.
E ela chegou, antes tarde do que nunca!
Nunca... palavra as vezes amistosa quando usada para se referir a coisas que deveriam ser eternas, que nunca iriam se acabar, mas essas frases prontas nunca funcionam de verdade, e agora ela sabia disso.
Mas aquele nunca, exatamente aquele que a esperava a tanto tempo dentro do armário de seu antigo quarto, onde morou durante muito tempo com sua familia aparentemente feliz, aquele ali nunca sairia de seu lugar sozinho. Precisava de um motivo, um bom motivo, e ela tinha todos.
A casa, agora abandonada, era pó e escombros. Mobilia antiga dos tempos de sua juventude, escadas rangentes, portas derrubadas, cortinas rasgadas e enegrecidas, tabetes e traças, e tudo aquilo que fez parte de sua vida, voltava agora a seu mundo real, mas sentindo todo o peso de cada lembrança ali presente. Velhas lembranças em forma de pano e madeira.
Subiu decidida as escadas, cruzou o pequeno corredor com dois grandes passos e abriu a porta com um leve jogo de ombro, exatamente como faria se fosse a dez anos atrás. Entrou e viu o que lhe esperava.
Nada muito diferente do resto da casa, se não mais escombros do que um dia foi sua cama e seu armario, mas algo debaixo daquele amontoado de madeira chamava sua atenção, chamava, clamava, pedia sua atenção.
E separando algumas ripas de madeira podre e pedaços de ferro retorcido, chegou ao que lhe aguardava.
O tempo, naquele objeto, não influenciou em nada, a espera por sua mão foi mais forte, o aço de que era revestido durou, e duraria pela eternidade se fosse preciso.
Estava ali, da forma como havia sido guardada.
Segurando por entre as mãos ela reconheceu seu peso, seu metal frio, seu cabo grosso e aspero, seus angulos plenamente formados para dar fim a coisas não terminadas, e dentro repousava um presente maligno para quem o recebesse, e extremamente benéfico para quem o oferecesse.
Tomando o objeto em uma só mão, sentiu o gatilho, fragil, louco por uma boa mira, mas resolveu guardar o momento, pois quando chegasse a hora certa, aquilo certamente iria doer.
18 de maio de 2008
Ao meu amor (carta de saudade)
Teu sorriso
Tua boca
Tua voz
Sabe o quanto eu penso?
Em te ver
Em te abraçar
Ao menos estar com você
Sabe o quanto quero?
Estar mais perto
Ver mais de perto
Tão perto
Meu amor
Eu luto
Contra meus anjos
Meus demônios
Todos os dias
Todas as horas
Meu amor
Eu fujo
Eu corro
Eu ando
Eu morro
Meu amor
Venho sonhando com mudanças
Venho procurando por chances
Venho zelando
Por meu amor
Quem me dera se tudo fosse fácil
Se teus desejos
Meus desejos
Se tornassem reais
Assim como noite em dia
Tão simples
Como uma tarde de sol
Uma noite de estrelas
Sinto frio
Calafrios
Tenho sono
E olhos que não se fecham
Tenho falta
Sua falta
Saudade
Teu amor
Me espera
Amanhã quero te ver
Qualquer hora
É só o que lhe peço
É só o que quero
Estar com você
9 de maio de 2008
David Bowie - Ashes to Ashes
Do you remember a guy that's been
In such an early song
I heard a rumour from Ground Control
Oh no, don't say it's true
They got a message from the action man
"I'm happy, hope you're happy too
I've loved all I needed to love"
Sordid details following
The shreiking of nothing is killing
Just pictures of Jap girls in synthesis and I
ain't got no money and I ain't got no hair
But I'm hoping to kick...but the planet is growing
Ashes to Ashes, funk to funky
We know Major Tom's a junkie
Strung out on heaven's high
Hitting an all-time low
Time and again
I tell myselfI'll stay clean tonight
But the little green wheels are following me
Oh no, not again
I'm stuck with a valuable friend
"I'm happy, hope you're happy too"
One flash of light...but no smoking pistol
I've never done good things
I've never done bad things
I've never done anything out of the blue, woh-o-oh
Want an axe to break the ice
Want to come down right now
Ashes to Ashes, funk to funky
We know Major Tom's a junkie
Strung out on heaven's high
Hitting an all-time low
My mother said to get things done
You better not mess with Major Tom
7 de maio de 2008
Oração da Madrugada
Que carrega estrelas na ponta dos dedos
Avise a lua que a madrugada chegou
E me leve pelo melhor caminho
Oh fada das rosas
Que usa pétalas para cobrir seu corpo
Traga o aroma das flores
E dance em volta de minha cabeça
Ao amável poeta
Que forme o mais lindo poema
Sobre um homem solitário
Que pode amar e ser amado no fim
Ao grandioso mestre dos sonhos
Que preencha nosso sono
Das melhores imagens
De tudo que sempre foi impossível de se conseguir
Oh tempo orador da morte
Que mantém a madrugada sem um fim
Corra como tiver de correr
Segundo após segundo
Oh implacável destino
Que escolhe o rumo de todas as coisas
Mantenha-se sempre imparcial
Para que se cumpram as leis do divino
E para os que seguem adiante
Não temam a chuva repentina
Ela lavará as vossas almas
Como a mais simples oração
30 de abril de 2008
Existe vida lá fora...
16 de abril de 2008
Distúrbio do Sono
Tenho de me manter acordado
Mesmo que perdido em sonhos
Em minha doce realidade
Mais um sol a se por
E tudo parece tão igual
A tarde se esvai
E permaneço sobre o tempo
Mais uma alma chegou
As vésperas da ira divina
O que fazer
Não existe um ponto de fuga
Busca
Canta aos pássaros no céu
Inventa novas palavras
Marca seu caminho
A vida não tem sentido
Não pode ser pura obra do destino
Tudo se move ao acaso
É o que se quer ser
Contempla a brisa
Deixe que leve teus pensamentos
Permaneça vagando
Ao sabor da maresia
Mais fé, por favor
E paz para um coração aflito
Vem chegando um turbilhão de emoções
14 de abril de 2008
A Hora de Recomeçar
É hora de recomeçar
Olhar o sol com bons olhos
Criar suas oportunidades
Entender que é bom viver
O passado morreu
Como a flor sem água
Secou aos poucos
A terra absorveu
O futuro e o destino
Não podem ser lidos
Nas mãos que nada fazem
Esperando o tempo passar
O presente está presente
Vai correndo
E você não poderá mais
Permanecer ausente
Use o frio
Para aquecer a mente
Fazer da solidão
Um estimulo para a coragem
Aquietou-se o pensamento de fúria
A raiva transformou-se em vontade de viver
Nunca mais será preciso chorar
As velhas lagrimas de sangue
De sua idade de trevas
Agora é a hora
Não se pode mais esperar
O mundo espera teus pés
Para recomeçar a girar
11 de abril de 2008
Recomeço
Ele não podia simplesmente ficar por lá, deixar que o universo pesasse de forma avassaladora sobre suas costas e simplesmente dizer, ok, esmague mais uma costela. Ele tinha de fazer alguma coisa.
Ele se sentia mal ainda, com um resto de dor de cabeça provocado pela ressaca da noite anterior. Não se culpava por essa atitude, mesmo que sempre pensara negativamente a respeito de se afundar na bebida como forma de afogar as magoas.
A bebedeira da noite anterior serviu de fato para acorda-lo, mostrar que ele não era fraco e que tudo não poderia acabar só porque dois ou três homens resolveram de uma hora para outra cortar os fios que seguravam uma de suas marionetes. Boneco esse que agia da forma mais correta possível, sempre bondoso e honesto e que criou em seu espírito uma pequena semente de ira contra esse lado heróico, porque, afinal de contas, nem todos os heróis são bonzinhos, e agora ele sabia que não precisava mais ser assim.
Era uma mistura de sensações, entre pensamentos confortáveis de estar livre da obrigação diária de ter de fazer café para um gordo de óculos até a mais penosa que é pensar que no final do mês as contas não tardaram em atormentar. Mas o mais incrível de todas as sensações, a que ele sentia com maior força era a de estar flutuando, sentir-se como em um sonho prestes a acordar e ver que já são seis da manhã e é hora de acordar para ir trabalhar. Sensação essa quase como se estivesse vivendo duas vidas, de estar quase que ligado a uma realidade paralela e que os rumos teriam se unido, como algo inevitável, algo que deveria acontecer em qualquer uma vida possível, de qualquer caminho que pudesse ter escolhido desde seu nascimento.
Se tudo aquilo tinha de acontecer, ele pensava consigo mesmo, era um grande mal inevitável, mas grandes homens eram feitos de atos inovadores, são conhecidos as vezes por terem dado passos maiores que as próprias pernas e alcançado seus objetivos, e mesmo quando tudo dava errado, foram homens o suficiente para dar os próximos passos e seguir adiante.
Ali sentado, digitando seus pensamentos, ele compreendeu que nada é por acaso, que ele poderia confiar em sua força, em sua garra e em seus atos. Ele tinha uma família agora, pessoas que gostavam e se preocupavam com ele, e que, unido a tudo isso, ainda existia as palavras de uma mulher em sua cabeça, dizendo que o caminho que ele seguiria traria muita felicidade para sua vida.
Era nisso que ele ira pensar dali em diante.
7 de abril de 2008
A Fuga de Erika
Era apenas mais uma noite de verão para a garota que apenas conseguia manter seus olhos presos na lâmpada do ventilador que piscava e oscilava algumas vezes.
O nome da garota... Bem, ela não queria lembrar. Já não agüentava mais ouvir seu nome sendo chamado todo o tempo, sem a mínima pausa para descanso.
Já passava das três horas da madrugada e na televisão ligada o canal estava fora do ar e fazia um chiado irritante ao ponto da garota se levantar nervosa para desligar o aparelho.
Ao se levantar, seus cabelos desceram pelos ombros e alguns fios cobriram seus olhos. Usava uma camiseta pólo muito amarrotada e um bermudão cinza que cobria seus joelhos. Seus pés cansados e descalços se arrastavam pelo chão e de vez em quando, numa tentativa de diminuir a dor, abria os dedos e tentava encostar o dedão na sola do pé.
Após desligar a TV, andou até a cozinha e, abrindo a geladeira, pegou uma garrafa de leite e se voltou para a secretaria eletrônica em cima do balcão. Apertou um botão para voltar a fita e logo apertou outro para que a mesma iniciasse a falar os recados guardados.
Quando a fita começou a rodar, a musica Born to be Wild do SteppenWolf toca alto e começa a baixar dando lugar a voz doce da garota que dizia: “Você ligou para falar comigo, mas como vê, estou muito ocupada para te atender agora. Deixe um recado que se eu tiver paciência eu ligo mais tarde.”
Depois um sinal tocou e outra voz começou a falar.
“Erika? Está ai? É claro que não... Olha, sei que está cansada e que o ultimo show foi foda, mas você não pode deixar-se abater por aquele merda do Eduardo. Amanhã tem show de novo, então tenta não por tanta raiva na guitarra porque não temos grana para comprar uma nova”.
Mais um sinal e a fita continuou.
“Senhorita Érika, aqui é do Banco Central e estamos ligando para lhe informar que mais uma parcela do seu aluguel acaba de vencer. A senhorita tem até a próxima terça feira para efetuar o pagamento das seis primeiras parcelas ou nos dar sua posição, caso contrario estaremos iniciando o processo de despejo. Tenha um bom dia!”.
Erika fez uma cara de raiva, tomou um gole de leite e ouviu o próximo recado.
“Oi, aqui é o Eduardo, vou ser bem rápido, quero minha TV, os discos do Smiths e do Cult de volta, tudo para amanhã sem falta, certo? Tchau.”.
Nesse momento, Erika pausa a fita antes de começar outro recado, volta ao quarto, arranca a televisão de cima da mesa e, num único movimento, a arremessa pela janela e a observa cair do 10º andar e chocar-se contra o chão. Voltou a cozinha e apertou o botão “play” da secretaria.
“Hum?, que telefone é esse?, ou droga, liguei errado, desculpe”
- Otário... – disse a garota que agora mastigava um velho pedaço de pizza que estava na mesa.
“Dona Érika, meu nome é Carlos, sou assassino profissional. Se precisar de meus serviços, meu telefone é...”
Érika aperta o botão para o próximo recado.
“Alô, aqui é do Hospital Geral. Estamos ligando para avisar a senhorita Erika Monzano que seu noivo Eduardo Figueiredo sofreu um grave acidente de moto esta tarde e foi preciso fazer uma operação de emergência, na qual ele não resistiu. Ele faleceu as 21hs. Meus pêsames.”
Com um sorriso sarcástico, Erika anda até a janela do quarto e, mais uma vez olhando para os restos da televisão e diz:
- Droga perdi uma televisão novinha!!!
6 de abril de 2008
O pensamento e as sementes do mal
Não digo apenas pensar sobre coisas simples, como que eu faria na manhã seguinte, mas pensar e progredir, como o que eu faria na manhã seguinte, caso essa fosse minha ultima manhã.
Meus pensamentos dirigiam minha vida. Guiavam minhas atitudes por todos os caminhos em que me encontrava, como uma espécie de plano b que sempre estava ali presente, talvez sendo mais plano a do que b, já que minhas decisões sempre se entregavam a isso.
Essa estranha habilidade de pensar, combinada com meu desejo tantas vezes caótico em imaginar as coisas diferentes, me deu o que costumo chamar de sementes do mal.
Todos os acontecimentos de minha vida, tanto aqueles de que tinha controle até os que invariavelmente não dependiam sequer de um movimento de minhas mãos passavam por uma espécie de filtro em minha cabeça, onde eu designava todas as possibilidades para tal fato ter ocorrido. Não que, dessa forma, eu virasse um adivinho ou algo do tipo, mas sim conseguisse analisar cada ocorrência como uma terceira pessoa a olhar, de fora, como uma sombra vê a arvore se modificar em contato com o mundo.
Da mesma forma muitas dessas analises não tinham tendências muito positivas, tendo sempre certo grau de negativismo associado ao pragmatismo. Dessa forma eu tentava me proteger e ver sempre o lado bom.
Em minha cabeça as coisas funcionavam como ter o lado ruim para ver o lado bom, mas nunca me veio ao pensamento a possibilidade do contrario, do ter o bom e ver o ruim, como uma certa indiferença pelo fato de finalmente tudo começar a dar certo.
Como se minha mente tivesse associado que era preciso errar para aprender e que o acerto era uma fuga da necessidade de aprender, era uma tentativa baseada em sorte para algo quer no futuro viria a dar errado, como numa espécie de lei de Murphy vivenciada.
Meus pensamentos, aos poucos se transformavam em uma arma contra mim mesmo, onde eu evitava aos outros por medo de acertar, evitava até a mim mesmo. Minhas sementes do mal começavam a brotar pouco a pouco em meus olhos e tornar-se cada vez maior, e o grande final veio na forma de um engano.
Pelo meu caminho encontrei pessoas que, assim como eu, também tinham essa estranha habilidade mais aflorada, e o contato com elas me fez perceber o quanto era perigoso essa arma que tínhamos a nossa disposição, pois ao mesmo tempo em que levantamos possibilidades para as coisas que ocorrem, ou seja, quando buscamos analisar a fundo cada acontecimento para tentar descobrir seus porquês, logo acabamos julgando tudo e todos os envolvidos, e como eu disse, a verdade que vem a tona dificilmente será algo positivo pela necessidade que muitas vezes temos de acreditar em algo ruim.
As sementes do mal então projetavam enganos nucleares, capazes de terminar com quaisquer possibilidades positivas e até com sentimentalismos. De uma hora para outra, me vi disparando todas as minhas armar ao encontro de projeteis disparados por outros, e entre mortos e feridos, agora tenho imenso prazer em dizer, me feri sim, mas sai ganhando. Aconteceu algo ruim, e o oposto logo me apareceu, pois o lado bom viria em breve.
Hoje, tendo percebido a forma como as sementes do mal agiam, tenho plena certeza de que tenho meus pensamentos e meus desejos sobre controle, tanto que é devido a esse controle que a muito não consigo escrever nem ao menos um parágrafo sobre o que vejo e o que vivencio, mas aprendi que posso aprender com os erros, sem esperar que eles afetem minha vida para tomar alguma atitude.
Um dia vi em um muro da cidade uma frase pintada a spray preto que dizia: Antecipe a próxima jogada.É isso o que tenho feito desde o fim das sementes do mal.
4 de abril de 2008
Anjos no telhado...
E qual não foi minha surpresa ao perceber um som estranho vindo do telhado, como passos de criança nas telhas molhadas pela chuva fina que encobria a lua.
Espantado, pensei em sair de casa, ver quem se atrevia a subir no telhado e fazer aquele barulho estranho no meio da noite. Podia ser qualquer coisa, desde os pombos que procuravam um lugar seguro para dormir até os gatos que se aventuravam pela noite, mas não, sabia que era alguém, que era aquela estranha pessoa que todas as noites aparecia em meus sonhos para me mostrar pedaços daquele imenso paraíso escondido por detrás da escuridão de nossas mentes.
...- Abra a janela...
Aquela voz, cantando em minha cabeça, pedindo para que apenas abrisse a janela para que pudesse entrar e dançar aquela musica comigo e ir embora.
Mãos quentes, olhos brilhantes em meio a escuridão corrompida apenas pela frágil luz das velas sobre a mesa, voz doce, delicada, cabelos de cor indecifrável, magnéticos, tocando meu rosto enquanto dançávamos.
E dizia:
- As vezes nós caímos lá de cima. As vezes conseguimos esticar a mão para tocar suas almas e as vezes conseguimos estar tão próximos que somos apenas um. As vezes caímos de suas mentes para a realidade, mas estamos sempre dentro de vocês, sempre com vocês.
Acordei na manhã seguinte, havia dormido como a muito não o faço, e no quarto ainda existia aquele breve perfume adocicado que toda flor sonha em ter, e em minha mente a voz ecoava...
- As vezes caímos lá de cima...
28 de março de 2008
Isto está começando a doer de verdade (parte 3)
Pondo na boca, parou um segundo até sentir o sabor doce se espalhar pela língua. Agora era a hora para o segundo movimento.
Sacou de outro bolso o pacote de cigarros, finos, suaves e logo acendeu um. Puxou ar com os pulmões forçando a primeira tragada, para que o cigarro iniciasse sua destruição.
Malditos, pensou ele, pois colocam açúcar na ponta para que se tenha a sensação de doçura ao se matar. Mas não era assim o leve sabor da morte? Tão doce, suave, sereno? Sim, era assim que tinha de ser, e uma hora isso iria doer de verdade.
Então o processo estava finalizado. Ouvia o queimar do papel, seus leves estalidos a cada puxada de fumaça para dentro dos pulmões. E como se não bastasse a doçura do cigarro, a doçura da pequena bala que pretejava e diminuía, a tontura provocada a cada trago, vinha a certeza de estar sozinho, ou pelo menos o bastante para se deliciar com sua decadência.
27 de março de 2008
Isto está começando a doer de verdade (parte 2)
O mundo girava, e ele sabia disso, por mais que sua cabeça cheia de álcool tentasse transformar sua percepção da realidade em algo totalmente surreal.
Era uma vaca vermelha com bolinhas azuis atravessando a escuridão? Não... certamente que não.
Sozinho, como sempre, e preso naquela cadeira que cismava em atraí-lo toda quarta-feira de folga, para que observasse calmamente o movimento das prostitutas rua acima, chamando táxis para mais uma festa particular. Para os que pagavam, é claro.
Mas o que o incomodava era o fato de estar preso naquela cadeira, de não se mover, de saber que tinha muito mais capacidade para mudar seu próprio destino do que fingia saber.
A grande realidade era que talvez ele quisesse se manter preso a aquela realidade mórbida de trabalhar para seu próprio sustento, sem ter interesse em qualquer outro assunto que não fosse trabalho. Vivia para trabalhar e trabalhava para viver. Estava bom assim.
Por quanto tempo?
Por quanto tempo aquela cerveja gelada o manteria preso ao calor da cadeira, sem que ele tomasse conta da realidade do mundo e de sua própria vida?
Por quanto tempo toda aquela situação iria amortecer o peso que carregava em suas costas e que um dia o faria sofrer?
26 de março de 2008
Série - Isto está começando a doer de verdade
É quase como uma segunda verdade incontestável, pois assim como um dia a morte virá, um dia sentiremos dor, de alguma forma, e o que é mais engraçado é que da mesma forma iremos um dia causar dor a outras pessoas, como uma reação.
Então, sem mais delongas, ai vai o primeiro dos textos. Enjoy!
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- Isto está começando a doer de verdade
Já faziam algumas boas horas e ele continuava ali, jogado no canto mais escuro e úmido do pequeno quarto, sua cela particular, como seus seqüestradores disseram no momento em que retiraram a venda que cobria seus olhos.
Seus pulsos estavam presos por um par de algemas impiedosas, que rasgavam sua carne a qualquer principio de movimentação que ele ousasse iniciar. As costas estavam arqueadas para a frente, como quem tenta cheirar o chão em que está jogado, como um corcunda, direto dos filmes de holywood, apresentados sob a fina escuridão de uma caverna abaixo de Notredame.
"Existe mais coisas entre o céu e a terra..."
Eis que ele era minha valvula de escape, um baú para frustrações e outros sentimentos que me atacavam em série naqueles tempos dificeis.
Mas algo aconteceu.
"Ele ganhou dinheiro/Ele assinou contratos/E comprou um terno/Trocou o carro/E desaprendeu a caminhar no céu/E foi o principio do fim"*
E foi assim que, por um infortunio, o vortex caiu no vortex! É claro que outros fatores, como a falta de internet disponivel todos os dias ao acance de minhas mãos, foi decisivo, mas a verdade incontestavel é que eu havia desistido desse movimento filosófico ao qual iniciei naquela época.
Agora, muito tempo após pausar minhas atividades cerebrais, resolvi voltar e trazer o vortex de volta a realidade.
Um motivo para isso tudo? Varios!
-Liberdade, Igualdade, Fraternidade! (1º deles)
-O que existe por detrás das sombras na caverna de Platão? (2º)
-Se eu não viver minha vida agora, quem viverá ela por mim?(3º)
-Tostines é fresquinho porque é mais gostoso, ou gostoso porque é mais fresquinho?(4º)
Sabe, eu brinco, mas as mudanças que ocorreram realmente me trouxeram de volta pra vida. Eu precisava disso, e o Vortex também!
Portanto, sejam bem vindos ao Vortex!